Globo apela à pior final de todas as Copas.120 longos minutos de 0 a 0
Brasil e Itália fizeram uma decisão fraca. Calor de 39 graus se somou a dois times defensivos. O tetra veio nos pênaltis. E Dunga xingou ao levantar a taça
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
"Eu gosto de ver jogo que tem gol.
"Quando não tem gol é fo.."
As frases são de Romário, perguntado pela Folha de São Paulo, se assistirá ao replay da final da Copa de 1994, que a Globo exibirá amanhã, às 16 horas.
Executivos globais seguem desesperadamente buscando jogos para compensar os patrocinadores, Ambev, Casas Bahia, Chevrolet, Hypera Pharma, Itaú e Vivo. Eles dividem R$ 1,8 bilhão para bancar o futebol em 2020.
A emissora carioca precisa pagar 65 transmissões.
Com a pandemia, a situação está ficando muito complicada.
A Globo já mostrou há duas semanas, Brasil e Alemanha, final da Copa de 2002. Foram 21 pontos.
Já foi ligado o sinal de alerta.
A expectativa era de audiência muito maior na emissora.
Houve o silêncio característico quando as coisas não estão muito boas pelo Jardim Botânico, no Rio.
Aí, veio o domingo passado.
Goleada escolhida com gosto.
Brasil 4 a 1 diante da Argentina, na final da Copa das Confederações de 2005. O time que provocaria frustração da Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, não empolgou.
A audiência foi de apenas 14 pontos.
Seguindo a tendência de mostrar momentos vitoriosos do Brasil, para tentar levantar a moral baixa com o isolamento e várias outras situações preocupantes no país, a escolha foi a final da Copa do Mundo de 1994.
É considerado, por muitos críticos esportivos, como a pior decisão de um Mundial.
Brasil e Itália jogaram 120 minutos não conseguiram marcar um gol sequer.
Jamais na decisão de uma Copa, o 0 a 0 durou tanto tempo.
A vitória da Seleção veio nos pênaltis, por 3 a 2. Romário, Branco e Dunga marcaram. Márcio Santos errou. Pela Itália, Albertini e Evani marcaram. Taffarel defendeu a cobrança de Massaro. E Baresi e Baggio, com distensão, cobraram por cima, para fora.
Eu estava em Pasadena, no estádio Rose Bowl, no subúrbio de Los Angeles. Cobria a Copa pelo Jornal da Tarde. A partida começou ao meio-dia, horário imposto pela Fifa para agradar a Europa.
O time de Parreira: Taffarel (Reggiana-ITA), Jorginho (Bayern München-ALE) depois Cafu (Roma-ITA) aos 21', Aldair (Roma-ITA), Márcio Santos (Bordeaux-FRA) e Branco (Fluminense-RJ);
Mauro Silva (Deportivo-ESP), Dunga (Stuttgart-ALE), Mazinho (Palmeiras-SP) e Zinho (Palmeiras-SP) depois Viola (Corinthians-SP) aos 106'; Bebeto (Deportivo-ESP) e Romário (Barcelona-ESP).
A Itália: Gianluca Pagliuca, Antonio Benarrivo, Roberto Mussi (Luigi Apolloni) aos 34’, Franco Baresi e Paolo Maldini; Demetrio Albertini, Dino Baggio (Alberigo Evani) aos 95’, Nicola Berti e Roberto Donadoni; Roberto Baggio e Daniele Massaro. Arrigo Sacchi era o técnico.
O calor senegalesco de 39 graus fez a partida irritantemente lenta. Além disso, o Brasil de Parreira era um time previsível, amarrado no 4-4-2. Muita marcação, especialista em contragolpes.

A Itália de Sacchi estava esgotada fisicamente. E, também sonhando com um contra-ataque perfeito, deixou a iniciativa para o Brasil. Atuava no 4-5-1, alternando para o 4-4-2.
Romário, melhor jogador da Copa, esteve irreconhecível, tenso, afobado. Perdeu três chances claras de gol.
A perspectiva dos jornalistas brasileiros que estavam comigo no Rose Bowl, acompanhando o jogo, era que os dois times esperavam a decisão por pênaltis.
O medo de sofrer gol era gritante, tanto no Brasil como na Itália.
O único lance interessante foi um chute despretensioso de Mauro Silva, no segundo tempo da prorrogação. Pagliuca, goleiro italiano, tentou encaixar a bola, ela escapou, de forma bizarra, e bateu na trave direita. Pagliuca beijou sua luva direita e acariciou a trave.
Dunga foi o único capitão de seleções campeãs a levantar a taça xingando jornalistas, fotógrafos.
Puro rancor pelas críticas do fraco futebol do time de 1994.

A Globo terá trabalho para editar o jogo, tentando torná-lo atraente.
Vale a pena colocar a opinião de um dos maiores gênios do futebo de todos os tempos sobre a final.
“A partida foi ruim e não vale a desculpa de que dificilmente em uma final se pode ver bom futebol.
"O que acontece é que o Brasil jogou demasiadamente preocupado com seu rival e em nenhum momento conseguiu impor seu domínio de bola."
Johan Cruyff, colunista da Folha, na Copa de 1994.
Outra opinião marcante.
"Taticamente, a Seleção Brasileira encerrou sua participação na Copa devendo alguma coisa. Jogou da mesma maneira, do primeiro ao último dos 600 minutos disputados."
Telê Santana
Agora, as palavras sinceras de quem ganhou.
"O que as pessoas não entendem no Brasil é que a fantasia, a magia, o sonho e o show acabaram no futebol.
"Agora, o importante é ser competente."
Carlos Alberto Parreira, técnico tetracampeão.
Parreira foi brilhante na análise do time que montou e venceu o Mundial dos Estados Unidos.
Ele não teve fantasia.
Nem magia ou sonho.
Muito menos, show.
Para culminar a chatice dos 120 minutos de 0 a 0, haverá também a histeria de Galvão Bueno, berrando "é tetra, é tetra", abraçado a Pelé, que foi comentarista da Globo, com sua gravata com as cores da bandeira norte-americana, para agradar seus patrocinadores pessoais e o país que o fez rico, no final da carreira.
Galvão foi flagrado reclamando veementemente de Pelé, por 'falar demais'. E confessava que desligava o microfone do melhor jogador de todos os tempos.

Mas Pelé, quando percebia, ligava de novo.
Brasil e Itália fizeram, em 1994, a pior final de Copa.
A mais modorrenta, chata de todas as 20 que já aconteceram desde a primeira, em 1930.
Quem adora 0 a 0 vai se esbaldar...
Memes: falta de futebol deixa internautas 'doentes' de saudades
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A pandemia de coronavírus fez com que o futebol parasse quase que no mundo inteiro. No Brasil, onde o esporte é uma grande paixão, os torcedores parecem já não saber o que fazer para superar a ausência. E essa saudade tem rendido bons memes e brincadeiras nas redes sociais. Relembre algumas delas: