Fábio se vinga do desprezo de Ronaldo. Cobra na Justiça os R$ 20 milhões que o Cruzeiro lhe deve

São Paulo, Brasil

A vingança continua sendo um prato consumido frio.

Fábio, o maior ídolo recente do Cruzeiro, até Ronaldo comprar 90% das ações do clube, foi tratado com desprezo.

O goleiro, um dos melhores do país, acreditava que a maior injustiça em sua carreira era ter sido desprezado pela seleção.

Na CBF, comentários davam conta de que Mano Menezes, Luiz Felipe Scolari, Dunga e Tite o haviam "esquecido" porque é "religioso" demais. Jamais nenhum desses treinadores admitirá isso em público. Mas eles eram acusados de terem medo de que o goleiro tentasse impor seus cultos na concentração do Brasil. Algo que Fábio sempre jurou que nem tentaria fazer. Mas não adiantou.

A maior "flechada" pelas costas veio do Cruzeiro.

Ele, que havia comemorado a compra do clube por Ronaldo, tinha certeza de que tudo iria melhorar. Mesmo com o clube na Série B e não conseguindo subir nem em 2020 nem em 2021, ele ignorou várias propostas de outras equipes. E até para ganhar mais dinheiro. Internacional, Grêmio, Fluminense, Santos, Cuiabá e Atlético Goianiense foram alguns clubes que o sondaram.

O presidente Sérgio Rodrigues chegou a anunciar a renovação de contrato com o goleiro para 2022. Assinar seria apenas uma questão burocrática. Posou para fotos, em novembro do ano passado, ao lado do goleiro, ostentando a camisa número 1.000. Fábio tinha 976 partidas pelo clube e sonhava chegar a 1.000 jogos.

Só que Ronaldo comprou 90% das ações do clube, em dezembro. E avisou que faria uma profunda reformulação no futebol do clube. 

Despachou Vanderlei Luxemburgo e vários jogadores. 

Para Fábio, que chegou a ganhar R$ 650 mil no Cruzeiro, e recebia, em 2021, R$ 150 mil, a proposta foi direta. Se quisesse, ele ficaria apenas para o Campeonato Mineiro. Para fazer uma série de despedidas. E ponto-final. Encerraria a carreira. Se não quisesse, arrumasse as malas e fosse embora.

O goleiro jamais imaginou um tratamento tão frio, desprezível.

Até porque o Cruzeiro devia ao goleiro mais de R$ 17 milhões, quantia acumulada de salários e prêmios que os dirigentes haviam prometido pagar em prestações de R$ 200 mil, a partir deste ano.

Fábio chegou a ficar depressivo, chorou, de acordo com seus familiares.

E foi embora.

"Tentei com todo o meu coração permanecer no Cruzeiro. Meu desejo é permanecer até dezembro de 2022. A renovação do meu contrato foi acertada com o clube em novembro de 2021, através do presidente Sérgio Rodrigues, que inclusive anunciou publicamente, faltando apenas as assinaturas dos documentos negociados. Mas esta nova administração não me deu mais essa opção. Quero deixar claro que aceitaria a readequação ao novo teto salarial, mas esta nova administração também não me deu essa opção."

Contratado rapidamente pelo Fluminense.

Dois meses depois de sua saída, hoje vem a confirmação de sua vingança.

Ele entrou na Justiça cobrando R$ 20 milhões do Cruzeiro, em salário e luvas.

O goleiro fez com que Ronaldo Fenômeno fosse notificado da dívida.

Porque o dirigente autorizou o pagamento de R$ 20 milhões à Fifa para que o clube voltasse a poder contratar, depois de seguidos calotes.

De acordo com a ação, Ronaldo teria cometido "fraude" ao pagar antes à Fifa do que aos credores do clube.

A notícia já repercutiu mundialmente.

O goleiro que ficou 17 anos no Cruzeiro arquitetou sua vingança.

Tanto que na sexta-feira tirou seu filho, goleiro, das categorias de base cruzeirenses.

Ele sabia que a ação na Justiça chegaria à imprensa.

Fábio não está se vingando do clube que amou.

Mas do desprezo que recebeu de Ronaldo Fenômeno...

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