Dorival pode esquecer o São Paulo. Vitória sobre o Libertad, graças a Cotia, dá força a Zubeldía. Em vez de vaias, torcida grita nome do argentino
A ausência das estrelas Oscar, Lucas Moura e Calleri acabou em dois efeitos colaterais fundamentais. O São Paulo se tornou um time mais forte na recomposição e mais objetivo no ataque. Os meninos de Cotia foram decisivos. A sorte ajudou também, em pênalti bizarro

“É Zubeldía... É Zubeldía... É Zubeldia...”
Esse foi o inesperado coro que dominou o estádio Tigo La Huerta, em Assunção.
A torcida do São Paulo que estava no Paraguai não vaiou o time.
E nem xingou Luiz Zubeldía, como estava virando costume.
Pelo contrário, seu sobrenome era gritado em reverência.
E havia até palmas.
Tudo reverteu muito rápido, depois da eliminação do Paulista.
São oito jogos seguidos sem derrota.
E na partida de ontem o clube chegou à sua maior sequência invicta na Libertadores.
Nada menos do que 12 partidas.
A mais importante delas, em 2025, foi ontem, no Paraguai.
2 a 0 diante do Libertad, com gols do garoto Lucas Ferreira e André Dias.
A vitória fez o clube retomar a liderança do grupo D.
E trava de vez o movimento de conselheiros que desejam a saída do argentino para que Dorival Júnior volte.
Só que o ex-treinador, se tinha essa intenção, demonstrou que já mudou de ideia.
Zubeldía não vai sair.
O melhor que Dorival tem a fazer é fechar com o Corinthians.
Pode esquecer o São Paulo.
O técnico estava convicto da sua permanência, após o confronto contra o Libertad.
“Não é um momento de pressão, é um momento em que se fala muito. O futebol tem essa expressão, a paixão está em jogo, a parte financeira está em jogo, a história está em jogo. O futebol representa muito para a sociedade, há pressão, mas são apenas conversas
”Essa mesma situação tive em outras equipes.
“Na LDU, antes de sair campeão equatoriano e da Sul-Americana, tive uma conversa com pessoas da torcida. Sempre me questionavam sobre um jogador. Esse jogador fez o gol na final da Sul-Americana.
“Simplesmente faço o que acredito.
“Se creio que estamos criticando alguém muito cedo, calma”, usou de ironia, em relação à pressão da mídia para que o São Paulo tivesse um novo técnico.
Zubeldía teve enorme participação na vitória.
Sem as estrelas veteranas Oscar, Lucas Moura e Calleri, ele pôde montar uma equipe muito menos técnica. Mas muito mais combativa, vibrante e com força para puxar contragolpes fulminantes.
E ainda teve coragem na principal mudança tática do jogo.
Ele tirou o lateral Cédric e colocou o jovem atacante Lucas Ferreira.
Adiantou seu time no segundo tempo.
O primeiro tempo terminou 0 a 0.
Porque André Dias teve a coragem de perder um gol na pequena área.
A partida estava equilibrada, mas o Libertad era cobrado, pressionado pela torcida para atacar.
E com a equipe adiantada, buscando vencer.
Só que Zubeldía fez uma substituição importante.
Ao colocar Lucas Ferreira no lugar de Cédric.
O São Paulo passou a ter um esquema mais agudo, com dois pontas.
Ferreira, que ganha confiança e fôlego, a cada partida, na direita, e Lucas Ferreira na esquerda.
Luciano entrou muito bem no jogo.
E dos seus pés saíram o início dos dois gols.
Além, é óbvio, da participação dos garotos que saíram do histórico CT de Cotia.
O argentino deixou escapar a preparação da equipe.
E deixou claro que está cada vez mais confiante para escapar da monotonia que havia se transformado o São Paulo nas suas mãos.
“Com o princípio fundamental de jogar bem o futebol, apresentar o que de melhor pede o futebol brasileiro, associando, tratando bem a bola, jogadores habilidosos pelos lados, fazendo duplas com laterais. No treino de ontem, um tático de 40 minutos, com 12 jogadores, o 12º era o Lucas (Ferreira). Parece que fazem três dias. A quantidade de jogos que jogamos...
“Senti que no intervalo ele poderia entrar. Mas precisava ver o que aconteceria no primeiro tempo. Estava previsto que assim seria. Às vezes acontece do primeiro tempo não ser como penso. Para o Ferreira fazer o trabalho no segundo tempo, precisava do Cédric no primeiro. Não espero que o torcedor veja assim, mas precisamos analisar com calma. A atuação do Ferreira no segundo tempo foi também pelo o que fez o Cédric.”

A direção do São Paulo está feliz por ter preservado Luiz Zubeldía.
E também porque o argentino está fazendo o que o presidente Julio Casares tanto quer.
Utilizar a base, formada no CT de Cotia.
Algo que o técnico não gosta, mas não teve saída, diante de tantas contusões.
“Acho que estamos conhecendo mais os jogadores, a realidade é essa. E nesse tempo alguns vão estando cada vez melhores. E ainda faltam alguns jogadores que podem dar mais ao time e não estão jogando agora, mas podem jogar, como é o caso do Igor, por exemplo, do Ryan, do Rodriguinho. É um bom ponto de partida e vamos seguir trabalhando nisso.”
O clima depois da partida no Paraguai era excelente.
O São Paulo vive, de novo, momentos de tranquilidade.
Por isso, Dorival Júnior, se tinha mesmo o sonho de voltar ao Morumbi, como garantem alguns conselheiros que dão suporte a Casares, o ex-treinador da Seleção que assine contrato com o Corinthians.
Zubeldía fez por onde.
O time, aos trancos e barrancos, vem melhorando.
As vitórias contra o Santos e o Libertad dão um enorme fôlego ao treinado.
Ele manterá seu emprego.
As vaias acabaram.
Pelo menos ‘por enquanto’...