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‘Eu, uruguaio, venci aqui. Quando o Brasil era ‘o’ Brasil, melhor futebol do mundo. Não quis o Real Madrid. Escolhi o São Paulo.’ Darío Pereyra

Exclusiva com um dos maiores ídolos da história do São Paulo. Primeiro estrangeiro a ser bicampeão brasileiro no Tricolor. Ex-jogador revela segredos dos tempos que o clube dominava o cenário nacional. E como virou as costas ao Real Madrid para ficar no Morumbi

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Darío Pereyra era volante. Mas o acaso o transformou em um dos melhores zagueiros do mundo São Paulo

“Para sair do Nacional, queria o melhor futebol do mundo.

“Na época, o Brasil era ‘o’ Brasil. Ou seja, o melhor entre os melhores.

“E a proposta era do gigante São Paulo, clube vencedor. Onde jogou o ídolo de todo uruguaio, o Pedro Rocha. Aceitei, lógico.

“O Real Madrid tentou atravessar a negociação. Mas eu quis o São Paulo. E acertei. Fui muito feliz no Morumbi.”


Alfonso Darío Pereyra Bueno. De futebol tão refinado que ganhou, por todo merecimento, o apelido de ‘Don’ Darío Pereyra.

‘Don’, precedendo o nome, é uma forma de tratamento, em espanhol, de respeito, reservado à elite.


E Dario Pereyra mereceu.

Foi contratado pelo São Paulo para ser o sucessor de Pedro Rocha, que vivia seus últimos momentos no clube, em 1977. Era visto como a principal revelação uruguaia. Misturava personalidade forte, técnica e muita garra. Volante talentoso, jogava com a camisa 10 e faixa de capitão na Seleção Uruguaia.


Aos 18 anos! Chegou no São Paulo e já fez história. Venceu o primeiro brasileiro do clube, em 1977.

‘Ganhamos do Atlético, em pleno Mineirão. Eles eram melhores do que nós tecnicamente. O Brasil já os considerava campeões.

‘Só que nós éramos mais fortes fisicamente. O Minelli montou um time fortíssimo na marcação. Lutamos até o fim. E ganhamos nos pênaltis. Vitória da garra. Foi o primeiro título brasileiro do São Paulo. Uma alegria imensa”, relembra.

Mas depois dessa conquista, Darío sofreu. E muito. Ficou um jogador marcado por lesões. Jornalistas questionavam se ele não teria problemas crônicos. Ou psicológicos.

“Só falavam das minhas ‘dolores’, dores, em espanhol. E eu tinha mesmo. Fortíssimas dores musculares, distensões. O meu problema era alimentação. Eu estava sozinho no Brasil, em uma casa que me deixaram com outros jogadores. Havia uma funcionária que só fazia arroz, feijão e carne de panela. Todos os dias. Eu estava acostumado a muitos legumes, carnes grelhadas, ovos, verduras, alimentação balanceada.

“Tudo só acabou quando trouxe minha família para São Paulo. E passei a me alimentar como estava acostumado no Uruguai.”

Carlos Alberto Silva foi fundamental na sua vida. Assim como o acaso. Gassem, o quarto zagueiro, estava contundido.

“Ele me perguntou se eu poderia deixar de ser meio-campista e jogar na zaga. Disse que sim. E nunca mais saí de lá. Formei uma dupla maravilhosa com o Oscar. Nós nos completávamos.”

Quem revelou o segredo do sucesso de Darío Pereira foi outro craque imortal. Ademir da Guia.

“Ele era um excelente jogador de meio-campo, com enorme visão de jogo. Atuando como zagueiro, ele pegava a bola de frente e enxergava toda a movimentação, a distribuição do time adversário. Com sua técnica já começava desequilibrando a partida para o São Paulo.”

Para completar, tinha uma impulsão fora de série e antecipação marcante, não precisava dar pontapés.

Ele antecipava os passes para os atacantes adversários e saía jogando.

Foram 11 anos no São Paulo e seis títulos. Com a direção recusando várias propostas do Exterior.

“Eu tive sorte porque peguei três gerações sensacionais. A primeira, campeã brasileira, do Minelli. A segunda, bicampeã, em 1986, do Pepe, muito técnica, com Careca, Oscar. E os ‘Menudos’, com Müller, Silas, Sidney e o Cilinho comandando.”

Darío revela que não ganhou Libertadores com o São Paulo porque o clube não priorizava a competição.

‘Era disputada ao mesmo tempo que o Paulista, no primeiro semestre. Não tinha o mesmo valor que hoje. Não tinha transmissão pela tevê. Os juízes nos roubavam. Eram muitas agressões. Não tinha antidoping. Era só desgaste e não valia a pena. Potencial para ganhar, o São Paulo teve naquela época. Mas não era prioridade.”

Depois de marcar época no São Paulo, Darío passou pelo São Paulo, Palmeiras e terminou a carreira no Matsushita Electric, atual Gamba Osaka, no Japão. Se aventurou como treinador, por 18 anos.

Foi campeão mineiro pelo Atlético.

Mas a falta de um empresário, escolhas erradas e fases dos clubes se juntaram para atrapalhar sua trajetória. Mesmo assim revelou jogadores como Denilson.

Aos 68 anos, Dario segue completamente identificado com o São Paulo. É um dos maiores ídolos da história do clube. Com todo merecimento. “Eu não me arrependo de ter dito não ao Real Madrid. “Escolhi o São Paulo e escolheria de novo. “O Brasil era o Brasil, do melhor futebol do mundo. “E o melhor clube do Brasil era o São Paulo. “E ainda é”...

A exclusiva, na íntegra, com Darío Pereyra está no canal do Cosme Rímoli, no YouTube.

É uma parceria com o R7.

Toda terça-feira há uma entrevista com personagens marcantes do esporte deste país.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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