Endrick vira o símbolo, involuntário, do fracassado trabalho de Ramon Menezes. Que custou a vaga nas Olimpíadas de Paris
O atacante de R$ 400 milhões é o jogador mais cobrado no vexatório Pré-Olímpico que o Brasil disputou e perdeu na Venezuela. Seleção ficou sem vaga nas Olimpíadas, depois de 20 anos
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Altos e baixos, vitórias e derrotas, alegria e tristeza, choro e sorriso, e agradeço pela mão de Deus na minha vida, sem ele não seria NADA.
"E agradeço por Ele ter colocado a mão dentro deste campo.
"Obrigado a todos os brasileiros que estão conosco, iremos lutar pra felicidade do povo brasileiro o tempo todo.
"Amo vocês, povo brazucaaaa, vamos juntos, amo vocês, e de novo amo vocês kkkkkk, fica com nós, hein ."
Essa foi a mensagem de Endrick nas suas redes sociais, após o Brasil vencer a Venezuela, por 2 a 1, e ter chance de se classificar para as Olimpíadas de Paris.
Ele era, assumidamente, a estrela no time muito mal montado, escalado, comandado por Ramon Menezes, treinador que havia fracassado de forma vexatória no comando da Seleção principal. Foi com ele que o Brasil foi eliminado do Mundial sub-20, diante de Israel, nas quartas de final.
Endrick só estava no pré-Olímpico da Venezuela por imposição do Real Madrid. Vendido ao clube espanhol, ele só atua no Palmeiras até julho, quando completará 18 anos. No contrato, a direção da equipe europeia poderia exigir a presença do atacante em competições de seleções com alto nível. Como o Pré-Olímpico e Olimpíada.
O Real Madrid queria dar mais experiência a Endrick.
Ganhando ou perdendo com a camisa do Brasil.
E ontem foi seu 'batismo', a primeira derrota marcante como protagonista.
Com o mundo acompanhando o clássico entre Brasil e Argentina, duelando por um lugar nas Olimpíadas de Paris, o atacante de R$ 400 milhões fracassou.
Em um esquema confuso, teórico 4-5-1, ele deveria ser o homem de definição.
Foi sacrificado no esquema, muitas vezes recebendo a bola de costas para a firme defesa argentina.
Acompanhado, de forma individual, pelo vigoroso volante Sforza, que o Newell's Old Boys está negociando com o Vasco, Endrick foi anulado. Nas raras vezes que conseguiu vantagem, o zagueiro Valentini resolvia a questão para o time de Mascherano.
Prejudicado também por não ter John Kennedy ao seu lado, graças à demonstração de medo de Ramon Menezes, que escolheu Guilherme Biro, com maior poder de recomposição.
E ainda saiu aos 27 minutos do segundo tempo, com o treinador desperdiçando o seu potencial, capaz de, em um lance, mudar o destino da partida decisiva.
Endrick foi substituído e viu o Brasil perder o jogo.
Ficar sem a vaga para a Olimpíada.
Ele, que sonhava em ser o jogador desequilibrante, como foi Neymar na conquista do ouro olímpico, em 2016.
Pelo bem ou pelo mal, Endrick volta diferente ao Palmeiras.
Passa pela sensação injusta de personificar o fracasso.
Mas paga pelo talento.
Foi sempre assim com seu ídolo Neymar.
Embora o bom senso aponte para o péssimo trabalho de Ramon Menezes.
O ex-cerebral jogador do Vasco tem se mostrado um técnico fraquíssimo.
Foi responsável pelo rebaixamento do Joinville e da Tombense.
Encaminhou a queda do Vitória, em 2021, para a Série C do Brasileiro.
Ramon Menezes só assumiu o cargo de treinador das Seleções Brasileiras de base graças ao ótimo relacionamento com o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
Ele assumiu no lugar de André Jardine, que preferiu ir trabalhar com clubes no México.
Endrick é o símbolo de uma geração apenas promissora.
Mycael; Khellven, Arthur Chaves, Lucas Fasson e Rikelme (Giovane); Andrey, Gabriel Pirani (Bruno Gomes) e Maurício (John Kennedy); Guilherme Biro (Gabriel Pec), Alexsander e Endrick (Marquinhos).
Esse foi o time que perdeu a vaga para os Jogos Olímpicos de Paris.
O último país bicampeão foi eliminado.
A desculpa que não foram liberados Vitor Roque, Rodrygo, Paulinho, Gabriel Martinelli.
Ramon Menezes não repetiu o time uma vez sequer no Pré-Olímpico.
O Brasil fez menos gols do que a Argentina, Paraguai, Venezuela e até mesmo o Uruguai, que caiu antes do quadrangular final.
Ramon montou uma equipe acovardada, perdida taticamente.
E Endrick, de forma injusta, virou o símbolo desse fracasso.
Como também, de forma injusta, seria o símbolo de sucesso, caso viesse a classificação.
Que o jovem atacante tire lições do vexame.
E comece a conversar, explicar, detalhar aos treinadores que insistem em escalá-lo de forma errada.
Seu futebol rende como segundo atacante, não como o jogador que atue como referência, de costas para o gol, quase como um pivô.
Era como Abel Ferreira o escalava no seu início como profissional.
Quando o português finalmente entendeu e deu liberdade, o resultado foi excelente.
Mas tudo regrediu com Ramon Menezes.
O Brasil está fora da Olimpíada, depois de 20 anos.
Que Endrick tire lições importantes para sua carreira.
Que o vexame sirva ao menos para isso...
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.