Entre as eternas vaias ao apático São Paulo, Gabigol se transforma no novo reserva do Cruzeiro. O ídolo do Flamengo perdeu o sorriso em Minas
No monótono empate em 1 a 1, a torcida do São Paulo mostrou outra vez impaciência com o time. Vaias e xingamentos a Zubeldía, que nem estava no banco, suspenso. Neste cenário conhecido, uma imagem chamou a atenção: Gabigol no banco. Sem entrar no jogo
Cosme Rímoli|Do R7

Entre luvas e salários, ele só perde para Memphis Depay.
O corintiano recebe R$ 5 milhões a cada 30 dias.
Gabigol, R$ 3 milhões.
O jogador de 28 anos está mais rico.
Mas infeliz.
Logo no seu primeiro ano, de vínculo de quatro, ele já vive dificuldades.
Leonardo Jardim considera que o jogador não se movimenta.
Não abre espaço para os companheiros.
Não tem participação quando o Cruzeiro está sem a bola.
Esses foram os motivos para decidir deixá-lo no banco, contra o São Paulo, ontem, no Morumbi.
Para surpresa geral da imprensa mineira, ele não entrou um minuto sequer, no empate em 1 a 1, gols de Ferreira e Kaio Jorge.
Viajou de Belo Horizonte para São Paulo para ver uma partida ruim, com dois times instáveis.
E que só poderiam empatar.
No cenário, cada vez mais comum, dos torcedores tricolores vaiando a equipe, após mais um tropeço, e xingando muito Luiz Zubeldía, que sequer estava no estádio, suspenso, a falta de alegria de Gabigol era evidente.
Contratado a peso de ouro, cuja apresentação teve festa inesquecível no Mineirão, o atacante acreditou que estava trocando o Flamengo, onde, apesar da briga com a diretoria, era ídolo, para se tornar motivo um jogador indiscutível.
E ainda voltar à Seleção Brasileira.
Errou feio.

Mesmo sendo o artilheiro do Cruzeiro, com sete gols nesta temporada, não conseguiu seduzir nem a torcida e muito menos os jornalistas mineiros.
O dono do Cruzeiro, Pedro Lourenço, gastou mais de R$ 250 milhões para montar o time que Leonardo Jardim tem nas mãos.
Mas o resultado tem sido pífio.
O time não chegou sequer à final do Mineiro.
Fernando Diniz já foi mandado embora.
Jardim assumiu tentando dar consistência a um elenco desequilibrado.
Com muitos meio-campistas e atacantes.
Está difícil.
Depois do desastre em Porto Alegre, com o seu time perdendo por 3 a 0 para o Internacional, decidiu mexer em Gabigol.
O tirou do time, sem piedade, contra o São Paulo.
Vivido, o jogador não quis criar problemas e tratou de ir calado para o banco.
Com a companhia de Dudu, entre outros.
“Sou muito fã do Gabriel. Ele é um finalizador nato. Um jogador que gosto, já gostava quando ele estava no Flamengo. Mas o Gabriel também, às vezes, num jogo de característica, não pode nos ajudar muito. Aconteceu isso no Inter, num jogo mais de transição, de atacar a primeira bola. Com certeza, não é nesse modelo”, justificou Leonardo Jardim.
A diretoria não interferiu.
Gabigol saiu sem falar com a imprensa.
Perdeu um grande palco, jogo importante, entre dois clubes gigantes.
Ficou no holofote.
Não há portal que não destaque o fato de não poder jogar um minuto sequer ontem.
O atacante, sempre muito ativo nas redes sociais, está sem postar há duas semanas.
Está diferente, sem a confiança, a alegria que mostrava no Rio de Janeiro.
A torcida cruzeirense está longe de mostrar a mesma idolatria que a flamenguista.

Ele sofre o reflexo de jogadores que ainda não conseguiram montar um time forte.
Leonardo Jardim já deixou explícito no Morumbi.
Pelo treinador português, em jogo que precisar de movimentação, Gabigol será reserva.
O técnico mostra muita firmeza ao lidar com estrelas.
“Estou me adaptando ao Brasil. É pressão todo dia. O futebol brasileiro vive dessa emoção à flor da pele, logo na quarta rodada. Eles sabem disso. Mas os jogadores tiveram atitude dentro do campo, e é o que acho que os profissionais devem fazer.
“Não se joga falando.
“Trabalhei com um jogador do Botafogo em Dubai, que falava que até papagaio fala.
“Jogar que é importante”, disse na sua coletiva, no Morumbi.
O recado a Gabigol está dado...
Veja também: Leonardo Jardim: ‘Sou muito fã do Gabriel’
O técnico do Cruzeiro explicou o motivo de o atacante não ter jogado contra o São Paulo.