Dinheiro, infraestrutura, Vojvoda e Dorival Júnior. Fortaleza e Ceará fazem história na Libertadores e Copa Sul-Americana
Os dois grandes rivais cearenses conseguiram chegar a patamares inéditos em competições da América do Sul. Na Libertadores e na Sul-Americana. A prova de que apostar em infraestrutura e modernização valeu a pena
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Patrocinadores fortes, investimento em infraestrutura.
Capitalizar financeiramente o amor dos torcedores.
Contratação de treinadores e jogadores importantes.
Esses foram os ingredientes que garantiram a noite mais importante da história do futebol cearense.
Fortaleza e Ceará atingiram patamares jamais imaginados internacionalmente.
Sob o comando do argentino Juan Pablo Vojvoda, bicampeão cearense e campeão da Copa do Nordeste, títulos conquistados de forma invicta, o Fortaleza venceu ontem o Colo-Colo, no Chile, por 4 a 3. E se transformou no primeiro time cearense a conseguir passar para as oitavas de final da Libertadores da América. E ainda na primeira vez que o clube disputa a competição.
O feito celebra a profunda reformulação que o Fortaleza viveu em quatro anos. Desde a primeira passagem de Rogério Ceni, em 2018, o futebol do clube foi inteiramente reformulado.
A chegada de Vojvoda, em maio de 2021, só aprimorou a estrutura que Ceni havia delineado. Com a criação de um centro de treinamento que se equipara aos que os grandes clubes brasileiros têm à sua disposição, o forte investimento de patrocinadores na formação de elenco competitivo e o desenvolvimento dos times da base.
Não é por acaso que jogadores de currículo respeitável – como Lucas Lima, ex-Palmeiras; Marcelo Boeck, ex-Sporting; e Yago Pikachu, ex-Vasco – foram para o Fortaleza.
Leia também
Torcida do Ceará é alvo de racismo durante jogo da Sul-Americana
Paz no Corinthians. Cenário montado para a 'redenção' de Róger Guedes. Hoje, contra os reservas do Always Ready, na Libertadores
Paulo Sousa promete não ceder às vaias, à pressão. E, apesar das falhas, manterá Hugo como goleiro contra o Fluminense
A média de público no Brasileiro e na Libertadores chega perto dos 28 mil torcedores no Castelão.
Para se classificar às oitavas, o Fortaleza priorizou a Libertadores. E ocupa, perigosamente, a última colocação no Brasileiro, com um ponto em seis partidas.
O time de Vojvoda arrancou a vaga a fórceps, ao ganhar do Colo-Colo, em pleno Monumental, em Santiago. Foi beneficiado pelo fato de o estádio não ter público. Punição em razão de a torcida chilena ter atacado a delegação do River Plate com morteiros.
O Fortaleza chegou a estar vencendo por 4 a 1.
No final, 4 a 3 e a sonhada vaga.
Só ficou atrás do River Plate.
Eliminou o Colo-Colo e o Alianza Lima.
Na mesma noite, o Ceará não deixou por menos.
E o time de Dorival Júnior obteve uma façanha. Venceu o Independiente, em plena Buenos Aires, por 2 a 0. Garantiu campanha histórica na Copa Sul-Americana, com seis vitórias em seis jogos. 100% de aproveitamento.
Rodrigo Lindoso, Mendoza e Vina são alguns dos jogadores vividos, que passaram por outros clubes importantes, que Dorival Júnior comanda.
A infraestrutura foi aprimorada, diante do investimento do rival Fortaleza.
Nunca um clube nordestino havia vencido uma partida por torneio sul-americano na Argentina. Jamais um time havia conquistado aproveitamento total na primeira fase da Copa Sul-Americana.
A campanha é fabulosa. Além das seis vitórias, 17 gols a favor. Só 1 contra.
A média de torcedores em 2022 é de mais de 22 mil por partida.
O Ceará, com foco internacional como o rival, também sofre as consequências no Brasileiro, torneio em que é o penúltimo colocado.
Mas há nos dois clubes a certeza de que a recuperação virá.
E de que eles sairão das últimas colocações do Brasileiro.
Eles têm folhas salariais parecidas.
Cerca de R$ 5 milhões mensais.
E seguem dando exemplo de competência, de trabalho sério.
Dorival Júnior e Vojvoda seguem empolgados.
Sabem que fizeram história.
Mas sonham ir muito além.
O futebol dos dois maiores rivais cearenses nunca esteve tão forte.
E a certeza.
Não é por acaso.
A infraestrutura dos clubes possibilita sonhos maiores nos próximos anos...
(Corrigindo, o Sport foi o primeiro clube nordestino a chegar às oitavas da Libertadores. Em 2009....)
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.