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Final da Taça Guanabara envergonha o Brasil

Os dirigentes de Vasco, Fluminense e da Ferj fazem da decisão em um caos. Torcedores só entram no Maracanã aos 30 minutos. Vascaínos campeões

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Bombas da Polícia Militar para conter tentativa de invasão do Maracanã. Caos
Bombas da Polícia Militar para conter tentativa de invasão do Maracanã. Caos Bombas da Polícia Militar para conter tentativa de invasão do Maracanã. Caos

São Paulo, Brasil

Com um gol sem querer do lateral Danilo Barcelos, o Vasco venceu o Fluminense por 1 a 0. Mesmo dominado a maior parte do jogo, veio a conquista.

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O time de Alberto Valentim venceu todas as sete partidas que disputou. Foram 100% de aproveitamento. E garantiu vaga à semifinal do Campeonato Carioca.

"O gol foi sem querer. A gente bate em direção ao gol, treina. Se um colega fizesse o gol, também seria bonito. Apesar dos bastidores, a gente fez um baita jogo.

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Um jogo complicado emocionalmente, porque hoje eu entrei em campo sem saber se minha esposa e minha filha estavam bem do lado de fora. Não podemos enfatizar guerra nesses momentos difíceis. Espero que minha filha e minha esposa estejam aqui no estádio e felizes", assumia o lateral esquerdo Danilo Barcelos.

Foi a final da mais vergonhosa Taça Guanabara da história.

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A competição criada em 1965 jamais passou por tanto constrangimento.

Torcedores foram liberados para acompanhar o jogo apenas aos 30 minutos do primeiro tempo.

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Tudo por conta de uma insana briga entre os dirigentes dos dois clubes. 

Pela briga que remonta a 1950.

No ano de construção do Maracanã, os clubes decidiram que aquele que fosse campeão carioca teria o direito de escolher onde seus torcedores ficariam. O lado Sul, abaixo das cabines de rádio, desde 69 anos é considerado o lado 'nobre' do estádio. 

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Como o Vasco foi o campeão, o direito acabou adquirido. Sempre que fosse mandante nos clássicos, lá seria o setor vascaíno.

Acontece que o Consórcio Maracanã, que administra o estádio desde 2013, tem acordo com o Fluminense. E que diz que o clube tem o direito de colocar sua torcida no Setor Sul.

Só que pela Federação Carioca de Futebol, o Vasco seria o mandante da decisão da Taça Guanabara.

Ganhou esse direito por sorteio.

A direção do clube decidiu que a decisão não seria em São Januário. Escolheu o Maracanã.

Daí o caos.

Foi uma guerra judicial ridícula.

Com total desrespeito aos torcedores.

Justo no Campeonato Carioca, torneio de nível técnico fraquíssimo. E que sofre com o desinteresse na maioria das partidas. Apenas os clássicos, principalmente os decisivos, servem para maquiar a opinião pública.

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Enquanto a cúpula do Fluminense anunciava que iria ocupar o Setor Sul, a direção do Vasco começou a vender ingressos. E destinou os bilhetes do setor para sua torcida. A Ferj referendou a venda.

O presidente do Fluminense, Pedro Abad, convocou os torcedores para irem ao Maracanã 'para a guerra'. Não concordando que os vascaínos ocupassem o Setor Sul.

Os torcedores, consumidores de futebol, entraram só aos 30 do primeiro tempo
Os torcedores, consumidores de futebol, entraram só aos 30 do primeiro tempo Os torcedores, consumidores de futebol, entraram só aos 30 do primeiro tempo

O combate seguiu na Justiça Comum.

No embate jurídico ficou decidido, no sábado, que o impasse era intrasponível.

A desembargadora Lucia Helena do Passo determinou que a final fosse jogada com portões fechados.

A decisão atingia profundamente a imagem do futebol carioca.

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Provocou desespero para o presidente da Ferj, Rubens Lopes.

A Globo transmitiria o confronto com as arquibancadas vazias.

Um veneno para seus patrocinadores.

A decisão foi anunciada no final da noite de ontem.

Na decisão, a desembargadora impunha uma multa de R$ 500 mil caso a sua determinação não fosse cumprida.

Na manhã deste domingo, a direção do Vasco assumiu correr o risco de prejuízo. E convocou seus torcedores a irem ao Maracanã, pagaria a multa.

Seria vexatória para a imagem do Rio de Janeiro se o clássico não tivesse torcida. Tanto que o governo do estado convocou reunião de emergência com Vasco e Fluminense para tentar solucionar o problema.

A pressão para a abertura dos portões era imensa.

E milhares de vascaínos foram ao estádio.

Só que a Polícia Militar tinha a ordem oficial de não abrir os portões.

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Os torcedores se revoltaram.

O impasse provocou revolta, principalmente das organizadas dos clubes.

E começaram brigas com os policiais.

Com os soldados usando gás pimenta e bombas de efeito moral para conter os torcedores.

A situação estava absurda.

Os jogadores já em campo, disputando a decisão, com as arquibancadas vazias. E os torcedores dos dois clubes enfrentavam a Polícia Militar, tentando invadir o Maracanã, fora do estádio.

O início da final. Com as arquibancadas vazias. Enorme vexame
O início da final. Com as arquibancadas vazias. Enorme vexame O início da final. Com as arquibancadas vazias. Enorme vexame

Um caos.

Até que chegou ao estádio a decisão do desembargador de plantão, Andre Emílio Ribeiro. Ele liberava a entrada dos torcedores.

A imensa maioria dos torcedores fora do Maracanã era de vascaínos.

E eles ocuparam o desejado Setor Sul.

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Comemoraram o título, a conquista.

Mas a vergonha, o desrespeito ao torcedor, o consumidor de futebol do Rio de Janeiro não ficará esquecido.

Tudo o que aconteceu envolvendo esta decisão abre espaço para inúmeros processos.

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