Felipão volta como treinador por uma questão de honra. Quer limpar a imagem de perdedor, que o persegue desde o 7 a 1
A seis meses de completar 74 anos, milionário, Luiz Felipe Scolari aceitou voltar a trabalhar como técnico no Athletico. A estreia é amanhã. Retorno do pentacampeão mundial é para limpar a imagem de derrotado, desde o 7 a 1
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Eu estudei bastante pra terminar a minha carreira como técnico e começar outra. Não era o posicionamento inicial (vir como treinador), mas vou terminar essa situação e começar uma nova, provavelmente no final do ano."
Milionário, pentacampeão do mundo.
Um dos treinadores mais importantes na história do Palmeiras e do Grêmio.
Único técnico brasileiro na história do Chelsea.
Duas vezes campeão da Libertadores, Brasileiro.
Leia também
Tetracampeão da Copa do Brasil.
Campeão usbeque.
Com propriedades em Portugal, Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás.
Luiz Felipe Scolari não resistiu.
A seis meses dos 74 anos, virou as costas à aposentadoria.
Por um motivo muito simples.
Não queria deixar o futebol com a última imagem de derrotado.
De treinador incapaz de evitar o caminho do rebaixamento do Grêmio.
Assim como fracassara com o Cruzeiro na Segunda Divisão.
Não, ele não resistiu ao convite de Mario Celso Petraglia, dirigente que controla o Athletico Paranaense como se fosse seu.
E assumiu como treinador.
Que ninguém se engane, ele sabia muito bem quando foi convidado por Petraglia para comandar o futebol do clube que trabalharia como técnico.
Ele estava em Portugal.
Felipão é muito amigo do executivo Alexandre Mattos.
Ambos trabalharam no Palmeiras.
"O Felipão conhece muito futebol. Por trás do seu personagem que criou para a mídia, de gênio forte, ele é detalhista. Sabe como comandar um elenco como poucas vezes eu vi. Merece todo o sucesso que tem", já disse Mattos ao blog, em entrevista exclusiva.
Estava claro que, por Mattos, os dois voltariam a trabalhar juntos.
Após as passagens de Alberto Valentin e Fabio Carille, a escolha de Petraglia foi por um treinador vivido, "cascudo", com capacidade de fazer do Athletico Paranaense a equipe competitiva, guerreira que sonha. Ainda mais fazendo da Arena da Baixanda um caldeirão.
Após ver a vitória do Athletico contra o Ceará, no sábado, ele fez questão de trabalhar no domingo e hoje.
Vai estrear na competição de que mais gosta: a Copa do Brasil, contra o Tocantinópolis, em Curitiba. Na partida de ida, a equipe ainda comandada por Fábio Carille venceu por 5 a 2.
Além de mudar o perfil do Athletico, Petraglia tem um sonho. Que Felipão consiga ainda salvar o clube na Libertadores.
O time é o último colocado no grupo B. Libertad, do Paraguai, é o líder, com sete pontos. The Strongest, da Bolívia, o segundo colocado, com cinco pontos. Na frente do Caracas, da Venezuela, também com cinco pontos, no saldo de gols.
O time do Paraná tem quatro pontos e precisa, desesperadamente, vencer o Libertad e o Caracas, nos últimos jogos da fase de grupo.
As partidas serão na Arena da Baixada, e Felipão será a grande atração para convencer a torcida que é possível a classificação, fazer o time chegar às oitavas de final.
O treinador da maior derrota da história da Seleção Brasileira, o fatídico 7 a 1 para a Alemanha, na semifinal da Copa do Mundo de 2014, está entusiasmado.
Não parece ter 73 anos, longe disso, mostra-se vigoroso, firme como sempre.
O plano, diz ele, é se tornar coordenador do futebol do Athletico, após o final da temporada.
Mas, em Curitiba, a mídia paranaense não acredita.
Aposta que, se Felipão tiver sucesso como treinador do clube, seguirá como técnico.
Os jogadores do Athletico se mostram empolgados com o técnico.
"Confio plenamente que temos chance de nos classificar em todas as competições, temos chance de melhorar no Brasileiro", garantiu ao site do clube.
"Tenho certeza que até o final do ano vamos fazer com que a torcida se sinta muito mais feliz do que já é, com tudo aquilo que vem sendo feito. Quero trabalhar pelo Athletico de uma forma totalmente e completa para que eu também me sinta satisfeito", declarou hoje.
Ninguém confirma o seu salário em Curitiba.
Tanto no Grêmio como no Cruzeiro, seus dois últimos trabalhos, trabalhou apenas 21 partidas.
Em Porto Alegre, recebia R$ 500 mil.
Mas dinheiro não é prioridade em Curitiba.
Felipão quer se livrar da imagem de perdedor, no final da carreira como técnico.
Ele não é um derrotado.
Pentacampeão do mundo, bi da Libertadores, Brasileiro e tetra da Copa do Brasil, jamais poderia ser chamado de fracassado.
Mas o vexame do 7 a 1 e as demissões seguidas no Palmeiras, Cruzeiro e Grêmio o marcaram muito.
Felipão largou a aposentadoria por seu legado.
Por orgulho.
Para lembrar aos amigos e inimigos que ainda é um dos maiores técnicos do país.
E não ultrapassado, como muitos insistem em repetir.
Desde a noite de 8 de julho de 2014, no Mineirão.
Quando o placar denunciava 7 a 1 para a Alemanha...
Muita grana! Confira os artigos esportivos mais caros já vendidos na história
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.