Flamengo transformou Itaquera no Maracanã. Partida desastrosa do Corinthians. Só um milagre para sobreviver na Libertadores
Com todo espaço que sonhava, o time de Dorival Júnior venceu por 2 a 0, em plena Itaquera. Conseguiu vantagem fabulosa no duelo pela semifinal da Libertadores. Arrascaeta e Gabigol marcaram
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O Corinthians cometeu pecado mortal.
Foi frouxo na marcação contra o Flamengo.
Pagou caríssimo.
Era como se a arena de Itaquera tivesse se transformado no Maracanã.
O time de Dorival Junior teve o que mais gosta: espaço para tocar a bola e envolver o adversário.
E conseguiu chocar, calar a torcida corintiana, desnorteada pela superioridade rubro-negra.
Para sobreviver na Libertadores, o Corinthians será obrigado a uma virada histórica, na partida decisiva das quartas de final, no Rio de Janeiro.
Porque, hoje, o Flamengo venceu com autoridade, personalidade, talento. E uma vantagem enorme diante do rival. Vitória mais do que merecida por 2 a 0. Gols de Arrascaeta e Gabigol.
Foi incrível como Arrascaeta e Everton Ribeiro tiveram toda a liberdade para articular, driblar, acionar o ataque do Flamengo. Du Queiroz, Fausto Vera e, principalmente, Cantillo foram péssimos, marcando à distância, com muito respeito. Eles se mostravam assustados, intimidados. Graças à ineficiência do trio, o Corinthians acabou dominado, encolhido, no seu próprio estádio.
Vítor Pereira tem a inteira responsabilidade pelo desastre de hoje. O treinador não agiu, mesmo diante do enorme domínio flamenguista, desde o início da partida. Em compensação, o plano tático de Dorival Júnior deu mais do que certo. Com sua equipe tendo uma atuação de gala, digna de 2019, com Jorge Jesus no comando.
O Flamengo foi eficiente e cruel. Dominou completamente o adversário.
A desculpa do primeiro gol do Flamengo chega a ser constrangedora.
Cantillo, que fazia seu centésimo jogo com a camisa branca e preta, teve uma falha bizarra, na saída de bola. Foi travado por Arrascaeta, a bola tocou no braço de João Gomes, que estava recolhido, lance normal. Em seguida, o uruguaio acertou o ângulo de Cássio. Gol legal, aos 36 minutos do primeiro tempo.
De acordo com a regra, se a bola tocar no braço de maneira involuntária e ele estiver junto ao corpo de um atleta e virar "assistência involuntária", o gol tem de ser validado. Só se a bola tocar no braço de quem marca, mesmo se for também de maneira involuntária, aí o lance tem de ser anulado.
Mesmo que não fosse legal, o Corinthians não tinha o direito de não reagir. Não marcar forte o Flamengo, não atacar em bloco, para tentar empatar, virar o jogo.
O Corinthians não conseguiu reagir, por conta da maneira espaçada com que foi montado. E da intimidação dos seus volantes, que contagiou o time todo. Fora, lógico, da noite inspirada do Flamengo, montado de maneira letal, vibrante, intensa.
O "segredo" de Dorival Junior foi montar o Flamengo para atuar com coragem, sem se encolher, sem lutar por um suposto 0 a 0. Nada disso. Os cariocas entraram para lutar pela vitória. Mesmo que com isso desse chances em lances esporádicos ao Corinthians. Para defesas firmes de Santos.
Parecia que era o Corinthians que atuava fora de casa. Vitor Pereira montou seu time no 4-5-1, com Gustavo Mosquito e Adson mais preocupados em marcar do que atacar. Com Yuri Alberto isolado na frente, sozinho, contra a zaga flamenguista.
Aos poucos, Dorival e seus jogadores perceberam o receio corintiano. E foram impondo o tradicional 4-4-2. João Gomes e Thiago Maia conseguiram dar sustentação para que Everton Ribeiro e Arrascaeta dominassem as intermediárias, desprezando a frágil, respeitosa marcação corintiana.
Pedro e Gabigol se mexiam muito, abrindo espaço, confundindo o sistema defensivo corintiano, que já estava exposto, pelo péssimo trabalho dos seus volantes.
O que já estava péssimo ficou insuportável depois do primeiro gol, aos 36 minutos. Ao ver o chute de Arrascaeta entrar no ângulo, os jogadores corintianos perderam a mínima confiança que tinham.
Vítor Pereira fez sua troca obrigatória. Tirou Cantillo e colocou Giuliano. Mas nada mudou. Ou melhor, ficou bem pior, quando Rodinei invadiu pela direita e descobriu Gabigol com espaço. O atacante bateu sem chance para Cássio. 2 a 0.
Era o pesadelo tornando-se realidade em Itaquera. Os 4.000 torcedores do Flamengo faziam a festa, enquanto os torcedores corintianos ficavam atônitos, travados pela impotência do time. Nem parecia que estava em jogo a chance de chegar à semifinal da Libertadores.
Vencendo por 2 a 0, o Flamengo não fez o que 99% das equipes brasileiras fazem, quando estão em vantagem diante de um grande adversário, fora de casa. Dorival Junior exigiu que o time não recuasse. E buscasse marcar mais gols.
Cássio teve de fazer grandes defesas, diante da blitz rubro-negra. Graças a ele, o Corinthians manteve o mínimo de esperança para a próxima terça-feira, no jogo decisivo, no Maracanã.
"Era um jogo de detalhe. Tomamos um gol que bateu na mão, mas não sei da regra para falar com propriedade. O gol no começo do segundo tempo dificultou ainda mais, pois precisamos correr atrás. Foi o resultado que não queríamos, mas não faltou entrega e motivação. Era jogo grande, difícil explicar o resultado", disfarçava Cássio, diante do péssimo futebol do Corinthians.
O time não perdia havia seis meses em Itaquera.
Mas hoje, na mais importante partida, perdeu.
E o sonho de conquista da Libertadores está por um fio.
O Flamengo merece todo favoritismo para ficar com a vaga.
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