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Cosme Rímoli - Blogs

Os dois maiores rivais do Brasil, Flamengo e Palmeiras, se unem. Na Lei do Silêncio. Desafiam a Globo e a CBF

Apesar de terem contratos com a emissora carioca e a legislação da CBF, Palmeiras e Flamengo resolvem calar jogadores e técnicos. Continua a tendência de cada vez menos contato com a imprensa. Com os próprios torcedores

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Gabigol ironiza. Come a bolacha que a torcida do Athletico jogou nele. Ficou sem explicação. Cinema mudo
Gabigol ironiza. Come a bolacha que a torcida do Athletico jogou nele. Ficou sem explicação. Cinema mudo

São Paulo, Brasil

Flamengo e Palmeiras, os dois maiores rivais atuais do futebol brasileiro, decidiram unir forças.

E seguir pelo mesmo perigoso caminho.

O da censura.


Impedir seus jogadores e a Comissão Técnica de falar com a imprensa como forma de protesto.

Não se importando com advertências, multas de até R$ 500 mil, impedimento de registros de novos atletas e até perda de pontos ou eliminação de uma competição.


Mostram-se acima do regulamento e dispostos a enfrentar o STJD, se for preciso.

Suas diretorias duvidam que sofrerão punições mais sérias pela lei do silêncio.


A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, decidiu: ninguém daria entrevista após a partida contra o São Paulo na semana passada, pela Copa do Brasil. E manteve a posição contra o Flamengo, no domingo passado.

Por causa das declarações do auxiliar João Martins, questionando a não expulsão do zagueiro Zé Inaldo, que deu uma cotovelada maldosa em Endrick, a um minuto e meio de jogo contra o Athletico Paranaense. 

Ele disse que havia interesses "do sistema" para que o Palmeiras não fosse campeão brasileiro novamente. 

De nada adiantou o chefe do Comitê de Arbitragem, Wilson Luiz Seneme, ter afastado o árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima pelo erro.

A lei do silêncio continuou no Palmeiras.

A direção do Flamengo primeiro ironizou a postura do clube paulista. Encarou como forma de pressionar os árbitros. E, ontem, decidiu fazer a mesma coisa, depois de o VAR anular um gol de Gabigol cujas imagens divulgadas no telão do próprio estádio pareciam confirmar a legalidade.

A TV Globo tem o direito tanto do Campeonato Brasileiro como o da Copa do Brasil. E há o acordo contratual de que, antes das partidas, os treinadores precisam dar entrevistas rápidas. No intervalo, um jogador de cada equipe fala. Também respondendo no máximo a duas perguntas. Após a partida, também, um só atleta de cada time fala.

Para os demais veículos, há a coletiva de imprensa do técnico.

Leila e Landim, grandes rivais em inúmeros aspectos, se unem. Escolhem o silêncio para protestar
Leila e Landim, grandes rivais em inúmeros aspectos, se unem. Escolhem o silêncio para protestar

E também a zona mista, pela qual deveriam passar todos os jogadores e na qual estariam livres as entrevistas.

A CBF também pôs a obrigação de entrevistas no regulamento do Brasileiro.

A coletiva após a partida é obrigatória, decreta o Regulamento Geral das Competições 2023.

Art. 119: A coletiva de imprensa após o fim da partida é obrigatória. O parágrafo 1º impõe que a coletiva tem de começar até 30 minutos depois do jogo.

As sanções administrativas estão no artigo 134. Primeiro, advertência. Segundo, multa pecuniária administrativa, até R$ 500 mil.

Terceiro, proibição de inscrição de novos atletas para as competições.

E, quarto, perda de pontos.

Quem vai determinar a punição é o STJD.

Na fria leitura da legislação, o Palmeiras já deveria ter sido advertido e multado, pelo silêncio contra o São Paulo e o Flamengo. E o Flamengo, advertido por ontem.

Mas nada aconteceu.

Cotovelada de Zé Inaldo em Endrick. Diante da não expulsão, o Palmeiras decidiu impor a lei do silêncio
Cotovelada de Zé Inaldo em Endrick. Diante da não expulsão, o Palmeiras decidiu impor a lei do silêncio

Na verdade, não só o Palmeiras, mas o Flamengo também está gostando desse silêncio.

Cada vez mais os clubes estão se blindando contra a imprensa.

Os treinamentos já são fechados, os jornalistas não podem sequer pisar nos CTs.

As entrevistas antes dos jogos estão cada vez mais raras. A tendência é que acabem.

A coletiva após as partidas do treinador, as rápidas entrevistas dos atletas no intervalo e a zona mista após os jogos eram o que restava.

Se o STJD não agir com firmeza, os clubes passarão a ser inteiramente fechados.

Quem perde não é a imprensa.

Mas o torcedor, que fica sem acesso aos seus ídolos.

Mesmo para comemorar uma grande vitória, como a do Flamengo ontem.

Nada de Gabigol, Sampaoli, Arrascaeta explicando a classificação para a semifinal da Copa do Brasil.

Só o silêncio.

O desespero e a revolta do experiente narrador Luiz Roberto, da Globo, ficaram evidentes na transmissão de ontem.

Há multa prevista pela emissora carioca se as entrevistas não acontecerem.

Basta saber se a Globo enfrentará os clubes e cobrará deles.

VAR não mostra impedimento de Gabigol. Flamengo protesta calando jogadores e Jorge Sampaoli
VAR não mostra impedimento de Gabigol. Flamengo protesta calando jogadores e Jorge Sampaoli

Não há a certeza se os jogadores do Palmeiras falarão hoje, se ganharem ou perderem a classificação para a semifinal da Copa do Brasil.

A lei do silêncio decretada por Leila Pereira já dura dois jogos.

A do presidente Rodolfo Landim, uma partida.

Pode ser o início de algo muito sério no futebol deste país...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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