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Cosme Rímoli - Blogs

Escapou de dois impeachments. Mas Peres está encurralado no Santos

O parecer negativo do Conselho Fiscal, publicado no blog, determina  a reprovação das contas de 2019. Com o 'sim' dos conselheiros, adeus mandato

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Dois pedidos de impeachment. Peres nunca esteve tão perto de perder o cargo
Dois pedidos de impeachment. Peres nunca esteve tão perto de perder o cargo

São Paulo, Brasil

Embora Flamengo, São Paulo e Corinthians tenham feitos planos mirabolantes, não adiantaram.

O clube mais importante do Brasil no Exterior tem nome.

Santos Futebol Clube.


Não só pelas conquistas, entre elas, o bicampeonato mundial, mas por ser berço de Pelé, o melhor de todos os tempos, Pepe, Coutinho, Robinho, Neymar.

Mas o clube jamais conseguiu crescer como merece. 


Segue preso em um estádio ultrapassado, com enormes dificuldades financeiras.

E eterna convulsão política.


Deve entrar em mais uma.

O presidente José Carlos Peres conseguiu, com margem assustadora, sobreviver a mais um processo de impeachment.

Sim, o segundo.

O primeiro pedido veio na Assembleia Geral dos Sócios, por ser acusado de ter sociedade em uma empresa de agenciamento de jogadores e de ignorar uma portaria no Santos que decidia: as contratações deveriam ser submetidas a ele e ao Conselho Gestor. Peres escolheria as compras e vendas de atletas sem levar ao conselho.

2.064 contra o impeachment, 1.088 a favor do impeachment, 11 nulos e oito brancos; total de votos: 3.171, na primeira acusação.

2.001 contra o impeachment, 1.155 a favor do impeachment, oito nulos e um branco; total de votos: 3.165, na segunda. 

Isso, no dia 29 de setembro de 2019.

Veio a segunda tentativa de impeachment contra Peres.

Há três dias. 

A votação, dos conselheiros, foi surreal.

Por 79 votos contra, seis a favor e 75 abstenções na votação, não foi dado prosseguimento ao parecer elaborado pela Comissão de Inquérito e Sindicância (CIS) sobre as contas do clube em 2018 - déficit de R$ 77 milhões -, que pedia a saída do mandatário e punição aos demais membros do Comitê de Gestão.

Sim, 79 a favor da permanência, seis contra a continuidade de Peres. E nada menos do que 75 abstenções!

Mas Peres não tem o que comemorar.

Em 2019, as contas de 2018 foram reprovadas pelo Conselho Fiscal.

Os conselheiros também a rejeitaram, com o prejuízo de R$ 77 milhões.

Peres deveria ter sido afastado do cargo, como prevê o Programa de Modernização da Gestão de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro, o Profut.

Mas faltava a adequação do seu estatuto ao programa. Houve uma Assembleia Geral em outubro de 2019 e a adequação foi feita.

Essa adequação pode ser fatal a Peres.

Porque o blog publica, em detalhes, a nova reprovação do Conselho Fiscal, em relação às contas do Santos. Desta vez, em 2019. E que se encaixa no Profut, que recomenda o afastamento do presidente.

A análise das contas foi feita pela consultoria Rokembach + Lahm, Villanova & Cia Auditores.

São 33 páginas estarrecedoras.

No balanço santista, não há comissão por Bruno Henrique. No do Flamengo, sim...
No balanço santista, não há comissão por Bruno Henrique. No do Flamengo, sim...

A venda de Bruno Henrique ao Flamengo é exemplar.

O Conselho Fiscal cita, em seu relatório, que Bruno Henrique foi vendido ao Flamengo por R$ 23 milhões.

No contrato de transferência, de acordo com o documento, não há menção a pagamento de comissões. O que seria ótimo.

No balanço do Flamengo,no entanto, estão registrados R$ 1.610.000,00 pagos para uma empresa de marketing esportivo, a Yesport Marketing Esportivo Ltda, cujo sócio administrativo é o empresário Renato Duprat.

O Conselho Fiscal afirma ter pedido explicações à diretoria do Santos em três oportunidades sobre a transferência de Bruno Henrique: em 3/9/2019, 15/10/2019 e 19/2/2020.

E, de acordo com o parecer, o departamento jurídico respondeu. Destacando que a negociação foi feita pelo presidente José Carlos Peres.

O Santos gastou em 2019, R$ 7.383.230,00 com intermediações nas negociações de jogadores.

R$ 28.761,65 foram gastos com cartões corporativos. E não explicados, de acordo com o Conselho Fiscal.

Há, de acordo com a consultoria, diferenças gritantes entre o que foi orçado e executado pelo Santos, de R$ 379.153.724,00 planejados para R$ 399.829.093,00 utilizados, os custos com futebol, de R$ 184.525.082,00 orçados e R$ 246.589.300,00 gastos.

E o aumento de R$ 41 milhões na folha salarial anual do clube em 2019, acréscimo de 30,8%. Sem a conquista de qualquer título.

Denuncia ainda que o clube sofreu 138 processos. Na Justiça Comum. Na Trabalhista. 

E da Fifa.

Que impede que o clube faça transações internacionais.

R$ 48,6 milhões foram tomados emprestados e antecipados pelo clube.

O déficit do clube chegou, em 2019, a R$ 316 milhões.

O parecer assinado por Norberto Moreira da Silva, Sylvio Affonso Moita Figo, Dagoberto Cipriano de Jesus Oliva, José Eduardo de Abreu Lopes e André Ferreira de Abreu.

Já está nas mãos do presidente do Conselho Deliberativo, Marcelo Teixeira.

Com a recomendação de reprovação das contas de 2019, Teixeira tem a obrigação estatutária de convocar os conselheiros.

E,se eles decidirem pela reprovação, não haverá saída desta vez.

José Carlos Peres será afastado da presidência, como obriga o Profut.

Leia também

Seu mandato deveria terminar em dezembro.

Ele avisou que não concorrerá à reeleição.

"Eu não tenho o menor interesse em continuar.

"Fiz a minha parte.

"Contrato de três anos.

"No primeiro dia que eu assumi veio um monte de gente com facão na mão.

"A minha família não quer mais esse estresse."

Cada vez fica mais fácil de entender.

Os motivos que travam o Santos.

O impedem de ser tão grande quanto imaginam no Exterior.

E que merece ser...

Leia aqui a íntegra do parecer do Conselho Fiscal do Santos

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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