Para alívio da CBF, Diniz é semifinalista da Libertadores, com o Fluminense. Técnico nunca chegou tão longe na carreira de 14 anos
O Fluminense venceu o Olimpia ontem por 3 a 1. Resultado que levou o time à semifinal da Libertadores. Fernando Diniz terá mais moral para receber os jogadores da seleção, na próxima semana, para as eliminatórias
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
2023 é o melhor ano profissional de Fernando Diniz.
Depois de 14 anos como treinador, ganhou seu primeiro título na elite do futebol brasileiro.
Foi campeão carioca.
Por mostrar futebol competitivo, "moderno", ofensivo, ele ganhou toda a atenção da mídia do Rio de Janeiro, que pressionou a CBF.
E Diniz conseguiu ganhar o cargo de treinador interino da seleção.
Se for muito bem e o italiano Carlo Ancelotti não quiser assumir em junho de 2024, o cargo até a Copa do Mundo de 2026 será de Diniz.
Mas ele precisava de outro feito para ganhar mais respaldo da opinião pública.
Ganhar apenas um estadual em 14 anos era muito pouco para o treinador da seleção brasileira.
E Diniz conseguiu ontem uma façanha.
Com outra vitória diante do Olimpia, desta vez no Paraguai, levou o Fluminense à semifinal da Libertadores da América, depois de 15 anos, desde o vice, em 2008.
Diniz, psicólogo formado, estava eufórico após a vitória marcante por 3 a 1.
"Esse é um sonho gigante, o maior sonho da torcida do Fluminense. É o troféu que falta ao torcedor tricolor. Temos que assimilar com alegria, com responsabilidade e também com uma dose de humildade muito grande, porque temos um grande adversário na semifinal, uma decisão totalmente aberta. Depois, se passar, tem o jogo da final.
"Temos que pensar também no próximo jogo, contra o Fortaleza. Quando chegar a disputa contra o Internacional, procurar fazer o nosso melhor, entregar ao máximo para que esse sonho, do nosso torcedor, se torne realidade", comemorava.
Um detalhe também é muito importante.
Jamais Fernando Diniz chegou à semifinal de uma Libertadores.
Caiu na fase de grupos com o São Paulo e com o Santos.
Para ele, também é uma conquista pessoal.
E que agrada à cúpula da CBF.
É evidente que o presidente Ednaldo Rodrigues, que o escolheu, não queria que Diniz, que assumirá a equipe na segunda-feira, para os dois primeiros jogos das eliminatórias sul-americanas, contra a Bolívia e o Peru, assumisse a equipe eliminado da Libertadores.
Foi uma vitória da CBF a vitória do Fluminense.
Diniz surpreendeu Arce, treinador do Olimpia, mantendo Kennedy, ao lado de Cano e Keno.
Ou seja, segurou seu esquema ofensivo, mesmo jogando em Assunção.
A vitória por 3 a 1, com dois gols de Cano e um de Kennedy, teve muito a ver com sua ousadia.
Agora, o Fluminense terá pela frente o Internacional, pela semifinal da Libertadores.
Serão dois jogos importantes.
Mas, para a CBF, não terão peso imediato.
Acontecerão depois das duas primeiras partidas do Brasil nas eliminatórias.
O alívio para Ednaldo chegou com Diniz pondo o Fluminense entre os quatro melhores da competição mais importante da América do Sul.
O que vier é lucro.
Para ele e para a CBF.
E Diniz já fez questão de valorizar o rival.
“O Inter é um grande adversário, extremamente tradicional, um dos grandes do Brasil, da América do Sul, um dos grandes do continente.
"Grandes jogadores, um ótimo treinador. Um time que sabe jogar a Libertadores. Então, é uma decisão totalmente em aberto", resumiu.
Fernando Diniz estava em paz.
Sabia que cumpriu o obrigatório como treinador da seleção.
Eliminou o Olimpia.
Sobreviveu.
No domingo, terá o Fortaleza pelo Brasileiro, com muito menos pressão do que foi.
E, depois, a seleção brasileira.
A partida fundamental foi vencida.
Diniz está pela primeira vez em uma semifinal da Libertadores.
Jamais havia ido tão longe como treinador...
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