Esposa de Deyverson foi fundamental para a goleada do Atlético sobre o River Plate. “Me tacam pedras e eu recolho”, filosofou o artilheiro
Foi uma atuação soberba. Dois gols e assistência perfeita para Paulinho. 3 a 0 contra o River. Deyverson mostrou que ‘jogo importante’ é com ele. Foi bem demais neste primeiro jogo da semifinal da Libertadores, em Belo Horizonte. Vantagem excepcional
Cosme Rímoli|Do R7
“Hoje a minha esposa me deu uma lição.
“Me falou para eu não tocar de cara virada, para não ficar caindo no chão, só jogar futebol e fazer gol.
“E Deus me honrou e as palavras dela significam para mim e sempre significam porque ela fala todos os jogos.
“Muito feliz por esses dois gols, pelo prêmio (de melhor do jogo).
“Sou muito grato a essa torcida maravilhosa, a todo o estafe, essas pessoas que trabalham, o tio da limpeza, o que lava a roupa, a todas as pessoas. Sem elas o Deyverson não estaria aqui, o Galo abriu as portas para mim de uma forma que nem eu imaginei que jogaria nesse clube e viveria o que estou vivendo.”
Foi como se Deyverson tivesse despertado, aos 33 anos.
Sua atuação ontem na arena atleticana foi soberba.
Sem firulas, chiliques, simulações tolas.
Se preocupou em seguir os conselhos da esposa Karina Alexandre ou aceitou as cobranças fortes de Milito, para ser sério em campo, não importa.
O significativo é que mostrou que, se preocupando apenas em jogar futebol, foi fundamental para o Atlético Mineiro na goleada histórica e que tem tudo para levar o Galo à final da Libertadores.
Enquanto a zaga argentina se preocupava muito com Hulk, Paulinho e Scarpa, Deyverson pôde se infiltrar sem tanta atenção, com espaço. E personalidade, de quem está acostumado a decidir.
Impossível não lembrar que ele fez o gol do Palmeiras contra o Flamengo, na prorrogação da final da Libertadores de 2021.
Ele teve uma função importante, atuando como pivô, com muita movimentação, entre os três zagueiros de Marcelo Gallardo.
Hulk ficou mais fixo pela direita.
Paulinho pela esquerda.
Com Gustavo Scarpa construindo as jogadas ofensivas, mais atrás.
A blitz atleticana deu mais do que certo.
O River Plate de 2024 é uma equipe menos competitiva das que Gallardo montou.
Faltou talento, força física e diminuir os espaços para não permitir que o Atlético organizasse os ataques como quisesse.
Muito pobre a estratégia de contragolpes para cruzamentos buscando Borja, ex-Palmeiras.
Lyanco foi outra vez firme demais na zaga atleticana.
Se Arana estava vigiado, sobrava espaço entre os zagueiros e os meio-campistas.
O caminho para a goleada.
Aos 21 minutos, Hulk usou sua força física descomunal contra a zaga e a bola sobrou limpa para Deyverson.
Ele teve tranquilidade para driblar o goleiro Armani e tocar para o fundo do gol.
O jogo seguiu com o Atlético mais consciente, com melhores jogadores,
E com Deyverson inspiradíssimo.
Na segunda etapa, o River adiantou um pouco suas linhas.
Não com tanta convicção porque contava com atletas limitados.
O que abriu brecha para Arana dar ótimo passe para Deyverson.
O chute, cruzado, foi indefensável.
Armani teve de ir buscar a bola no fundo de suas redes.
O gol marcado aos 24 minutos abateu os argentinos.
E eles permitiram que, quatro minutos depois, Deyverson recebesse a bola na entrada da área.
Entregasse para Paulinho bater forte, convicto.
Atlético Mineiro 3 a 0.
A partida estava decidida.
Os dois times diminuíram o ritmo do confronto.
Deyverson, que foi contratado para ser reserva de Hulk, foi o responsável pela goleada.
Atleta ‘barato’, comprado junto ao Cuiabá por R$ 4,5 milhões.
E a larga vantagem atleticana ao jogo decisivo, em Buenos Aires, na próxima semana.
“Sou um cara privilegiado, abençoado demais, muitas pessoas me tacam pedras e eu sou aquele cara que vai recolhendo para fazer uma casinha para dizer que as pedradas que eles me deram valeram a pena e foi significante. Eu não sou aquele cara que devolve com a mesma pedra, eu guardo e faço dentro de campo, que é o melhor.”
É isso que se espera dele há anos.
Que jogue futebol e não seja prisioneiro do personagem que criou.
Deyverson ainda fez questão de conter a euforia da imprensa mineira, que já vê o Atlético em outra final da Libertadores.
“Muita humildade, sabemos que jogar lá (no Monumental) vai ser muito difícil, contra o River Plate na sua casa, um estádio maravilhoso, como a sua torcida. Não tem nada ganho, é um placar muito bom, mas o jogo é jogado, não falado”, discursou.
Karina Alexandre que siga na campanha de mais seriedade a Deyverson.
Deu certo demais ontem...
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