São Paulo, Brasil
Muito mais importante que a proteção irracional de Tite a Daniel Alves e Philippe Coutinho. Sem comparação com a ênfase dada à ausência de Renan Lodi, por ter tomado apenas uma dose de vacina contra a Covid-19 e ter perdido os jogos, sem importância, contra o Equador e o Paraguai, pelas Eliminatórias da Copa do Catar, para a qual a seleção está classificada, com cinco rodadas de antecedência.
Neymar fora, contundido, era mais do que esperado.
Fundamental nesta quinta-feira, 13 de janeiro de 2022, foi o vazamento da tentativa desesperada do Brasil de fazer sua obrigação. Buscar amistosos contra as seleções europeias, muito mais avançadas taticamente do que o time de Tite.
Desde a derrota para a seleção belga, com a eliminação nas quartas da Copa da Rússia, o Brasil só enfrentou a República Tcheca, do território europeu.
Tite conversou com o presidente interino da CBF, Ednaldo Rodrigues. Já havia insistido com o presidente Rogério Caboclo, afastado por assédio sexual. O treinador sabe melhor do que ninguém, mas disfarça quando fala aos jornalistas, da necessidade de o Brasil enfrentar gigantes europeus antes da Copa.
Por várias questões. Adaptações táticas, confiança dos jogadores, intensidade física necessária.
Mas de nada têm adiantado seus pedidos. A CBF tem demonstrado enorme incompetência em driblar o calendário imposto pela Uefa e pela Fifa.
A Eurocopa e as Eliminatórias Europeias já eram grandes obstáculos. A criação da Liga das Nações, torneio disputado entre seleções do Velho Mundo, dificultou de vez, travou a possibilidade de amistosos.
A cúpula da CBF, com seus três últimos presidentes afastados do cargo pela Justiça, não desperta grande respeito fora do país. Muito pelo contrário. José Maria Marin, Marco Polo del Nero e Rogério Caboclo trouxeram enorme prejuízo moral à entidade. Assim como Ricardo Teixeira, que foi banido do futebol.
Daí a Fifa não ter levado a sério a consulta para que o Brasil atuasse nas duas últimas partidas das Eliminatórias, contra Chile e Bolívia, com equipe reserva. Enquanto a principal faria amistosos na Europa.
Foi ingenuidade absurda.
A Fifa jamais aceitaria que uma competição como as Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo fosse desprezada pelo Brasil.
O amadorismo, a incompetência na negociação são assustadores.
Juninho Paulista, reserva na Copa do Mundo em 2002, é quem teria a responsabilidade de, como coordenador da seleção, resolver esse problema.
"Os europeus não querem jogar contra nós. Esse é o problema", diz Juninho, constantemente, aos jogadores.
O problema não é "querer".
Está no dinheiro.
Empresários importantes do futebol brasileiro que negociam com clubes europeus sabem. A saída, já que esses jogos são mesmo tão importantes, seria a CBF oferecer o máximo de dinheiro possível às federações com grandes seleções. E não dividir o dinheiro da transmissão das partidas, como costuma ocorrer.
Ou seja, a CBF teria de abrir mão de sua parte.
O Brasil costuma ganhar entre 1 e 2 milhões de dólares, R$ 5,5 milhões e R$ 11 milhões, por amistoso. Esses empresários já ouviram que a solução para os amistosos ocorrerem está em a seleção se sujeitar a não receber para jogar. Ou até pagar para jogar.
O patrimônio da CBF é bilionário.
Mas os dirigentes se acostumaram com grandes cotas para o único pentacampeão mundial entrar em campo.
Daí outra parte importante do entrave.
O Brasil tem apenas cinco datas para amistosos antes da Copa do Mundo.
A CBF já amarra jogos com seleções africanas e asiáticas.
O único fato positivo é que, como esses amistosos ocorrerão depois das Eliminatórias e do sorteio dos grupos, a entidade buscará alguma seleção europeia fraca, que não se classificou para o Mundial, mas que tenha características parecidas com as de uma equipe que faça parte do grupo do Brasil.
E só.
Não é por acaso que, desde 2006, a seleção coleciona eliminações de Mundiais diante de europeus.
Diante desse fracasso, seguem as Eliminatórias, com o Brasil já classificado, tendo de atuar com seu time principal. Hoje ocorreu a convocação para os dois próximos jogos.
Contra o Equador, no dia 27, em Quito. E diante do Paraguai, no dia 1º de fevereiro, no Mineirão.
Goleiros: Alisson (Liverpool), Ederson (Manchester City) e Weverton (Palmeiras)
Laterais: Emerson Royal (Tottenham), Daniel Alves (Barcelona), Alex Sandro (Juventus) e Alex Telles (Manchester United)
Zagueiros: Eder Militão (Real Madrid), Gabriel Magalhães (Arsenal), Marquinhos (PSG) e Thiago Silva (Chelsea)
Meios-campistas: Fabinho (Liverpool), Paquetá (Lyon), Bruno Guimarães (Lyon), Casemiro (Real Madrid), Fred (Manchester United), Gerson (Olympique de Marselha), Everton Ribeiro (Flamengo) e Philippe Coutinho (Aston Villa)
Atacantes: Antony (Ajax), Gabigol (Flamengo), Gabriel Jesus (Manchester City), Matheus Cunha (Atlético de Madri), Raphinha (Leeds), Rodrygo (Real Madrid) e Vinicius Junior (Real Madrid)....
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