Marcos Braz sendo protegido por seguranças do shopping depois da agressão ao entregador. Vexame
Reprodução/TwitterSão Paulo, Brasil
Situação bizarra, lastimável.
O vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, foi flagrado, em vídeo, dando socos, pontapés e, segundo o agredido, Leandro Campos, até mordida na virilha do entregador.
O dirigente e vereador não bateu sozinho.
No vídeo, seu segurança particular também agride Leandro.
Braz estava no Barra Shopping, um dos mais elitizados do Rio de Janeiro, na loja especializada em joias exclusivas, personalizadas, Pandora.
Tinha ido comprar um presente para sua filha, que completava 15 anos.
Ele fez questão de ir, mesmo tendo sessão na Câmara do Rio.
Não levou em conta a decepcionante temporada vivida pelo Flamengo, perdendo Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana, Mundial, Carioca, Libertadores, sem chances no Brasileiro. E fracassando na primeira partida, em casa, no Maracanã, contra o São Paulo.
Fez o que recomenda aos jogadores não fazer: se expor em lugares públicos em momentos delicados.
O dirigente, que já é muito questionado na Gávea, foi protagonista da terceira cena de violência envolvendo o Flamengo nos últimos dois meses.
Em julho, o preparador físico Pablo Fernández deu um forte soco no rosto de Pedro, depois da partida contra o Atlético Mineiro. Fernández foi demitido.
Em agosto, durante um treinamento, Gerson acertou violento direto em Varella. O uruguaio quebrou o nariz.
Braz, que foi muito xingado na derrota do Flamengo para o São Paulo, decidiu ir ao shopping ontem. Sua filha completa hoje 15 anos. E ele iria comprar uma joia para ela.
Foi provocado por uma dupla de torcedores que o viu entrar na Pandora.
Um vídeo mostra as provocações.
“Aí, Marcos Braz, chega aí, nós somos torcida Jovem, dar um papo em tu, bagulho não está maneiro, não. É cobrança, isso aqui é Flamengo. Maior bagunça, tu comprando Pandora, maior desenrolo para ir para jogo, ingresso caro. Como é que a gente vai para São Paulo agora? Nós somos torcedores, isso aqui é Flamengo. Está certo o que você está fazendo? Isso aqui é cobrança", disse o primeiro torcedor.
“Ele não vai fazer nada? Não vai tomar atitude? Os caras andando em campo. Sampaoli? Qual é, Marcos Braz, leva a sério o bagulho. Isso que você está fazendo é sacanagem com a nossa cara. 26 milhões [de reais, a renda do jogo de domingo passado] que arrecadou para quê? Vir aqui na Pandora? Nós somos povão, você está atrás da gente", cobram.
“O que você está fazendo é sacanagem. A gente vai para São Paulo sem um puto, sem nenhum ingresso, a gente ama o Flamengo. Tem que mandar o Sampaoli meter o pé, Gabigol é outro. Isso aqui é só uma ideia para as coisas não piorar", completou.
A postura de Marcos Braz vem sendo criticada. Desde que o Flamengo venceu a Libertadores, em 2022
Divulgação/FlamengoO clima teria ficado ruim por muito tempo na joalheria.
Foi quando Leandro Campos percebeu o que acontecia e também decidiu cobrar o dirigente.
A partir daí há duas versões.
A do entregador, que "apenas teria cobrado e xingado" o dirigente.
E a de Marcos Braz, que diz que Leandro o teria ameaçado de morte.
Daí, a lastimável agressão.
Socos e pontapés são vistos em vídeo filmado por pedestres.
E a suposta mordida na virilha.
A briga, que poderia custar o cargo de Braz, por expor a imagem do Flamengo, foi perdoada no final da noite de ontem. Com apoio do presidente Rodolfo Landim, que comprou a ideia de que Marcos Braz foi "vítima".
O vice-presidente geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee, foi à 16ª Delegacia de Polícia do Rio, onde Braz e Leandro Campos foram dar suas explicações sobre o que aconteceu no Barra Shopping.
E fez questão de dar entrevista, mostrando oficialmente a posição da direção.
Para os dirigentes, tudo foi premeditado.
Braz não será demitido. Não pedirá demissão. Segue fime, bancado pelo grupo que apoia Landim
Reprodução/Twitter"Marcos Braz foi envolvido numa perseguição, uma coisa premeditada. Há dois dias, uma torcida organizada disse que ia perseguir dirigentes e atletas do Flamengo, e a própria torcida, que falou que ia fazer, fez. Foi lá, o Marcos Braz estava com a filha dele, em uma situação totalmente constrangedora", disse o também cartola.
"Foi ameaçada a vida dele, na frente da filha dele. Ele tomou uma reação, vocês conversem com ele, com certeza ele se sentiu muito ameaçado e acabou reagindo", completou.
"Mas ele é a vítima dessa história. Ele vai correr atrás dessas pessoas, a polícia vai correr atrás dessas pessoas. Esse tipo de coisa, ameaça, perseguição, não pode acontecer. É crime", acrescentou.
Foi essa a versão que Marcos Braz sustentou. Enquanto Leandro Campos negou e garantiu ter recebido socos, pontapés e a mordida.
Os dois se submeteram a exame de corpo de delito, no IML.
O dirigente flamenguista teria machucado o nariz.
Todo esse caos chegou até os jogadores, que estão em Goiânia para enfrentar o Goiás.
A reação foi de preocupação, já que as organizadas do Flamengo prometeram cobrar os atletas, exigindo concentração total para a final da Copa do Brasil.
A situação foi vexatória.
E mostra o amadorismo e a arrogância que dominam a atual direção do Flamengo.
O clube pode ser até campeão no Morumbi. Por conta dos seus valores individuais, se Sampaoli revir seus conceitos.
Mas não pela diretoria.
Cujo trabalho em 2023 é fraquíssimo.
A começar pela não renovação de Dorival.
E a contratação de Vítor Pereira...
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