Fim da constrangedora volta de Soteldo ao Santos. Alívio no São Paulo. Por não ter obedecido Ceni e contratado o problemático meia
O jogador, que era a maior esperança do clube em 2023, se mostrou arrependido por ter voltado à Vila Belmiro. Ele desprezou o São Paulo. Santos vai desfazer o acordo de compra com o Tigres
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Enquanto aproveitava a festa junina do São Paulo, no último fim de semana, o presidente Julio Casares respirava aliviado.
Entre quentão, cural, vinho quente e canjica, ele relembrava o acerto que o destino reservou no ano passado, quando Rogério Ceni insistia na contratação de Soteldo.
Convenceu Casares a igualar a proposta que o Santos fazia para o retorno do jogador: R$ 1 milhão por mês.
Só que Soteldo não queria trabalhar sob o comando de Rogério Ceni, que é conhecido por sua rigidez. E começou a fazer exigências para o acerto não ser fechado. Como carro com motorista, prêmios, bônus, tudo muito acima. Preferia voltar ao Santos.
Depois de um ano e meio vendido para o Toronto, o venezuelano de 26 anos voltou. Mas ele encontrou o clube pior do que ele deixou, no começo de 2021. Com menos potencial técnico, muito mais pressão, torcidas organizadas ameaçando a todos, caso o clube fosse rebaixado.
Soteldo percebeu que ficou muito mais difícil e ele teria de exercer um protagonismo que nunca teve.
A cobrança não se resumia só ao campo, mas fora dele também. Conhecido por adorar a noite, passou a evitar sair, porque as organizadas santistas começaram, desde o ano passado, a "caçar" atletas em baladas.
Foi assim que a passagem de Lucas Pires e Nathan acabou no clube: foram flagrados em uma festa na madrugada da semana passada.
Neste ano, o clube esteve ameaçado de rebaixamento no Paulista. Foi eliminado da Copa do Brasil nas oitavas de final. Passou vergonha na Copa Sul-Americana, pois não chegou sequer à segunda fase.

Acumula 12 partidas sem uma única vitória, o que não acontecia desde 1982. O clube está a dois pontos da zona de rebaixamento.
O treinador Odair Hellmann foi mandado embora. Ele já não suportava mais as ameaças de morte, a ele e à sua família. Membros das organizadas descobriram seus telefones e começaram a pressioná-lo para ir embora. Ou sua vida correria risco.
Nos últimos tempos, técnicos como Ariel Holan, Fernando Diniz, Carille, Jesualdo Ferreira passaram pelo mesmo problema.
O clube deve mais de R$ 450 milhões. As dívidas se acumulam. Não há potencial para grandes contratações.
Soteldo tem se mostrado, conforme repórteres que vivem o dia a dia santista, cada vez menos integrado. Desinteressado. Fechado, tenso.
Tudo leva a crer que está arrependido de ter voltado à Vila Belmiro.
O pior é que o Santos se comprometeu verbalmente a comprar 50% dos seus direitos, agora, na primeira semana de julho, do Tigres do México.
O preço: 4 milhões de dólares, cerca de R$ 19,2 milhões, em quatro parcelas.
E ambos tinham combinado um contrato até 2027.
A realidade é que nem Soteldo quer continuar no Santos.
Nem o Santos deseja comprá-lo.
Por coincidência, ou não, o jogador cometeu um ato de indisciplina pesado. Justo ao saber que o clube exigiria o máximo respeito ao trabalho do novo treinador Paulo Turra, ex-auxiliar, e discípulo de Felipão.
O venezuelano teria de treinar com os reservas após o vexatório empate em 0 a 0 com o Blooming, na Vila Belmiro, na quinta-feira. Ele se recusou.
Paulo Turra não suportou a indisciplina e o afastou do elenco. Ele passaria a treinar à parte. E não jogou ontem contra o Cuiabá, quando o clube perdeu por 3 a 0.
O venezuelano não se importou e celebrou, com amigos e discrição, seu 26º aniversário.
Seu contrato de empréstimo termina hoje.
O dia deveria ser de festa.
De novo compromisso por mais quatro anos.

Mas tudo indica que será de rompimento.
A direção do Santos não quer comprá-lo.
Deseja dispensá-lo.
E Soteldo quer ir embora.
O único entrave é o acordo com a direção do Tigres.
Mas não há o menor clima para a convivência.
"Ninguém é maior do que o clube", desabafou o zagueiro Joaquim, demonstrando que até os companheiros não apoiam Soteldo.
Saboreando cural e canjica, o presidente Julio Casares se mostrava aliviado.
Por não ceder a Rogério Ceni.
E não contratar o problemático venezuelano.
Enquanto isso, o Santos espera hoje anunciar o fim da segunda passagem de Soteldo pela Vila Belmiro.
Sua contratação foi mais um erro do presidente Andres Rueda...
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