Desprezo da Europa, salário igual à seleção, R$ 1,6 milhão, contrato de quatro anos. Nada adiantou. Tite não quis o Corinthians
O mentor do presidente Duilio, Andrés Sanchez, procurou o empresário do treinador. Apostou na retribuição de Tite ao apoio que recebeu em 2011. Não adiantou
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O fracasso de Tite nas Copas da Rússia e do Catar era um grande argumento.
Depois de analisar profundamente o mercado de treinadores, após a saída de Cuca, Duilio Monteiro Alves chegou à conclusão de que o melhor para o clube seria mesmo investir o que pudesse para trazer Adenor Bacchi.
O dirigente sabia muito bem que o sonho do técnico é trabalhar em um clube europeu, depois do segundo vexame consecutivo da seleção em um Mundial.
O treinador foi muito cobrado pelo fraco trabalho pela mídia e, principalmente, massacrado pela opinião pública.
Sua família sofreu demais.
O técnico ficou tão traumatizado que, há cinco meses, desde a eliminação do Brasil para a Croácia, não dá entrevista.
O planejamento de sua carreira também fracassou. Ele esperava chegar pelo menos até a final do Mundial e ser convidado para assumir um gigante europeu.
De preferência na Itália ou na Espanha.
Com a fraca campanha no Catar, sobraram apenas sondagens do mundo árabe e seleções de terceiro escalão, como a Coreia do Sul.
Duilio nunca foi tão íntimo de Tite.
O treinador deve grande parte do sucesso da carreira a Andrés Sanchez. Foi o dirigente quem o apoiou em outro enorme fracasso. A eliminação da Pré-Libertadores de 2011, quando o Corinthians foi vencido pelo Tolima, em Ibagué, na Colômbia. Partida que encerrou a carreira de Ronaldo Fenômeno. E também marcou o fim da frustrada passagem do lateral Roberto Carlos no Parque São Jorge.
As organizadas, conselheiros, membros da diretoria e a mídia exigiam a demissão de Tite. Foi Andrés quem o segurou. E o técnico aproveitou a oportunidade. Foi campeão da Libertadores e do Mundial em 2012. Ganhou o Brasileiro.
Fez o time mostrar o melhor futebol do país em 2016, a ponto de ser unanimidade, quando assumiu a seleção brasileira.
Duilio Monteiro Alves já conversou com o empresário do treinador, Gilmar Veloz. Ouviu dele que o técnico prometeu à esposa que não trabalharia, de jeito nenhum, no Brasil, em 2023.
Segue convicto, ciente de que seria questionado pelos fracassos nas Copas.
O dirigente também ouviu que a desejada oferta europeia ainda não chegou.
Duilio, assim que teve essa certeza, acionou o seu mentor, o responsável por assumir a presidência, o comandante da ala política que domina o Corinthians desde 2007: Andrés Sanchez.
E ele foi o encarregado de falar com Gilmar Veloz e Tite.
Ganhou a liberdade, do presidente, para apresentar uma proposta de quatro anos para o treinador.
Com multa altíssima, proporcional. Ou seja, se o técnico fosse demitido antes do fim do contrato até 2027, receberia integralmente os salários restantes.
A direção corintiana sabia que o salário que Tite recebia na seleção, R$ 1,6 milhão, é absolutamente realista. Vítor Pereira, em 2022, ganhava cerca de R$ 1,5 milhão no Parque São Jorge.
Pessoas ligadas a Andrés garantem que ele usou ainda dois argumentos poderosos.
O primeiro é que a torcida corintiana é a que melhor acolheria o treinador no país, depois do que aconteceu na Rússia e no Catar. E enfrentaria a previsível forte cobrança da decepcionada mídia.
O segundo é que Tite teria a chance real de retribuir a atitude de Andrés em 2011, que evitou sua demissão vexatória.
O Corinthians nunca precisou do treinador como agora.
A proposta foi feita.
Só que Tite deu sua palavra de honra até à imprensa de que não assumiria.
Falou claramente ao @lancedigital, em um vídeo, antes da Copa de 2022.
"Não vou trabalhar no Brasil no ano que vem. Não tem 'reconsiderar'. Tem a minha palavra."
Nas redes sociais, torcedores corintianos imploram pela volta do técnico.
Até para a esposa, Rosmari.
E, depois de pensar, o treinador disse "não".
Mesmo com o Corinthians precisando dele, o técnico optou pela família.
Ele sabe que o clube tem elenco curto e desequilibrado.
E quanto seria pressionado por bons resultados.
O "não" foi extremamente decepcionante.
Mas, sem saída, a direção buscará outro técnico importante.
O nome de Mano Menezes ganha espaço.
Mas não há definição.
A grande aposta era mesmo Tite...
Quem são os brasileiros entre as 20 grandes promessas do futebol mundial?
E a base vem como? O Observatório de Futebol do Centro Internacional de Estudos de Esporte (CIES Football Observatory), publicou um estudo que elege as 20 maiores promessas do futebol mundial. Dentre os escolhidos, seis atletas brasileiros estão na lis...
E a base vem como? O Observatório de Futebol do Centro Internacional de Estudos de Esporte (CIES Football Observatory), publicou um estudo que elege as 20 maiores promessas do futebol mundial. Dentre os escolhidos, seis atletas brasileiros estão na lista. A classificação foi estabelecida tendo como base os minutos disputados em jogos oficiais no último ano, o nível desportivo das partidas e os resultados obtidos. Além dos nomes já esperados como Andrey e Vitor Roque, craques de outros países surpreendem no ranking. Confira a lista das 20 maiores promessas do futebol mundial: