Dorival ‘achou’ o lugar de Memphis. Jogando como na Holanda. Depay acabou com jejum de três meses sem gols. ‘O Corinthians está ganhando confiança’, avisa, o holandês
O Corinthians venceu a terceira partida seguida. Arrancada que o distancia de vez da zona do rebaixamento. Time não deu chances ao Grêmio, em Itaquera. 2 a 0 foi pouco. Memphis quebrou seu jejum de três meses sem marcar

“Nós perdemos a visão quando estamos em frente ao gol. Temos que fazer a decisão certa, para que possamos atingir mais gols. E é parte do que acho que fizemos muito bem hoje.”
Por trás dessa análise de Memphis, após a vitória por 2 a 0, gols de Gustavo Henrique e de Depay, há muito mais profundidade do que alcança a vã filosofia dos imediatistas, felizes pelo holandês ter marcado um dos gols, de pênalti, quebrando o seu incômodo jejum de três meses sem empurrar a bola para as redes adversárias.
O holandês venceu uma pequena e silenciosa batalha.
Dorival Júnior insistiu o quanto pôde.
Colocou várias e várias vezes Memphis como armador.
Quase em paralelo com Garro.
Mais longe do gol.
Só que não é como ele gosta de jogar.
Nem como Ronald Koeman o utiliza.
O treinador da Seleção Holandesa o coloca em uma faixa de campo cerca de 20 metros mais à frente.
Muitas vezes como falso centroavante.
O motivo é a visão diferenciada de jogo de Memphis.
Ele sabe servir, atuar de costas para os zagueiros, cabecear, tabelar.

Ou seja, Dorival estava aproveitando menos do meia/atacante do que poderia.
Eles já conversaram inúmeras vezes sobre o tema.
Memphis, de livre e espontânea vontade, foi atuar onde mais gosta, e rende, durante muitos momentos dos jogos. Como o Corinthians segue em uma instabilidade assustadora, ele também não rendeu tanto como na Holanda.
Mas tinha a seu favor o fato de não jogar os 90 minutos no lugar certo.
Só que o problema parece estar finalmente resolvido.
O técnico corintiano cedeu.
“Memphis tem uma forma de interpretar o jogo que é muito interessante e que parte da marcação. Ele é um cara que fecha muitos espaços, mesmo que não seja combate agressivo. Ele ataca no momento certo e isso daí dificulta as saídas adversárias, que tem que usar os lados do campo, o que para nós tem uma importância muito grande.
“Sem bola, executa uma função muito interessante. Essa percepção é muito dele. Ele tem leitura muito interessante. É um jogador que nos entrega coisas muito positivas ao longo de 90 minutos. Com ou sem bola.
“Ele joga muito com aproximação. É um detalhe que temos de melhorar. Temos de usá-lo mais como pivô para que possamos ter aproximação em cima.
“Mesmo que esteja marcado, ele gosta de receber. Nós temos que aproveitar um pouco mais. Se apresenta essa possibilidade, temos que tentar entender e, durante os 90 minutos, usarmos um pouco mais, que é um fator muito positivo do atleta.”

Ou seja, Yuri Alberto, em péssima fase, ou Gui Negão, seguirão atuando escancaradamente mais à frente, pelos lados do campo.
Memphis ganha a chance de ser mais letal, perto do gol adversário.
Contra o Grêmio, hoje, seu rendimento foi muito bom.
E há um fator importante: ele já tem 31 anos e mais adiantado, não precisa correr tanto. Ou seja, chega ‘mais inteiro’ para a bola.
A justíssima vitória contra o Grêmio completou uma sequência de três triunfos seguidos. Ou seja, nove pontos que não só afastaram o fantasma do rebaixamento. Como também fez brotar a esperança de uma vaga na Libertadores pela tabela. Sem a pressão gigantesca de vencer a Copa do Brasil.
“Agora são três vitórias seguidas, como conseguimos muito bem no final do campeonato do ano passado. E se conseguirmos repetir uma sequência como essa, podemos brigar pela Copa do Brasil e por coisas importantes no Brasileirão. Eu acho que quando ganha jogos, a equipe ganha mais confiança. A equipe precisa de confiança.”
A felicidade dos companheiros de time foi tão grande, com o gol de pênalti de Memphis, aos 34 minutos do segundo tempo, depois que Dodi cortou a bola com a mão, que parecia até maior do que a do holandês. Realmente, ele é o líder do elenco.
Dorival fazia questão de destacar outro ponto importante, depois de resolvida essa longa questão com Memphis.
A defesa.
“Mais uma vez passamos uma partida sem tomarmos gol. São 34 partidas (com Dorival) e em metade delas não sofrermos gols. Isso é um fato importante.
“Em momento nenhum eu consegui repetir a escalação de uma partida pra a outra a equipe. Fico feliz com o crescimento que a gente vem tendo, não só os três jogadores da frente, mas a grande maioria.
“Aqueles que não vêm atuando se entregando nos treinamento e brigando por posições. Eu valorizo muito o que o grupo vem nos entregando, nosso posicionamento é um pouco diferente do que vínhamos fazendo há um tempo. Para mim, incomodava demais. Hoje vejo uma equipe mais tranquila e equilibrada.”

Os números seguem ruins.
São 35 gols sofridos em 31 partidas.
Mas não há como negar que o resultado hoje, contra o Grêmio, foi importante.
Desde maio o Corinthians não vencia três jogos seguidos.
Reaprendeu.
E com Memphis jogando onde rende muito mais.
As expectativas crescem...
