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Fifa despreza Jorge Jesus. A América do Sul e o Brasil são periferias

Não há cabimento para Jorge Jesus não disputar entre os cinco melhores técnicos do mundo, em 2019/2020. Merecia mais que Zidane e Bielsa, no mínimo

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Jorge Jesus fez um trabalho fabuloso no Flamengo. Desprezado pela Fifa
Jorge Jesus fez um trabalho fabuloso no Flamengo. Desprezado pela Fifa

São Paulo, Brasil

A valorização da Libertadores e do Campeonato Brasileiro foi bem representada pela Fifa.

Todo o trabalho espetacular de Jorge Jesus na América do Sul acabou desprezado.

Ele não está na lista dos melhores treinadores do mundo na temporada 2019/2020.


Todos os cinco candidatos atuam na Europa.

Marcelo Bielsa (ARG) - Leeds United, Flick (ALE) - Bayern de Munique,Klopp (ALE) - Liverpool, Lopetegui (ESP) - Sevilla e Zidane (FRA) - Real Madrid.


Hans-Dieter Flick será o escolhido.

Ele venceu a Champions League, o Alemão, a Copa da Alemanha. Conseguiu a sonhada tríplice coroa.


Tem o mérito de conseguir fazer com que um elenco estelar jogasse o futebol mais intenso, competitivo e vencedor do planeta.

Não há qualquer questionamento.

Bielsa tem como grande mérito o fair play com o Leeds. Não foi um dos melhores
Bielsa tem como grande mérito o fair play com o Leeds. Não foi um dos melhores

O espanhol Julen Lopotegui conseguiu fazer do Sevilla campeão da Liga Europa. Foi um grande mérito. Eliminou gigantes como a Roma, o Manchester United e a Inter de Milão.

O futebol competitivo merecia ser reverenciado.

Já Zinedine Zidane fracassou na Champions, competição mais desejada pelo Real Madrid. Foi derrotado duas vezes nas oitavas pelo Manchester City, de Guardiola.

O mérito foi vencer o Campeonato Espanhol. E a Supercopa da Espanha.

Mas superou um Barcelona tumultuado e o Atlético de Madrid com crise de identidade.

Zidane foi um treinador comum na temporada.

Agora, o genial Marcelo Bielsa conseguiu resgatar o Leeds à Primeira Divisão da Inglaterra, depois de 16 anos.

O futebol de sua equipe foi absolutamente ofensivo, suas trocas inesperada, ousadas.

Mas a indicação tem muito a ver com a sua postura em abril de 2019.

O Leeds precisava vencer o Aston Villa, para brigar pela chance de retorno à Primeira Divisão.

Seu time marcou 1 a 0, com Hans-Dieter Flick. Só que havia um jogador rival caído e os vários atletas do Aston Villa acreditavam que os do Leeds iriam parar a partida, não se aproveitar e marcar um gol.

Enfrentado até o capitão do seu time, Pontus Jansson, e outros jogadores, Bielsa ordenou que ficassem parados em campo e permitissem o empate do Aston Villa.

O placar de 1 a 1 dificultou as coisas.

Fez com que o Leeds tivesse de disputar um play-off para voltar à Primeira Divisão. Se vencesse a partida contra o Aston Villa, poderia ter subido sem correr risco no play-off.

O que a Fifa fez indicado o treinador foi mais por essa atitude do que estratégia revolucionária no Leeds.

Já Jürgen Norbert Klopp tropeçou na Champions, diante do bipolar Atlético de Madrid. Mas conseguiu a façanha de tornar o Liverpool campeão inglês depois de 30 anos. 

Fracasso na Champions. Real Madrid sem personalidade. Como Zidane entre os melhores?
Fracasso na Champions. Real Madrid sem personalidade. Como Zidane entre os melhores?

Jogando de maneira ofensiva, fulminante, impressionante.

Ele merece estar entre os cinco melhores do mundo.

Mas Jorge Jesus teria de estar nesta lista.

O que ele fez com o Flamengo foi sensacional.

Impulsionou taticamente o futebol de um país que estava estagnado. E que se escondia nos cinco títulos mundiais, conquistados muito mais pelos jogadores do que pelos treinadores.

Lembrando que a última conquista foi em 2002.

Ou seja, há 18 anos.

Jorge Jesus trouxe a intensidade, o preenchimento dos espaços, as triangulações, a o pressing, a dupla, tripla função de um jogador em campo.

O Flamengo não tomou conhecimento dos seus rivais no Brasileiro.

Na Libertadores, só sofreu, de verdade, diante do River Plate, muito bem montado e absolutamente entrosado, de Marcelo Gallardo.

O Flamengo chegou a vice-campeão do mundo, perdendo para o Liverpool por 1 a 0. 

É revoltante Jorge Jesus não estar no lugar, principalmente, de Zidane.

Ou de Marcelo Bielsa.

O resultado, injusto, só mostra como futebol deste país, deste continente, não é levado em conta, em relação aos clubes, aos técnicos.

Só importam os jogadores.

É uma visão pequena, inadmissível.

Mas real.

Jorge Jesus sabia disso, no íntimo.

Por isso quis retornar ao Benfica.

Os milhares de protestos de internautas ficarão nas redes sociais.

A injustiça permanecerá no ar.

Mas pouco importa à Fifa, dominada pela Europa...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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