Felipão faz pacto. Sem contratações depois da queda no 'Paulistinha'
Felipão é esperto. Pensa na Libertadores. Precisa proteger o time. Mas a cobrança é violenta. Dudu é o principal alvo na eliminação para o São Paulo
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Sim, sim (queria tirar o time de campo). Hoje o lance, depois que foi mostrado para todo mundo, tinha um pé do Deyverson (em impedimento). Muito bem.
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E o pênalti, deu o quê lá? E o julgamento do Moisés, a farsa que foi o julgamento? Sabe como foi? Já pesquisaram? Quem estava envolvido? Como foi o voto dos quatro jogos? É uma vergonha!"
Estes foram os desabafos de Felipão, após a frustrante eliminação do Palmeiras, da semifinal do Campeonato Paulista.
Que não devem ser levados em consideração para o futuro do elenco mais caro do país.
O técnico é um dos grandes especialistas em desviar o foco do assunto que não o interessa. Sempre foi assim.
Ele sabe que o terceiro jogo consecutivo sem o Palmeiras conseguir marcar um gol custou caro demais.
A eliminação da final do "Paulistinha", competição que Mauricio Galiotte despreza, mas estava sedento para vencer. E humilhar novamente o presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos.
Como aconteceu em 2018, ninguém do Palmeiras iria para a festa de entrega de troféus e medalhas do Paulista de 2019. Se como vice, o impacto foi grande, como campeão ausente seria muito melhor.
Só que a situação não acontecerá, com a derrota por pênaltis para o São Paulo, em plena arena palmeirense com 40 mil pessoas.
Além disso, desperdiçou a chance de embolsar R$ 14 milhões a mais, caso se classificasse para a decisão. Seria a bilheteria da final, premiação da FPF. Bônus dos patrocinadores. Crefisa e Puma.
Se ganhasse a competição, seriam cerca de R$ 16 milhões.
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Situação que incomodou a diretoria.
A frustração veio à tona por torcedores que esperavam mais de duas horas a hora de o time deixar o estádio. E raiva dominou a boca.
"Vergonha, vergonha, vergonha! Time sem vergonha"
"Não é mole não, Libertadores virou obrigação",
"Eu não sou otário, tomar no c*** esse time milionário.
Os gritos, coordenados, chegaram aos ouvidos dos jogadores.
De Felipão.
Nas redes sociais, o ex-goleiro e grande ídolo palmeirense, Marcos, não deixou por menos.
"Decisão tem uns malucos que somem", escreveu no seu twitter.
Mais tarde, completou.
"Ahhh, tem uns aí que tão bravinhos comigo, mimimi, mano, já avisei e aviso de novo, não pago pau pra jogador, Palmeiras tá acima de todos, nós passamos.
"Então, fui cobrado, já cobrei e vou continuar cobrando, é o trampo dos caras e o salário é mensal, o que já fez eu agradeço, mas se acomodar, xingo mesmo, não tinha rabo preso quando jogava, hoje, menos ainda!
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Fui!"
O recado de Marcos foi decifrado nas redes sociais.
E, de acordo com palmeirenses, tem um alvo.
Dudu.
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O jogador teve péssima atuação ontem.
E, maior estrela do time, não cobrou pênalti.
Está havendo um linchamento público do Palmeiras.
O elenco mais caro da América Latina fracassou em mais um torneio eliminatório. Como cansou de fazer em 2018. Na Libertadores, Copa do Brasil e 'Paulistinha'. Ganhou o Brasileiro pela competição ter 38 partidas, com tempo de sobra para os jogadores caríssimos atuarem, escorregarem, se recuperarem.
A cobrança não é apenas da imprensa, dos torcedores e ídolos. É de conselheiros e de companheiros de diretoria de Galiotte.
O Paulista, com seus jogos eliminatórios, está sendo encarado como um pequeno resumo da Libertadores, obsessão do clube e das empresas gigantes por trás do clube, Crefisa e Puma.
Alexandre Mattos buscou reagir como sabe.
Pensando em contratações.
O Palmeiras segue muito carente de um definidor.
Borja está em péssima fase.
E Deyverson destoa tecnicamente do time.
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Fernando Pires e Carlos Eduardo não agradaram.
Felipão é muito esperto.
E tratou de anunciar ontem mesmo.
"O Palmeiras não pensa em reforços. Temos um grupo muito bom, e estamos colocando aqueles jogadores que achamos que para determinados jogos são os ideais, e vamos continuar assim, fazendo essa rotatividade quando acharmos necessário. Jogos às quartas e domingos, a gente tem que fazer isso.
Temos o jogo de quarta e depois mais quinze dias para recuperação para pensarmos no início do Campeonato Brasileiro", disse.
O 'jogo de quarta-feira' é fundamental para o clube. Contra o Junior Barranquilla, na arena palmeirense, pela Libertadores da América. O time é o segundo colocado no grupo F, depois da derrota para o San Lorenzo, na semana passada.
Precisa vencer para encaminhar sua classificação.
Se Felipão vira as costas para seus jogadores e anuncia ao mundo que deseja contratações, repassa a culpa do fracasso de ontem ao time.
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Aos 70 anos, sabe o que faz.
Amenizou a crise, deixando ao acaso a eliminação do clube.
E tratou de amarrar um pacto com os jogadores, ainda no vestiário.
Disse que seria com eles que caminharia na Libertadores, Brasileiro e Copa do Brasil.
Falou as palavras mágicas para não tirar de vez a confiança do grupo.
Só que Mattos é um negociante nato.
A janela do meio do ano deve ser movimentada.
Borja, Dudu, Gustavo Gómez, Lucas Lima podem sair.
Depois de perder Pato ao São Paulo, um definidor pode chegar.
Mas esse assunto é proibido no Palestra Itália.
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A ordem de Felipão é lamber as feridas.
Vencer o Junior Barranquilla.
E apostar no pacto com os jogadores.
Depois, em junho, analisar as trocas no elenco.
No meio de tanta incerteza, uma convicção.
O Palmeiras não mudará sua filosofia.
Não seguirá o exemplo do São Paulo.
Continuará a vender seus garotos.
Investirá em estrelas, jogadores formados.
É assim que assegura estádios cheios.
Ingresso mais caro do Brasil.
E patrocinadores colocando mais de R$ 80 milhões por ano.
O que aconteceu ontem feriu.
Mas não mudará o rumo já traçado.
Galiotte e Mattos seguirão no mesmo caminho...
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