Fracasso do São Paulo na final da Sul-Americana. Efeito principal pode ser a saída de Ceni. 2 a 0, fácil, para o Independiente del Valle
Enorme decepção a maneira com que o time de Ceni foi envolvido pelo Independiente del Valle. A estratégia equatoriana venceu, com facilidade. 2 a 0, em Córdoba. Dez anos sem conquistas internacionais do São Paulo
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Acabou o sonho.
E de forma constrangedora.
A estratégia venceu a vontade.
O São Paulo perdeu a final da Copa Sul-Americana. Caiu diante do Independiente del Valle, por 2 a 0, gols de Lautaro Díaz e Faravelli, o melhor em campo.
Calleri e Diego Costa diante da derrota acabaram expulsos.
E mais de 10 mil são paulinos frustrados, na Argentina, xingavam o presidente Julio Casares. Eles perceberam o quanto o elenco que veste a camisa tricolor é fraco.
O time de Rogério Ceni mostrou toda a limitação que o técnico cansa de falar para o presidente Julio Casares. O elenco é pequeno e formado de jogadores medianos, nada além disso.
A equipe que sempre sofreu contra equipes fortes, bem montadas, caiu novamente.
Somou mais um ano, dez, sem conquistas internacionais.
2022 é uma temporada de jejum para o clube tricampeão mundial. Não conseguiu título algum. E ainda, depois da derrota de hoje, só tem o Brasileiro para tentar disputar a Libertadores de 2023. Está dificílimo.
Além disso, a derrota pode até afetar a continuidade de Rogério Ceni no Morumbi. Ele quer uma equipe forte na proxima temporada. Casares avisou que, para isso, o São Paulo precisaria ser campeão da Copa Sul-Americana e disputar a Libertadores de 2022.
Mas o time fracassou na Argentina.
O primeiro tempo começou de forma assustadora para o São Paulo.
O time de Rogério Ceni entrou muito tenso, nervoso demais. Tentando resolver a final nos primeiros minutos. Estava claro, desde os primeiros minutos, o quanto o treinador convenceu seus atletas da necessidade do título, para o futuro do clube.
Mas faltava consciência tática, porque, apesar de Ceni prender Igor Vinícius e Reinaldo, o Independiente del Valle, de Martín Anselmo, entrou com três zagueiros e seis jogadores nas intermediárias. E apenas Lautaro Díaz na frente.
O São Paulo, no tradicional 4-4-2, levava nítida desvantagem. E a ansiedade logo se tornou falta de confiança. A troca de passes do time equatoriano logo tratava de explorar os espaços entre os volantes e a zaga brasileira.
Com muita movimentação do meio para a frente, o Independiente del Valle era muito mais objetivo do que o afobado São Paulo.
E foi letal aos 12 minutos.
Diego Costa, escolhido capitão por Rogério Ceni, para premiar os jovens jogadores nascidos em Cotia, falhou feio. Errou ao tentar dar um chutão. A bola foi parar no técnico Faravelli, que enfiou a bola nas costas da desarrumada zaga. Lautaro Díaz não perdoou. Bateu forte, cruzado, Felipe Alves ainda raspou na bola, mas ele foi para o fundo das redes.
Independiente del Valle 1 a 0.
E o São Paulo teve muita sorte, porque os jogadores brasileiros colocaram toda a tensão à mostra, não conseguindo travar a posse de bola, as tabelas e as infiltrações do time equatoriano. O Independiente criou chances para ampliar, "matar" a decisão ainda no primeiro tempo.
Na melhor delas, Sornoza, ex-Corinthians, teve todo o espaço na entrada da área e bateu muito bem na bola. Felipe Alves tocou com as pontas dos dedos e a bola beijou sua trave esquerda.
Ceni percebeu a pane e mandou seu time comprar a briga. E explorar o óbvio. Seu ponto mais forte. O lado esquerdo. O treinador cortou as amarras inexplicáveis de Reinaldo. Ele e Patrick começaram a forçar tabelas e infiltrações. Mas, na hora das finalizações, faltou precisão.
Luciano, outra vez, estava desaparecido em um jogo decisivo. Lento, sem agilidade, facilmente anulado.
Calleri lutava muito, dividia, incendiava a área equatoriana.
Mas imperdoável foi o São Paulo ser "surpreendido" pelos avanços coordenados da zaga equatoriana, para deixar o ataque brasileiro impedido. Foram nada menos do que sete impedimentos, só no primeiro tempo. Situação que beirava o amadorismo.
Mas a volúpia do time de Ceni fazia nascer, falsamente, a esperança.
No segundo tempo, o São Paulo começou com o time adiantado, para sufocar o Independiente del Valle, como se fosser uma equipe pequena no Morumbi.
Até criou chances pelos ataques em bloco.
Só que Ceni sentiu na pele o quanto não estava jogando contra um time qualquer. Contra suas linhas avançadas, o Independiente del Valle mostrou o quanto é bem treinado. E traiçoeiro.
Por trás da zaga, em jogada ensaiada, apostando no desespero são-paulino. Lautaro Díaz serviu Faravelli livre, diante de Felipe Alves, o toque fatal, para as redes, foi aos 12 minutos.
2 a 0.
A partir daí, o São Paulo perdeu toda a estrutura tática.
E virou um bando.
Com os jogadores tentando na marra descontar o placar.
A irritação começou a tomar conta dos jogadores do São Paulo. Não havia como vencer a organização, a estratégia.
A saída constrangedora foi provocar expulsões, atacando os jogadores do time equatoriano. Calleri e Diego Costa acabaram deixando ainda maior o fracasso.
Agora, o São Paulo, em 12º no Brasileiro, tentará, em dez jogos, tirar 7 pontos de desvantagem em relação ao grupo que disputará a Libertadores.
Se não conseguir, Ceni já acenou várias vezes, poderá ir embora.
Ele quer uma grande equipe para comandar.
Sem Libertadores, a direção do São Paulo já avisou que não terá grandes investimentos.
O técnico não quer passar por tantas dificuldades em 2023, como passou neste ano.
Mesmo com um elenco limitado, chegou a duas finais.
Por mais que seja ídolo, Ceni não quer passar por tanto sofrimento de novo.
A decisão de hoje foi o retrato claro do potencial limitado do time no Morumbi.
Dos atletas que vestem a camisa tricampeã do mundo...
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