Escândalo no São Paulo. Diretor da base Douglas Schwartzmann, e ex-mulher do presidente, Mara Casares, não voltarão aos seus cargos por conta de conversa comprometedora. Oposição pede afastamento do presidente

O escândalo revelado nesta manhã teve consequências.

O áudio divulgado da ex-mulher do presidente do São Paulo, e diretora do departamento feminino do clube, Mara Casares, e do diretor da base, Douglas Schwartzmann, foi incendiário.

Ambos pediram licença dos seus cargos.

Mas a cúpula do São Paulo decidiu que ambos não retornarão às suas funções.

A oposição já tem assinatura de 41 conselheiros para que Julio Casares seja afastado da presidência do clube.

A conversa de 44 minutos é mesmo assustadora.

Nela, os diretores pressionam a funcionária Rita de Cássia Adriana Prado para retirar um processo contra Carolina Lima Cassemiro. De acordo com a conversa, Carolina teria pego 60 ingressos de Adriana e não teria pago integralmente o combinado.

Mara Casares e Schwartzmann insistem para que não sejam relacionados a privilégios financeiros que teriam no uso do camarote que é do São Paulo Futebol Clube.

Na noite do show, dia 13 de fevereiro, o camarote estava à disposição do departamento feminino do São Paulo.

A história é simples. Adriana, como Rita gosta de ser chamada, entrou com processo contra Carolina. Porque ela teria levado 60 ingressos do camarote 3A, do São Paulo. Deveria ter pago a ela R$ 132 mil. Mas Carolina só teria entregue R$ 100 mil.

Adriana registrou o processo criminal na 34ª Delegacia de Polícia de São Paulo.

“Você nunca soube que aquilo era feito de forma clandestina?

“A palavra é essa. Ou você não sabia? Você sabia ou não?.

“Eu não tenho camarote lá. Veio de quem? O que vai acontecer: a Mara vai ter que se explicar.

“Como é que faz no clube a hora que souber que ela te deu um camarote para explorar? Você vai acabar com a vida da Mara dentro do clube. E do Julio, porque ela é (ex) mulher do Julio”, reclama Douglas.

“E o Marcio vai ser mandado embora, porque foi ele quem concedeu o camarote para ela (Mara). Eu não tenho nada com isso, não tenho meu nome em nada. Não peguei camarote nenhum, não tenho nenhum documento lá. Agora, a Mara tem e o Marcio também.

“Quer prejudicar a Mara e o Marcio? Só queria entender o que você quer fazer com isso. O Márcio Carlomagno, CEO, me perguntou: “já encerrou o processo?

“O que nós vamos fazer? Eu vou ter que envolver o nome de todo mundo aqui, vou ter que declarar a verdade”. Acabou de me mandar. Eu falei: “não, fica tranquilo que a Mara está conversando com a Adriana, e ela vai retirar o processo.”

“Acabei de escrever. Aí você faz o que você quiser, eu não posso fazer mais nada. Eu não tenho como me envolver nisso”, reiterou o diretor da base.

Márcio Carlomagno é o homem escolhido por Julio Casares para sucedê-lo na presidência do São Paulo.

Douglas tentou ser didático com Adriana.

“Eu vou explicar de novo: você comprou ingresso para vender para quem e de onde? Do camarote “X”. Como é que você tinha esse camarote para vender?

“Porque ela (Carolina) vai falar que comprou do camarote tal, vai mostrar o contrato. É tudo fictício, querida! Você acha que vai ganhar o quê? Aquilo tudo é uma ficção.

“Você vai fo... com a vida da Mara, e o São Paulo vai ter que declarar que aquele camarote não era comercializado, que foi clandestino e que foi feito tudo de forma errada.

“Você vai perder e ainda vai fo*** com a vida dela.”

Ele já sabia que o vazamento da situação iria acabar com a trajetória política de Mara no São Paulo. Douglas não previa que a sua também pode ter terminado com esse vazamento.

Douglas vai ficando impaciente.

“Seu advogado sabe que é tudo clandestino? Quer que eu explique para ele como você obteve esse negócio? Você quer que eu ligue para o seu advogado e explique que você não tinha direito de comercializar aquilo? Porque você sabe que não tinha. Eu, você e a Mara sabemos.”

Adriana responde a Douglas.

“O que eu sei é que vocês me dão um camarote e eu posso passar para algumas empresas, alguns patrocinadores.”

Mara Casares acalenta há anos o sonho de ser presidente do São Paulo. E ela pressiona Adriana para que tire o processo, lembrando que pode atrapalhar seus planos de poder no Morumbi.

“Adriana, posso falar? Vou pedir e já pedi hoje encarecidamente. Retire esse processo, por favor. A única prejudica serei eu. E mais, serei eu, esse processo dará tanta volta, tanta volta, serão anos e anos, eu estarei fodida e você não vai ter recebido. Essa vagabunda com quem você tratou foi vagabunda, só que o que adianta eu falar que ela foi vagabunda?

“Que isso e aquilo?

“Para a gente ter futuro, a gente precisa limpar o presente. Eu estou percorrendo dentro do São Paulo um caminho profissional de futuro para assumir coisas grandes.

“E eu vou ser prejudicada. Só isso. Eu falei isso para vocês sempre. Não podemos ter problema. Não podemos ter problema. Eu sempre te falei isso.”

Diante da firmeza de Adriana em não tirar o processo, Douglas dá um conselho para Mara. Para que Adriana ouça.

“Mara, vou te dar um conselho, com todo respeito. Se não sair esse processo, você vai ter que testemunhar contra a Adriana. Você vai falar que não teve participação, que você nunca deu nada, que você foi lesada. Que nem sabia disso. Vai ter que ficar do lado da outra lá”.

A conversa tem 44 minutos.

E segue pelo mesmo caminho.

Membros da oposição repetem a palavra ‘escândalo’.

Mara escreveu que a conversa foi retirada do contexto.

Douglas não se manifestou.

Assim como Rita/Adriana.

E Marcio.

Ninguém nega que houve realmente a conversa.

A oposição conseguiu 41 assinaturas pedindo o afastamento do presidente Julio Casares.

São necessárias 52 assinaturas.

O conselho do São Paulo é formado por 260 conselheiros. 160 vitalícios. E 100 ‘rotativos’, trocados a cada eleição.

A pressão da situação é buscar barrar esse pedido de afastamento, que fragilizaria Casares, para o seu último ano do segundo mandato.

O presidente do Conselho Deliberativo é Olten Ayres de Abreu, ligado politicamente a Casares. E que também deseja ser presidente do São Paulo.

A situação é mais do que tensa no Morumbi.

A decisão dos homens mais poderosos, que apoiam Casares, é que Mara e Douglas não voltem à administração do clube.

Lembrando que os dois podem ser até expulsos do São Paulo.

O clube termina 2025 devendo mais de R$ 1 bilhão.

E não se classificou para a Libertadores de 2026...