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Cosme Rímoli - Blogs

Desesperado, Brasil termina a partida com cinco atacantes. Mas só empata com a fraca Venezuela. ‘O melhor do mundo’, Vinicius Júnior, errou pênalti. O momento é muito delicado

O time de Dorival Júnior foi bem no primeiro tempo. Na segunda etapa, mergulhou na afobação, tensão. Mostrou durante todo o jogo fraco sistema defensivo. Com o meio-campo escancarado. Pressionado para vencer, Dorival se perdeu. Decepcionante 1 a 1, em Maturín

Cosme Rímoli|Do R7

Vinicius Júnior desperdiçou pênalti. Começou bem. Depois do empate se mostrou tenso, afobado, improdutivo Rafael Ribeiro/CBF

“Foi um jogo franco, as duas equipes buscando o gol a todo momento. Um jogo agradável de se ver, as equipes querendo o resultado. Acredito que o Brasil tenha tido um volume um pouco maior de jogo, isso foi importante.

“Mas infelizmente acabamos concluindo em gol apenas uma das oportunidades criadas. Acho que precisamos melhorar a todo momento, a equipe vem em uma crescente, começando a adquirir uma confiança importante.

“Tenho certeza de que teremos jogos ainda melhores pela frente.”

As frases são de Dorival Júnior, após o frustrante empate contra a Venezuela.


Ele falou como se o adversário fosse a Argentina, França ou Alemanha.

Não os venezuelanos, que preferem basebol e basquete ao futebol.


E que jamais foram a uma Copa do Mundo.

Era o antepenúltimo colocado das Eliminatórias contra o pentacampeão mundial.


As estatísticas estavam ao lado de Dorival, mostrando o equilíbrio.

Com 12 arremates ao gol do Brasil e 11, sim, onze, da Venezuela.

1 a 1 mais do que justo.

A meta era o Brasil conseguir, finalmente, três vitórias consecutivas.

Afinal, enfrentava a fraca Venezuela, em Maturín, pelas intermináveis Eliminatórias Sul-Americanas.

Vinicius Júnior era o grande atrativo da partida.

Chance para a América do Sul ver o injustiçado na escolha de melhor do mundo.

O atleta que balançou a credibilidade da Bola de Ouro da revista France Football.

Ele não estava nas vitórias contra o Chile e Peru.

Vinicius Júnior foi o retrato do time de Dorival, instável, tenso.

E que decepciona quando começa a passar confiança.

Ficou explícito que foi a Seleção que o impediu de ser escolhido como grande jogador do planeta em 2023/2024.

Nas mãos de Fernando Diniz e Dorival Júnior, ele é antítese do atacante fabuloso do Real Madrid.

'Foi um jogo franco.' Resumiu Dorival Júnior. Foi mesmo. O Brasil outra vez mostrou sistema defensivo escancarado CBF

O empate em 1 a 1 acabou mais do que justo.

Por várias circunstâncias.

No primeiro tempo, o Brasil encurralou a Venezuela, que marcava mal, principalmente pela esquerda.

Criou várias chances.

Mas em um contragolpe, Vanderson deu um pontapé em Martínez e merecia ser expulso, aos 36 minutos.

Seria, se o árbitro colombiano Andrés Rojas tivesse o mínimo de coragem de enxergar o que acontecia.

E não estivesse tão preocupado em fazer média.

O que melhor funcionou no Brasil foi a dupla Raphinha e Vinicius Júnior, se revezando pelo meio e pela ponta.

Gerson dava mais qualidade nos passes na intermediária, Savinho ciscava, abria espaços pela direita.

Igor Jesus, enfiado entre os zagueiros, parado, foi o pior.

Acompanhado por Abner, que fugia do ataque, assim como Vanderson.

Selecionados ou times, que marquem, mas também ataquem, estão fadados a serem muito mais facilmente marcados.

Com volume de jogo maior, com a colaboração do respeito excessivo da Venezuela, o Brasil saiu na frente.

Aos 42 minutos, Raphinha cobrou falta.

No canto do goleiro Romo, que deu um passo para cobrir a barreira e não teve explosão muscular para se atirar na bola.

1 a 0, Brasil.

Justiça no placar, àquela altura do jogo.

Só que veio o segundo tempo.

E aos 40 segundos, uma simples troca de bola venezuelana pegou a defesa brasileira aberta.

Mal colocada, com Gerson e Bruno Guimarães dando todo o espaço para a articulação.

O volante Segovia, que entrou no intervalo, recebeu bola açucarada de Savarino.

E estufou as redes de Ederson.

1 a 1.

Foi o que bastou.

Os nervos dos jogadores da Seleção se desmancharam.

Acabou a paciência para a troca de bola, a confiança para as penetrações, a sincronia na troca de posições do meio para o ataque.

A afobação, o nervosismo, a situação de empatar com a fraca Venezuela, e os previsíveis reflexos, tomaram conta dos brasileiros.

Mas tudo poderia ter sido cortado ‘na raiz’.

Vinícius Júnior se mostrou muito mais veloz em uma bola esticada e ganhou de Romo, que o derrubou.

Pênalti.

Aquele que deveria ter a Bola de Ouro na sua casa tomou a cobrança de Raphinha.

Lembrando que Raphinha é o cobrador oficial da Seleção, marcou duas vezes contra o Peru, na última partida das Eliminatórias.

Só que Vinicius Júnior queria se impor como o protagonista do Brasil.

Fez o que quis, com a conivência de Dorival Júnior.

Bateu mal demais, facilitou a defesa de Romo.

Raphinha lamenta. Vinicius Júnior não deixou que cobrasse o pênalti. E o jogador do Real Madrid desperdiçou Rafael Ribeiro/CBF

A partir dos 16 minutos, quando o Brasil perdeu a cobrança, o controle emocional foi embora de vez.

Inclusive do treinador da Seleção.

Ele se comporta como se precisasse mostrar a cada partida que merece o cargo.

Dorival tratou de ir enchendo o time de atacantes.

Queria, de maneira desesperada, vencer a partida.

Sem meio de campo, sem neurônios, tenso, o Brasil nada criou.

O vergonhoso foi, além da retranca, os venezuelanos apelarem até para o sistema de drenagem, para travar a partida.

A água começou a jorrar, obrigando a paralisação do jogo, para enervar mais ainda os brasileiros.

Truque sujo, velho.

Mas que deu certo.

E o Brasil teve de se contentar com o 1 a 1, resultado que traz instabilidade ao técnico e ao ambiente da Seleção.

A Seleção não consegue vencer três jogos seguidos desde antes da Copa do Mundo de 2022.

Empatar com a Venezuela seria motivo de muita vergonha no passado.

Mas está virando algo normal.

Nestas Eliminatórias foram dois jogos.

Dois empates em 1 a 1.

O que é pior...

Os brasileiros estão se acostumando com os vexames do time pentacampeão do mundo.

O distanciamento da população da Seleção só cresce.

Faltam apenas um ano e sete meses para a próxima Copa.

Por mais que todos na CBF tentem disfarçar, o momento é muito delicado.

E medo do futuro...






Veja também: Dorival: 'Faltou melhor definição e resultado na Venezuela deixou um pouco a desejar'

Técnico da Seleção Brasileira analisou o empate por 1 a 1 com a Venezuela, fora de casa, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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