São Paulo, Brasil
A mais triste Copa América está na reta final.
Disputada em plena pandemia, ainda descontrolada no Brasil, com 523 mil mortos, até ontem, a competição, sem a euforia do público, fica constragedora comparada à Eurocopa.
O mundo acompanha de perto o torneio no Velho Continente.
Com seus estádios lotados, os países muito mais ricos e desenvolvidos se mostram no caminho de controlar o terrível vírus.
São 154 casos de covid-19 no torneio sul-americano, uma média de sete infectados por dia. Entre jogadores, comissões técnicas e funcionários.
Nada se compara. Os improvisados gramados brasileiros, que sediam o torneio recusado por Argentina e Colômbia, são constrangedores. As principais seleções europeias se mostram muito à frente taticamente, no conjunto e, detalhe fundamental, fisicamente. A intensidade dos jogos faz parecer as partidas da Copa América disputadas em câmera lenta.
Mas há uma disputa que os sul-americanos estão na frente.
No talento individual.
Messi e Neymar estão muito acima dos destaques da Eurocopa.
Locatelli, Imobbile, Harry Kane, Sterling, Foden, Christian Eriksen e Llorente são jogadores de conjunto. Rendem por conta da estratégia, da intensidade, do deslocamento dos companheiros.
Vivem situações inversas do argentino e do brasileiro, cujas seleções são absolutamente dependentes dos dois camisas 10.
Tendo nas mãos muito menos talentos, a Conmebol foi prática. E encaminhou, como era previsível, Brasil e Argentina em caminhos diferentes. Para que possam disputar a final e chamar o mínimo de atenção do mundo para a fraquíssima competição disputada no Brasil.
Tudo ficou ainda mais fraco ontem.
Com a Colômbia despachando o Uruguai, de Cavani e Suárez, nos pênaltis.
As desinteressantes semifinais terão Brasil e Peru, amanhã, no Engenhão, estádio que a seleção de Tite detesta, por conta do indecente gramado. E Argentina e Colômbia no Mané Garrincha, na terça-feira.
Na Europa, Itália e Espanha na terça-feira. E na quarta, Inglaterra e Dinamarca.
Se não houver um cataclisma, a final sul-americana reunirá, no Maracanã, no próximo sábado, Messi e Neymar.
E no duelo entre os dois amigos, o vencedor tem toda a probabilidade de ficar com o título, pela dependência do seu time.
Messi está vivendo um momento especial na competição. Marcou quatro gols. Deu quatro assistências. Marcou ontem, contra o Equador, seu 58º gol de falta na carreira.
Tem 76 gols com a camisa da Argentina. A apenas um gol de Pelé, que fez 77 pelo Brasil.
O recordista é Cristiano Ronaldo, com 109. Mas igualar ou passar Pelé no número de gols, em qualquer situação, é um feito.
Messi jamais venceu um torneio profissional com a camisa da seleção argentina.
Seria sensacional ganhar e ainda no territória do maior rival, o Brasil.
Aos 34 anos, Messi sabe que está na parte final de sua carreira e quer fazê-la especial. Principalmente com a camisa de seu país. A alegria, a vibração com que está jogando pela Argentina, são diferenciadas.
Já Neymar segue sua sina.
É o maior driblador do torneio, com 15 investidas contra adversários, com a bola dominada, que deram certo. É o jogador que mais recebeu faltas, 22. Deu duas assistências. E marcou dois gols.
Aos 29 anos, ele estava visivelmente mais desgastado do que Messi. Cansado pelas sequências de duas temporadas grudadas pela pandemia. O sucesso do PSG, em relação à decadência do Barcelona, tem um peso enorme no cansaço de Neymar. Assim como sua vida pessoal. Mesmo com a pandemia, se divertiu muito com seus parças e amigos em noitadas particulares.
O duelo entre os dois maiores talentos com a bola nos pés não tem direito a mais emoção, drama. Por conta da profunda amizade entre os dois. Se tratam como irmãos, por conta das quatro temporadas que passaram juntos no Barcelona.
Se adoram, são amigos. E sempre desejaram voltar a atuar juntos. Neymar forçou por dois anos seguidos a volta a Barcelona. Messi tem uma proposta do PSG. Responderá após a Copa América, apesar de seguir na Catalunha parecer ser o mais óbvio.
E Neymar voltar ao PSG, em mais uma tentativa de conquistar a sonhada Champions League. Com, provavelmente, Sérgio Ramos. Sem saber se com Mbappé ou não. E cruzando os dedos por Messi.
Antes, o duelo particular e que estimula os dois.
Ambos disputando a chance de ganhar a primeira Copa América.
E ser o melhor do torneio.
Essa disputa entre os dois virou o melhor do Sul-Americano de Seleções.
Que não deveria ter sido disputado, em respeito aos mortos pela covid. Não só no Brasil, mas em todo continente.
Mas a ganância da Conmebol exigiu.
E o Brasil aceitou.
Depois de tantas partidas de baixo nível técnico, resta esperar uma final importante.
Entre a Argentina e o Brasil formação.
E na dependência eterna de Neymar e Messi...
Em má fase no Real e na Bélgica, Hazard compra mansão de R$ 70 mi