Flamengo joga mal, perde. Mas está na semifinal da Libertadores, graças a Rossi. Goleiro defendeu dois pênaltis. Se vingou do Estudiantes, clube que o desprezou
Foi um sufoco. O Estudiantes travou o milionário elenco do Flamengo. Foi muito mais objetivo. Venceu a partida por 1 a 0. A decisão foi para os pênaltis. E Rossi brilhou. Defendeu duas cobranças e eliminou seu ex-time. Adversário, na luta pela final, será o Racing, também argentino

Em 2015, Rossi foi comprado pelo Estudiantes.
Ele começou no pequeno Chacarita.
Era uma ‘aposta para o futuro’.
Mas a direção do clube não bancou essa aposta de verdade.
Ele só conseguiu atuar três vezes no time principal.
Ficou relegado ao sub-23.
Foi há dez anos.
Ele atuou em vários clubes: Defensa y Justicia, Boca Juniors, Antofagasta, Lanús, Al-Nassr até chegar ao Flamengo.
Ele teve ontem, pela frente, o clube que não lhe deu oportunidade.
E diante da torcida do Estudiantes, que não pôde tê-lo como ídolo.
Valia uma vaga para a semifinal da Libertadores.
Rossi viu o Flamengo, de Filipe Luís, não funcionar como time. Foi travado pela competitiva equipe de Eduardo Domínguez, montada para lutar pelo título da Libertadores.
O sonho era repetir a tradição do clube tetracampeão da competição, quando era uma potência financeira na Argentina. Em 1968, 1969, 1970 e 2009.
Com menos posse de bola, o Estudiantes mereceu vencer o jogo, por 1 a 0, e igualar a situação das quartas. O Flamengo havia superado a equipe argentina no Maracanã por 2 a 1.
O gol do Estudiantes provocou muita irritação de Rossi.
Mesmo Benedetti chutando livre e muito forte, o goleiro acreditou que falhou.
" Fiquei na bronca pelo gol sofrido. Foi um chute que foi rápido, mas eu me cobro muito e sei que errei. A bola foi mais rápida que o esperado. Fiquei muito arrependido por conta do gol. Mas a posição de goleiro é assim.
“Hoje tive a possibilidade de errar no jogo, mas garanti a classificação do time. Todos fizeram muito esforço e criaram chances. Meus companheiros bateram bem os pênaltis. Essa vitória é de todo mundo e sai todo mundo feliz.”

Ele vibrou como se fosse um título as defesas dos pênaltis, do próprio Benedetti e de Ascacíbar.
Filipe Luís revelou que Rossi prometeu que iria compensar o erro no chute de Benedetti, na decisão por pênaltis.
“Olha, deixa comigo. Eu errei antes e vou classificar a gente agora.”
E foi o que fez.
Filipe Luís vibrou com a classificação.
Mas não gostou do tom de cobrança dos jornalistas, na sua entrevista coletiva.
Não gostou de ouvir o óbvio.
Seu time jogou mal.
Mas o treinador não quis admitir.
“Foi um jogo muito difícil, nosso adversário fez um sacrifício imenso na parte defensiva. Todos os jogadores se envolveram muito na defesa. Eles nos induzem muito a sair por dentro para sair no contra-ataque.
“Ao mesmo tempo que cedem espaços, aproveitam as perdas de bola e isso gera frustrações, que o time se parta muito durante o jogo, principalmente a forma que eles têm de atacar, que é com bolas longas no atacante e jogo por fora.
“Esse tipo de jogo não é fácil, é difícil jogar quartas de final da Libertadores. Talvez as manchetes de amanhã serão “Flamengo passa, mas...”, sempre tem o “mas”, mas a manchete é só uma: “O Flamengo está na semifinal”. A eliminatória tem 180 minutos, passamos nos pênaltis e, se passamos, merecemos passar.
“Sou muito grato. Desde 2019, vivi coisas incríveis e sinto que esse clube é especial e a sinergia que tenho aqui faz eu viver emoções incríveis. Estou feliz por passar de fase.”
Filipe Luís não quis admitir.
Se não fosse por Rossi, o Flamengo estaria eliminado.
O Estudiantes conseguiu anular a construção das jogadas do elenco estelar rubro negro.
E esteve a ponto de conseguir eliminar o favorito brasileiro.
Mas Rossi tinha sede de vingança.
Não pelo gol de Benedetti.
Mas por não ter sido valorizado no Estudiantes.
Esperou por dez anos.
Mas a revanche pessoal veio.
E graças a ele, o Flamengo está na semifinal da Libertadores.
Diante do também competitivo e argentino Racing...