Explosão de Abel Ferreira em entrevista repercute. Onde ele não queria, na Europa. Mais os 66 cartões que tomou no Brasil, vai criando péssima imagem como treinador. A de ‘descontrolado’
O melhor treinador da história do Palmeiras continua trabalhando. Contra ele mesmo. Ao abandonar a entrevista coletiva, depois de falar por cinco minutos, de maneira ríspida, na Bahia, ontem à noite, mostrou seu pior lado. A do desrespeito

Foi uma atitude deplorável.
Na sala de imprensa do Barradão, estádio do Vitória, havia jornalistas ávidos para entrevistarem um dos melhores treinadores do país.
E que trataram com muito respeito durante toda a coletiva após Vitória 2, Palmeiras 2.
‘Toda coletiva’ foi força de expressão.
O treinador palmeirense abandonou a entrevista depois cinco minutos de conversa.
De maneira abrupta, desrespeitosa.
Descontrolada.
A última pergunta não poderia ser mais simplória.
Nada havia de ofensiva.
“Se me permite, como será a preparação para este jogo (contra o Corinthians pela Copa do Brasil).”
A resposta de Abel Ferreira.
“Não... A preparação vou fazer a partir de agora...”
Mal respondeu e se levantou da cadeira e foi embora, para surpresa geral dos jornalistas que estavam na coletiva.
O blog falou com conselheiros ligados à presidente Leila Pereira e ao executivo Anderson Barros.
As respostas foram as mesmas.
Nem Leila e muito menos Anderson cobrarão do treinador atitudes mais respeitosas.
Ou controle emocional.
Não querem atrito com o técnico que ganhou dez títulos.
E 13 finais, recorde absoluto no Palestra Itália.
Ele já chegou a 66 cartões como técnico do Palmeiras.
Desfalcou a equipe várias vezes por suas ofensas a árbitros.
Chutou dois microfones.
Tomou celular de jornalista no Mineirão.
Já ironizou mulher em coletiva, dizendo que só devia satisfação à Leila Pereira e à sua esposa.
As vitórias, principalmente as conquistas, fazem com que, no Palmeiras, qualquer atitude dele seja perdoada.
No Palmeiras...
Na CBF, por exemplo, seu nome foi cogitado pelo ex-presidente Ednaldo Rodrigues, para assumir a Seleção.
Mas seus assessores insistiram que o técnico português é ‘incontrolável’ durante os jogos.
E ele acabou sendo preterido.
Deixado de lado.
Mesmo sendo o treinador mais vitorioso no território continental que é o Brasil.
O sonho dourado de Abel Ferreira é outro.
E, com suas explosões temperamentais, está conseguindo sabotá-lo.
Ele deseja voltar para a Europa.
E trabalhar em um gigante.
Como Liverpool, Manchester City, Bayern, Real Madrid, Barcelona.
Ou equipes que já tiveram mais representatividade, do seu próprio país, como Benfica, Sporting, Porto.
Só que suas atitudes no Brasil ganham espaço na mídia internacional.
Ele está perdendo espaço irrecuperável.
Jornalistas questionam a sua incapacidade de se controlar.
E os europeus exigem comportamento intenso dos comandantes de clubes com orçamentos de bilhões de euros.
Abel Ferreira diz não consultar psicólogos.
Diz que ele faz autoanálise.
Se considera com ‘gênio forte’, mas controlado.
Só que a cada dia mais no Palmeiras está indo contra o título de seu livro.
“Mente Fria e Coração Quente.”

Sem questionamento do clube que lhe paga 500 mil euros, R$ 3,2 milhões, a cada 30 dias, ele segue fazendo o que bem entende.
Leila Pereira precisa entender que Abel Ferreira representa o Palmeiras.
É a imagem do comandante do seu futebol centenário que é exposta e atingida.
A dirigente, no entanto, é muito fria.
Pensa nos títulos e no indiscutível talento que ele tem como treinador.
Abel segue aproveitando os efeitos colaterais do seu desrespeito.
Como intimidar certos árbitros.
E evitando se aprofundar em análises.
Principalmente de adversários em jogos eliminatórios.
Como é esse de quarta-feira, contra o Corinthians.
Mas são atitudes pequenas para um treinador tão grande.
E que já poderia estar trabalhando em um gigante europeu.
Mas vai adiando essas chances por conta do seu descontrole.
Um dia ele perceberá o mal que está fazendo a ele mesmo...