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Cosme Rímoli - Blogs

Espetacular, Brasil esqueceu o medo. Encurralou a campeã mundial Espanha. Goleou. Depois, de 16 anos, volta a decidir o ouro. Contra os EUA

Arthur Elias mudou a estratégia do confronto na fase de grupos. Esqueceu o medo. Surpreendeu. Marcou por pressão. Assustou, fez as espanholas se encolherem, falharem. E veio a goleada por 4 a 2. Depois de 16 anos, a chance da inédita medalha de ouro

Cosme Rímoli|Do R7

Priscilla provoca a péssima goleira Cata Coll Divulgação/Comitê Olímpico Brasileiro

A goleada do assustador Brasil por 4 a 2, diante da campeã mundial Espanha, tem explicação.

Vitória da tática, da estratégia, da coragem, da firmeza.

Da imposição psicológica.

O Brasil que decidiu a semifinal do futebol feminino deu orgulho.


Foi uma equipe inteiramente diferente daquela que escolheu a covardia na fase de grupos.

A Olimpíada de Paris deu a chance de uma revanche contra as espanholas.


E Arthur Elias não desperdiçou.

Transformou até a suspensão de Marta em trunfo.


Escolheu suas jogadoras com maior força física, fôlego, personalidade, velocidade.

E fez como se acostumou com o quase imbatível Corinthians que teve nas mãos por seis anos.

Transformou o estádio Orange Velodrome em Itaquera.

As espanholas esperavam o mesmo time brasileiro submisso, encolhido, rezando para não perder de forma humilhante.

Montse Tomé acreditava que Elias repetiria o 5-4-1 de seis dias atrás.

Estava absolutamente transparente que as espanholas entraram confiantes demais.

E abertas, em um leve 4-3-3.

Com três zagueiras valentes, donas da área, Thais, Lauren e Tarciane.

Duas volantes onipresentes, Angelina e Yaya.

3-5-2 na base.

Mas que se transformava em um massacrante 3-3-4 para as espanholas.

O Brasil tratou de encurralar as campeãs mundiais no seu campo.

Marcando selvagemente a saída de bola.

Sem deixar que as espanholas respirassem.

Se aproveitou sim, da prorrogação que elas disputaram diante da Colômbia, há três dias.

O Brasil eliminou a França sem ter o tempo extra.

A postura corajosa de Arthur Elias e mais a dedicação total da equipe desestruturaram o império espanhol.

Expôs uma situação que a imprensa europeia já repetia há tempos.

O quanto é fraca a goleira Cata Coll.

Baixa, lenta e péssima com os pés.

Ela foi o ponto mais visível de perturbação que a marcação sob pressão brasileira ocasionou.

Cometeu erros infantis, trouxe intranquilidade para suas zagueiras, para o time todo.

Essas jogadoras fizeram história. Derrubaram a campeã mundial Espanha. E vão decidir o ouro contra os Estados Unidos CBF

Deixando muito claro que os erros foram forçados, provados pela Seleção.

E a sequência desastrosa da goleada começou aos seis minutos.

Com um lance digno de futebol de várzea.

Pressionada por Priscilla, Cata Coll chutou de forma desesperada para a frente.

E acertou a bola na brasileira e na zagueira Paredes, que estava de costas.

Brasil 1 a 0.

O gol teve dois efeitos colaterais.

Deu confiança ao time brasileiro e assustou profundamente o time espanhol.

Se Arthur Elias mereceu todas as críticas no dia 31 de julho, hoje tem de ser aplaudido.

Porque ele manteve o Brasil com a marcação alta, fortíssima na saída de bola.

Levando ao limite físico suas jogadoras.

A Espanha se incomodou profundamente, não tendo o sonhado espaço para trocar passes, trabalhar a bola nas intermediárias, buscar triangulações pelas pontas.

Ficou lutando para tentar sair com a bola dominada.

Perderam toda a concentração, o foco.

O Brasil seguiu na mesma toada impressionante.

Gabi Portilho misturava força e técnica e criava chances em bolas esticadas, em contragolpes estudados, não a esmo, como no primeiro confronto.

E, aos 48 minutos, veio o segundo gol, para desestruturar de vez as espanholas.

Yasmin fez ótimo cruzamento e a Gabi Portilho não desperdiçou, bateu de primeira e venceu a pobre Cata Coll.

Ir para o intervalo com 2 a 0, era um sonho dourado, literalmente.

No segundo tempo, a Espanha tinha de se abrir ainda mais.

E o Brasil seguiu ainda com suas jogadoras indo além do que qualquer conhecedor de futebol esperava.

Ainda mais no verão francês.

A concentração na marcação nas intermediárias seguia invejável.

Além da firmeza da excelente Lorena.

As espanholas se mostravam frustradas, quando o Brasil encaixou outro contragolpe fulminante.

Aos 25 minutos, Priscila desceu pela ponta esquerda, cruzou para Adriana chutar no travessão.

A bola sobrou para Gabi Portilho ajeitar de cabeça para Adriana estufar as redes, 3 a 0.

A decisão da medalha de ouro já era uma certeza.

Aos 39 minutos, em uma bola pelo alto, Paralluelo cabeceou e Duda Sampaio desviou.

3 a 1.

O Brasil não se abalou.

As espanholas acabaram escancarando de vez seu time, depois que Putellas acertou um lindíssimo chute.

E Lorena fez uma defesa incrível, espalmando a bola para o travessão.

Foi no desespero das campeãs mundiais, que o Brasil contragolpeou.

Hernández chutou a bola em cima de Kerolin, que avançou livre.

E tocou no meio das pernas da lastimável Cata Coll.

4 a 1, aos 45 minutos.

A Espanha não esperava o Brasil com tanta coragem. Marcando sob pressão a saída de bola CBF

Vitória mais que garantida.

A Espanha seguiu lutando por sua honra e aproveitando os descontos gigantescos desta Olimpíada.

Desta vez foram 18 minutos, no total.

E Putellas ajeitou de cabeça um escanteio para Paraluello descontar, aos 53 minutos.

O jogo estava mais do que decidido.

Vitória histórica do Brasil por 4 a 2.

No sábado, a decisão do ouro contra os Estados Unidos.

Se Arthur Elias mantiver a coragem tática de hoje, a esperança é real de ouro...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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