Derrota na Libertadores expõe Carpini. Direção do São Paulo já analisa se ele merece continuar como treinador. Organizadas querem saída
O treinador, que nunca trabalhou em clube grande, e que também jamais disputou uma Libertadores, está sendo muito questionado. A derrota de ontem contra o Talleres causou muita discussão nesta manhã, no Morumbi
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Sete minutos com um jogador a menos.
E por opção própria.
Nesse período, o time argentino, jogando nos seus domínios, aproveita e faz o primeiro gol, fundamental na derrota do São Paulo logo na estreia da Libertadores, por 2 a 1, para o Talleres, competição que a direção do clube é obcecada. Depois de dois anos sem conseguir classificação.
James Rodriguez, jogador midiático, salário altíssimo, exigido pelos conselheiros. Começa a partida e não consegue fazer nada de útil à equipe.
Três jogadores contundidos ainda no primeiro tempo. Rafinha e Wellington Rato em divididas e Lucas Moura, o mais talentoso do elenco, sofre seu terceiro estiramento na coxa direita, desde agosto de 2023.
Explicações confusas, tensas, digna de um treinador novato em clube grande, que se nega a assumir a realidade.
A direção, que já havia dado um voto de confiança, depois da eliminação do Campeonato Paulista, nas quartas, diante do Novorizontino, se cansou.
A pressão é real e forte para que o time reaja ou Thiago Carpini poderá ter vida mais curta que imagina no São Paulo Futebol Clube.
As declarações, que pareciam vindas de livros de autoajuda, só pioraram a avaliação dos dirigentes, de Carpini.
"Futebol e a vida são feitos desses momentos: altos e baixos. Quanto mais a gente ganha, mais próximo da derrota, quanto mais a gente perde, mais próximo da vitória."
O treinador, que era muito questionado por não por James Rodríguez, teve de explicar porque tolerou o fraco futebol do colombiano.
"Sobre o James, nós imaginávamos situações que pudessem acontecer, principalmente com o Lucas em campo, mas infelizmente não aconteceram. Em algum momento a gente precisava dar esse início de partida para ele, jogo grande, tinha de participar. Enquanto suportou, foi participativo. Depois das perdas dificultou um pouco aquilo que nós planejamos para ele", disse Carpini."
A primeira partida que James Rodríguez entrou como titular, com Carpini, acontece exatamente após as declarações do coordenador, e seu principal apoiador na direção, Muricy Ramalho.
“Eu gosto de ver ele jogar. Fui um dos caras que contratou ele. E o treinador está vendo também, ele vai começar a jogar mais tempo, como titular. (...) Se o cara me dá 15 minutos, 20 minutos, é difícil mostrar [futebol]. A gente tem que ver todos os lados: o lado físico dele, o que o treinador pensa, o lado do jogador.
“Só uma coisa convence o treinador: jogar. Agora [na Seleção Colombiana] ele jogou 73 minutos, teve um número de passes muito bom", disse Muricy à Casagrande.
Da mesma maneira que conselheiros influentes criticaram Carpini por não colocar o colombiano, a crítica de hoje, após a derrota contra o Talleres, é porque o escalou.
Na verdade, muitos membros da direção do São Paulo ainda não aceitaram a eliminação precoce no Paulista.
E o questionamento sobre Carpini cresceu em proporção inesperada.
A derrota na estreia da Libertadores só deixou tudo ainda muito pior, já que ele teve 18 dias só para treinar a equipe.
E o futebol de ontem foi fraquíssimo.
“O momento ruim é muito mais criado pela imprensa, pela parte externa, do que pela gente. A gente classificou em 1º no Paulista, caímos nos pênaltis para uma equipe muito bem montada, que se defendeu muito bem. Hoje uma estreia muito complicada, a gente perde três jogadores no primeiro tempo, o que quebra qualquer estratégia. O Carpini tem todo o nosso apoio, um treinador que a gente vê a capacidade no dia-a-dia", Lucas tentou servir de escudo ao técnico.
Quanto ao assunto mais polêmico, a não entrada de um jogador no lugar de Wellington Rato, que saiu aos 39 minutos do primeiro tempo, Carpini, se mostrando inseguro com o tema, buscou explicar.
"Eu troquei seis minutos dos acréscimos por 45 mais os acréscimos do segundo (tempo). Trocamos seis (minutos) por 50. É uma tomada de decisão rápida, difícil. A gente sabe que jogar na casa do Talleres com um jogador a menos... a gente correu risco. Corremos o risco por seis minutos em vez de 45 do segundo tempo.
"Sabemos que tínhamos jogadores que não suportariam 90 minutos. Precisávamos guardar para eles. Acho que foi uma decisão acertada. Se tivéssemos tomado essa decisão e nada tivesse acontecido, talvez não teria nada disso. Os próprios atletas pediram para que não fizesse (a substituição..."
Pela legislação esportiva, o time tem direito a fazer três paradas para substituir. Carpini já havia feito duas, nas trocas de Rafinha e Lucas. Se fizesse a terceira, para a entrada de Erik, não poderia trocar ninguém mais no segundo tempo.
O colocou no intervalo, porque a parada é obrigatória.
Mas o desconhecimento das regras básicas nas substituições virou outro inimigo do técnico.
E as críticas se acumulam.
O presidente Julio Casares, aconselhado por Muricy, diz a conselheiros que ainda não é hora de trocar.
Organizadas querem a saída do técnico.
Carpini está perdendo prestígio em velocidade turbo.
Pressão pela demissão é real...
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