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Cosme Rímoli - Blogs

Devassa na dívida bilionária. Reforços para o time. Fazer Neto seu sucessor. Projetos de Augusto Melo, o homem que derrubou Andrés

Com ampla maioria, Augusto Melo se tornou o novo presidente do Corinthians. André Negão não venceu a resistência que tinha dentro da situação. É o fim da dinastia de 16 anos de Andrés Sanchez no Parque São Jorge

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil

Hoje é o fim de uma dinastia de 16 anos.

Desde 2007, Andrés Sanchez tinha poder supremo no Corinthians.

Mentor e principal membro do grupo político Renovação e Transparência, o dirigente caiu da mesma maneira com que derrubou o então presidente Alberto Dualib.


Perdendo o controle interno dos conselheiros da situação e o apoio ruidoso, e cada vez mais poderoso, das principais organizadas.

Andrés Sanchez quis cumprir a palavra empenhada a André Oliveira, seu companheiro de décadas, que sonhava em ser o primeiro presidente negro do Corinthians. Brincava que seria o "Obama do Parque São Jorge".


Mas André padecia de uma profunda rejeição de membros da própria Renovação e Transparência. Primeiro, pelo envolvimento assumido que teve com o jogo do bicho. Chegou a levar sete tiros. Foi investigado na Operação Lava Jato.

Negão tinha grandes dificuldades em expor como comandaria o Corinthians.


Ele também foi muito prejudicado pelo péssimo mandato de Duilio Monteiro Alves. Foram três anos no cargo sem um título. Com o clube passando por vexames no gramado. A dívida do Corinthians em relação ao seu estádio também não foi sanada. As promessas de campanha de Duilio não foram cumpridas. Ele foi uma enorme decepção à frente do clube.

Andrés Sanchez ficou desesperado ao antecipar a derrota de Negão.

Muito influente no governo central, ele conseguiu que o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, fosse ao Parque São Jorge amarrar, com Duilio, um novo acordo para pagamento do estádio. Duilio e Vieira juraram que este seria definitivo. E que a dívida de R$ 611 milhões, que se arrasta desde 2011, seria paga de maneira racional.

Mas só isso não adiantaria.

Andrés, em uma última tentativa de manter o poder, assumiu publicamente que seria o homem que controlaria o futebol do Corinthians, se Negão vencesse.

Mas o fracasso já estava estabelecido.

O empresário Augusto Melo fez com Andrés o que este fez com Dualib.

Ele foi assessor das categorias de base do clube, entre 2015 e 2016. Com aspirações políticas assumidas, decidiu se ligar a conselheiros da oposição. E concorreu à presidência contra Duilio, em 2020. Perdeu, mas ganhou força política.

O mandato desastroso de Duilio e a escolha de André Negão como candidato da situação foram os seus grandes alicerces na campanha. Melo ganhou também o apoio das principais organizadas, inconformadas com o rumo do time, com as péssimas campanhas, com o desgaste pela escolha de Cuca como treinador, apesar de condenado por estupro na Suíça.

A campanha presidencial foi de péssimo nível, com ataques grosseiros, ameaças, desgastou a imagem dos dois candidatos.

4.184 sócios definiram o futuro do Corinthians. E deram 66,2% (2.771) de votos a Melo. E deram apenas 33,8% (1.413 votos) a Negão, que chegou a ser favorito, por conta do prestígio de Andrés. Mas a força do ex-presidente não foi suficiente.

Apesar de feliz com a vitória, Melo era a própria imagem do clima insano que dominou os bastidores dessa eleição.

Ele foi ao Corinthians com um colete à prova de bala. Postura absurda.

Como primeiro ato, Melo promete uma devassa nas contas do Corinthians. Desde que o grupo Renovação e Transparência assumiu.

"O primeiro passo será uma auditoria geral. Precisamos saber o que acontece no Corinthians. Porque ninguém sabe."

Melo garante que irá contratar um executivo importante para comandar o futebol.

E também assegura a contratação de grandes reforços, dependendo, lógico, do resultado da devassa que fará nas contas do clube.

Somando a dívida do estádio, os processos, a parte social, a suspeita é que o clube deva mais de R$ 1 bilhão.

Outro ponto importante na eleição de Melo foi a aliança pública que ele fez com o ex-jogador e apresentador de programa esportivo Neto.

Ex-amigo íntimo de Andrés Sanchez, Neto garantia que, com a eleição de Melo, ele será candidato à presidência do Corinthians, em 2026. Com o apoio prometido do novo presidente.

"Eu posso não ser, para muitas pessoas, quem vai mudar essa história. Eu tenho certeza que, na sequência do Augusto Melo, com quem eu tenho essa parceria, eu serei o próximo [presidente]. Torço e votei no Augusto Melo. A Renovação e Transparência não existe, isso foi tudo uma mentira. O Corinthians é mais importante que todos eles."

Houve comemoração por parte das organizadas com a vitória de Melo.

Mas o candidato poderá ter problemas para pôr seus planos em prática.

Houve também eleição para o Conselho Deliberativo.

E a oposição elegeu quatro chapas. 

A situação, comandada por Andrés, venceu outras quatro.

Ou seja, o Corinthians tem tudo para seguir turbulento.

Apesar do fim da dinastia no comando geral.

Depois de 16 anos, Andrés sente o mesmo gosto que Dualib.

O amargo fim do controle do Corinthians...

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