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Cosme Rímoli - Blogs

Estêvão ganhou a liberdade que Endrick jamais sonhou. Virou a última esperança de o Palmeiras ser tricampeão do Brasil

Abel abriu mão da sua rígida estratégia. Decidiu deixar o atacante de 17 anos livre. Para jogar por onde quiser. Foi o responsável por escancarar a zaga do Grêmio. E os 35 arremates

Cosme Rímoli|Do R7

Estevão é a última aposta do Palmeiras para tentar o tricampeonato brasileiro Cesar Greco/Palmeiras

Abel Ferreira sabe muito bem.

Esse atual elenco do Palmeiras não tem artilheiros de alto nível.

Flaco López e Rony jamais conseguiram, durante toda a temporada fazer os gols que o time precisava.

Foi um dos grandes motivos que a Libertadores e a Copa do Brasil acabaram perdidas.


O treinador sabia que ontem precisava, de qualquer maneira, vencer o Grêmio.

Para ter a mínima esperança de tomar a liderança do Botafogo, que estava com seis pontos de vantagem.


O português, cansado do decepcionante desempenho de Flaco López, apostou na improvisação de Rony.

Colocou um volante apenas, Aníbal Moreno, e três meias: Veiga, Maurício e Felipe Anderson.


E fez sua aposta mais ousada.

Deu total liberdade para Estêvão.

Do meio de campo até a área gaúcha, ele teve o que Endrick jamais sonhou.

Ser o ‘dono do time’, driblar, coordenar, infiltrar, chutar, tabelar.

O menino de 17 anos tinha só a obrigação de rasgar a zaga de Renato Gaúcho.

Foi o que fez com primazia.

Conseguiu fazer com ele e seus companheiros tivessem nada menos do que 35 arremates contra o gol do Grêmio.

Um recorde no Brasileiro, ao lado do que o Corinthians fez contra o Juventude.

A vitória, por 1 a 0, só foi confirmada graças a um toque de Estêvão para as redes, em um rebote de Marchesín, depois de chute cruzado de Dudu.

O adolescente assumiu a liderança entre os artilheiros deste Brasileiro, com 12 gols.

E tem justificado não só a sua ida para a Seleção Brasileira, mas a luta que o Palmeiras fez para tê-lo no Mundial de Clubes, em junho de 2025, apesar de já estar vendido, em uma operação que pode chegar a R$ 340 milhões, ao Chelsea.

A gente tem trabalha bastante. A gente sabe do momento que a gente vive, tentamos dar alegria para o torcedor em campo, para a gente mesmo. Ficamos muito felizes com a vitória, por ter ajudado a equipe. Espero que a gente venha a seguir esse caminho até o fim do campeonato”, disse, empolgado, Estêvão.

Mas ele acabou cedendo à tentação, que provocou insegurança para Abel e a direção.

Ao celebrar o sofrido gol, aos 26 minutos do segundo tempo, correu para abraçar os torcedores nas arquibancadas mais próximas ao gramado.

As imagens ficaram marcantes, mas ele levou tempo exagerado para voltar ao recomeço da partida. E tomou cartão amarelo.

Abel vê em Estêvão maior potencial do que Endrick. Daí a liberdade total Cesar Greco/Palmeiras

O árbitro Marcelo de Lima Henrique ficou completamente sem graça ao dar o cartão, deixou claro que aplicava a regra do jogo.

Com três amarelos, Estêvão está fora da partida do dia 20, contra o Bahia, em Salvador, fundamental para a sobrevivência palmeirense.

Abel terá, de novo, de apostar na estratégia.

E não no improviso, no talento.

Porque não há nenhum atleta no seu elenco que se aproxime do potencial de Estêvão.

Tanto que a torcida havia vaiado muito o time que foi para o intervalo, empatando em 0 a 0, com o Grêmio.

Com a óbvia exceção de Estêvão.

E caprichou no coro de ‘muita folga para pouca obrigação’.

Abel tratou de encarar a torcida, pedindo, com palavrões, apoio.

Sabe que a raiva das arquibancadas vem com a desilusão das eliminações da Libertadores, da Copa do Brasil, e, da derrota no clássico contra o Corinthians. Uma vitória deixaria o clube só dependendo de suas forças para ser tricampeão. E afundaria o rival na crise. Mas veio a derrota por 2 a 0, em Itaquera.

“Desde 21 de agosto que nós temos só o campeonato, então não foi contra o Corinthians que nós treinamos mais ou menos, que descansamos mais ou menos, já vínhamos com sete jogos, mas infelizmente contra o Corinthians não conseguimos produzir, isso é um fato, sentimos um pouco desse nervosismo durante o jogo, talvez essa mesma ansiedade não nos desse a calma e a tranquilidade necessária para fazer gols, vocês usam uma expressão ‘não ser afobado’ na hora de finalizar.”

Abel Ferreira sabe que precisa se livrar da dependência de Estêvão em Salvador.

Não será nada fácil.

Os companheiros já se acostumaram com a imprevisibilidade do garoto de 17 anos.

Estêvão atingiu um status que Endrick jamais chegou perto.

A ponto de fazer Abel Ferreira esquecer seus estudos táticos e deixá-lo apenas jogar.

É graças a este adolescente que o Palmeiras ainda respira no Brasileiro.

E tem o direito a sonhar com o tricampeonato...















Veja também: Abel destaca resiliência do Palmeiras em vitória e elogia rival na briga pelo título

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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