“Endrick foi a minha maior traição. O levei para o Palmeiras. Mas os pais escolheram outro empresário.” Revelação do agente Paulo Roca
Empresário especialista em jovens talentos revela como levou Endrick ao Palmeiras. Mas na hora do primeiro contrato, os pais do jogador de R$ 400 milhões escolheram outro agente. O clube paulista reconheceu o que se passou. E até pagou a Roca
Cosme Rímoli|Do R7
A corrida pela descoberta de jovens jogadores no futebol brasileiro é selvagem.
E com direito a atletas muito mais precoces do que se poderia supor. ‘Já virou mais do que comum meninos com nove anos já terem seus representantes legais, seus empresários, seus agentes”, revela Paulo Roca, em entrevista surpreendente.
Ele se tornou um dos especialistas neste competitivo mercado. De Norte a Sul, o Brasil já está dividido por empresários. E olheiros de grandes clubes. “E muitas vezes os próprios empresários levam suas descobertas para uma equipe com estrutura para desenvolver o potencial dos seus atletas. Eu trabalho com o Palmeiras que, para mim, faz algo mais do que especial na base. O João Paulo Sampaio sabe como aprimorar ao máximo os meninos. Não é por acaso, o sucesso do clube com revelações importantíssimas. Como o Estevão, o Luiz Guilherme, o Giovani, o Endrick.”
Falar sobre Endrick é algo importante para Paulo Roca. Ele não se conforma pelo jogador da Seleção Brasileira, que o Real Madrid pagou R$ 400 milhões, ter escolhido trabalhar com outro empresário, Frederico Pena, quando chegou a hora de assinar seu primeiro contrato, aos 16 anos. “Eu vi o Endrick nascer para o futebol. Me encantei com aquele enorme potencial. E ajudei demais o Douglas (pai de Endrick) para que ele jogasse no Palmeiras. A família dele sabe melhor do que ninguém o quanto eu colaborei. Tanto que recebi um percentual da venda por ter levado o Endrick para o Palmeiras.
“Nossa relação era ótima. E ainda é. Só que na hora da definição, o Douglas optou por seguir com outro agente. Fiquei muito abalado. Me doeu pessoalmente. Mas eu entendo. Foi uma escolha profissional.
“Mas a minha maior traição no futebol foi o que aconteceu com Endrick”, desabafa.
A negociação mais alta de um jogador ‘seu’ foi a de Giovani, que o Palmeiras vendeu ao Al-Sadd, do Catar. Foram R$ 47 milhões. Paulo é ex-jogador e começou com uma escolinha de futebol em Catanduva. Aliás, atuou ao lado do pai de Neymar e acompanhou a rigidez com que ele tratava o filho, já apostando que seria um grande talento do futebol.
Roca decidiu ser gestor de carreiras há 22 anos.
Viu nascer Yuri Alberto, Roberto Renan. Trabalhou por cinco anos com Vitor Reis. E tem como grande descoberta Alex Sandro, que era meia e se tornou lateral esquerdo, graças ao agente. Jogador que atuou no Athletico, Santos, Porto, Juventus e está no Flamengo.
Na entrevista, ele explica como é a concorrência na base. E como empresários se associam a clubes e fazem com que seus jogadores disputem as principais competições para garotos no país. Como a Copa São Paulo. Rocca acompanhou inúmeros garotos que não conseguiram vingar, se firmar como jogadores. Também pais que pressionam meninos, crianças, para que virem o arrimo financeiro da família.
“Eu procuro ser o mais sincero possível, não busco iludir ninguém.
Mas é duro acabar com o sonho de um pai, dizendo que seu filho não consegue render o que é preciso. Só que faz parte da minha profissão.” Lembra da enorme responsabilidade que é cuidar de meninos, que muitas vezes ficam longe de suas famílias, vivendo nos clubes, em outros estados. “É uma situação pesada para um adolescente. Mas ela é real. Escolha dele, da família. E eu faço o possível para dar retaguarda, acompanhar o dia-a-dia dos meninos nos clubes. Para que se desenvolva como atleta e como pessoa. E peço para a família também não sair de perto ou ao menos acompanhar o que acontece com os garotos no dia-a-dia. Porque todos precisam ter em mente. É dificílimo se tornar um jogador de um clube de elite. Dificílimo.” E a busca está indo cada vez mais longe, com meninos cada vez mais jovens.
“Meu sócio viu o Estevão jogando pela escolinha de Franca. Ele tinha sete anos!”
Essa parte silenciosa do futebol, dos garotos da base, foi a preocupação da conversa exclusiva.
Cada semana, uma nova entrevista com um personagem importante do esporte brasileiro.
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Aqui, a entrevista completa...
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