Derrota para o Flamengo implode o Botafogo. Lage entrega o cargo. Reunião de madrugada o mantém como técnico. Um caos
A vitória do Flamengo por 2 a 1 foi a gota de água para Bruno Lage. O português já era criticado pela eliminação na Sul-Americana. Apesar de líder do Brasileiro, entregou o cargo. Mas a diretoria o fez permanecer empregado
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A vitória do Flamengo sobre o Botafogo, por 2 a 1, em pleno estádio Nilton Santos, provocou um caos no líder do Campeonato Brasileiro.
Irritado com as críticas crescentes, que começaram com a eliminação na Copa Sul-Americana, para o fraco Defensa y Justicia, e que aumentaram com a derrota de ontem, Bruno Lage decidiu entregar o cargo de treinador do Botafogo.
Ele fez um pronunciamento completamente inesperado, após o jogo.
"Desde o primeiro dia, tenho sido questionado em tudo. O Botafogo já está campeão, se tiver algo pelo caminho foi você que estragou. Essa pressão acontece desde o primeiro dia, aguento ela de forma tranquila. Vai vir sempre essa coisa 'o que o Bruno Lage vai fazer'. Se o treinador que começou a temporada tivesse aqui hoje, o que aconteceu não teria acontecido.
"Por que eu vim? Um treinador que estava aqui aceitou outro projeto, saiu daqui 'já campeão'. Assim como cito os torcedores, já estão no modo campeão. E querem encontrar um indivíduo (como culpado) caso o time não seja campeão. Isso é uma coisa que é fácil de lutar. Eu aguento essa pressão de forma natural.
"Não falei com ninguém, coloco meu lugar à disposição do diretor, do presidente. Tenho contrato com o Botafogo até dezembro. Tem prêmios garantidos, Libertadores, tenho prêmio de campeão, mas não tenho problema em abdicar, não sou preso a dinheiro, mas não quero que a pressão em cima de mim seja jogada nos jogadores. Meu cargo está à disposição dos diretores.
"Boa noite."
Sua postura provocou uma revolução nos bastidores do Botafogo.
Obrigou os dirigentes a se reunirem durante a madrugada, com consulta, inclusive, ao dono do Botafogo, o americano John Textor, por telefone.
Lage reafirmou aos dirigentes que estava disposto, se quiserem, a deixar o cargo. Abrindo mão das premiações, como classificação para a Libertadores de 2024, mais vitórias, mais a promessa de bônus especial pelo título do Brasileiro.
Só que o executivo André Mazzuco, o head scout Alessandro Brito e, principalmente, Textor fizeram o português recuar.
Voltar atrás.
E continuar trabalhando no clube.
Bruno Lage já está incomodado desde a eliminação do Botafogo da Copa Sul-Americana. O torneio realmente se mostrava fácil.
Diante de uma equipe mais fraca, o Defensa y Justicia, Lage resolveu poupar titulares. E acabou colocando em campo duas vezes uma equipe desentrosada, espaçada, que ofereceu a classificação à semifinal ao clube argentino.
O clássico contra o Flamengo era muito aguardado.
A torcida botafoguense fez uma festa impressionante, apoiando o time.
A equipe comprou a briga com o Flamengo.
O clássico foi empolgante, com chances de lado a lado.
Bruno Henrique, no entanto, desequilibrou. Jogou bem demais.
E decidiu a partida para o Flamengo, marcando um belíssimo gol da vitória, aos 27 minutos do segundo tempo.
Antes, Marlon Freitas marcou contra, logo no primeiro minuto de jogo, e Victor Sá havia empatado, aos 17 minutos do primeiro tempo.
A vitória do Flamengo acabou com a invencibilidade do Botafogo no Brasileiro no seu estádio. E também acabou com a série de 12 partidas no campeonato nacional sem derrota.
Bruno Lage mostrou nesta madrugada que a sombra do excelente trabalho de Luís Castro pesa.
E o atrapalha.
Ele tem tomado decisões equivocadas.
O Botafogo não é mais o time excelente que iniciou o Brasileiro, com Castro.
O clube ainda tem 11 pontos de vantagem para o Palmeiras, o segundo colocado.
Faltam 16 rodadas.
Se Lage se mostrar pouco resistente à pressão, tudo pode ruir.
E o Botafogo perder o Brasileiro mais encaminhado da história.
O português só não foi embora nesta madrugada porque os dirigentes não deixaram.
Principalmente Textor, que foi firme.
Ele exigiu que cumprisse sua palavra.
O contrato de Lage terminará só em dezembro de 2024.
Se ele tiver personalidade para suportar a pressão.
E a sombra de Luís Castro...
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