“Espero que as pessoas não sejam covardes.” Resumiu Fabrício Bruno, ciente das críticas pela péssima atuação. Brasil perdeu pela primeira vez, na história, para o Japão, de virada, 3 a 2. “Foi uma aula”, disse, tenso, Ancelotti
Tenso, treinador deu suas explicações para a primeira derrota do Brasil para o Japão, em toda a história. Fabrício Bruno e Hugo Souza mostraram enorme insegurança e falharam nos gols do vexame

“Até a Copa do Mundo, tem muito tempo. Um erro não vai me definir como jogador. Talvez possam querer me rotular, me criticar, faz parte do processo, mas me definir por 45 minutos, um lance, é impossível.
“Peço que as pessoas não sejam covardes a ponto de me crucificar por um erro que, infelizmente, aconteceu. É servir de aprendizado, sentir a dor e ter a cabeça fria neste momento. Filtrar esse lance, esse momento e seguir adiante no meu clube para seguir tendo oportunidades na Seleção.”
O desconsolo de Fabrício Bruno deu o tom do que aconteceu hoje, em Tóquio.
E ele sabe que foi personagem principal do vexame brasileiro.
“Desastre!”
“Brasil caiu das nuvens!”
Enquanto os jornais europeus são duros com a incrível virada que a Seleção tomou do Japão, por 3 a 2, Carlo Ancelotti tentava amenizar a situação.
E preservar atletas que tiveram erros infantis e comprometeram a Seleção. Principalmente Fabrício Bruno.
Não mostrando estarem preparados psicologicamente para atuar na Seleção Brasileira.

Como Fabrício Bruno, responsável por dois gols japoneses, e Hugo Souza, falhando no gol da virada.
Muito tenso, ele mostrou na coletiva que sentiu o golpe.
Mas usou toda sua vivência para tentar tirar proveito do vexame em Tóquio, que custou a primeira derrota para o Japão, na história. Em 14 confrontos, jamais o Brasil havia perdido.
“É uma boa aula nesta noite. Há coisas que precisamos aprender do jogo de hoje, sobretudo da segunda parte.
“Acho que temos que ter equilíbrio no pensamento do que temos que fazer. A equipe jogou muito bem contra a Coreia, foi bem na primeira parte e muito mal na segunda.”
Embora tenha feito força para não expor seus jogadores, o treinador italiano não teve como fugir do óbvio. A falha grotesca de Fabrício Bruno, que tinha a bola dominada e a entregou para Minamino fazer o primeiro gol japonês e mudar radicalmente o espírito do jogo, que era dominado pelo Brasil.
“Acho que o jogo de hoje, até o erro de Fabrício, estava bem controlado. Depois, eu tenho muito claro o que aconteceu. A equipe caiu mentalmente. Isso foi o maior erro. Não acho que a atitude não foi boa. O que afetou demais foi o erro.”
Ancelotti sentiu o peso das cobranças pela segunda derrota comandando o Brasil. E a com maior repercussão mundial.
“Não está tudo bem, não. Quando a equipe perde, estamos incomodados, isso é normal. Todo mundo está incomodado. Não gosto de perder, nem os jogadores. Temos que aprender com essa derrota.”
Ancelotti fez testes. Colocou apenas três titulares para começar a partida: Casemiro, Bruno Guimarães e Vinicius Júnior. Os demais oito tinham chance de mostrar se podem ou não sonhar com a Copa do Mundo.
Bruno Guimarães, seguindo a melhor fase de sua carreira, deixou Paulo Henrique, cara a cara com Zion Suzuki. E o lateral vascaíno marcou um belíssimo gol, batendo de três dedos, aos 25 minutos.
Com o meio-campo brasileiro ditando o ritmo, pressionando os japoneses na defesa, Paquetá descobriu Martinelli livre. 2 a 0, aos 31 minutos. A sensação é que viria uma nova goleada, como havia acontecido contra a Coreia do Sul.

Só que a Seleção diminuiu o ritmo, já que havia imposto muita intensidade. O desgaste foi grande para uma equipe desentrosada.
E veio o segundo tempo.
Sem nada a perder, o treinador Hajime Moriyasu mudou a postura do seu time. E passou a pressionar a saída de bola brasileira.
Foi o suficiente para que o personagem da partida se destacasse. E não de uma maneira empolgante.
Pelo contrário.
Fabrício Bruno mostrou sua limitação técnica e falta de força psicológica com a camisa da Seleção.
Com a bola dominada, ele mostrou indecisão juvenil. E entregou ‘de presente’ para Minamino diminuir, 2 a 1, aos seis minutos.
O lance tosco desequilibrou o espírito do jogo. Os japoneses se entusiasmaram. Perceberam que o Brasil não era uma equipe tão forte. E, dez minutos depois, empataram o jogo.
Ito cruzou, Nakamura bateu cruzado. A bola era absolutamente fácil de ser despachada, mas Fabrício Bruno errou na hora de chutá-la e ela foi para as redes. 2 a 2.
Outro lance lastimável.
E que deu ainda mais confiança aos orientais.
O Brasil não conseguia reagir, perdera totalmente o controle do jogo.
Ancelotti viu a Seleção tomar o terceiro gol. De forma que ele considera mais primária. Na cobrança de um escanteio.
Ito, sempre ele, cobrou. Ueda cabeceou livre. Mas a bola foi em cima de Hugo. O goleiro, muito nervoso, não conseguiu defendê-la. 3 a 2 Japão.
Os japoneses sabiam que um tabu histórico estava para acabar. E lutaram, como se fosse final de campeonato. Conseguiram vencer o Brasil, pela primeira vez. E vibraram muito.
Por outro lado, jogadores brasileiros saíram cabisbaixos. Principalmente Fabrício Bruno e Hugo Souza, consolados pelos companheiros. Sabiam que seus erros custaram a derrota.
Carlo Ancelotti seguiu seu papel público.
Amenizar o resultado pesado, marcante.
“Essa e a próxima Data Fifa são períodos de teste, vamos seguir fazendo testes na Data Fifa de novembro. Isso não muda a nossa ideia do que fazer. Foi uma boa aula nesta noite, há coisas que precisamos aprender no jogo de hoje, sobretudo no segundo tempo. Acho que temos que ter equilíbrio no que fazer.
“Equipe jogou muito bem contra a Coreia, jogou bem no primeiro tempo (contra o Japão) e muito mal no segundo tempo. É um processo, e na Copa do Mundo temos que ter equilíbrio. Temos que aprender com os erros na segunda parte. O maior erro do time foi não ter boa reação depois do primeiro gol.”
Em novembro, o Brasil enfrentará o Senegal, na Inglaterra, e a Tunísia, na França.
Fabrício Bruno não deverá fazer parte dos convocados...