Decepção no Cruzeiro desaba em Cássio. Time de estrelas decepciona. Revoltado, goleiro mostra taças. E desafia críticos. “Não ganharam nada”
Cássio decidiu não se calar mais. Diante dos ataques de jornalistas e torcedores, depois de suas falhas, o goleiro decidiu partir para o contragolpe. Mostrou suas taças, entre elas a do Mundial de Clubes. Só provocou mais ira
Cosme Rímoli|Do R7
Fernando Diniz tem uma grande característica.
E assumida.
Entre os treinadores de elite do Brasil é o que mais demora a montar um time.
Sua visão tática diferenciada exige movimentação que os jogadores não estão acostumados.
As peças se encaixam muito lentamente.
Não é por acaso que, em sua longa carreira como treinador, de 16 anos, títulos sejam raridade.
Foram 19 trocas de clubes.
E só a direção do Fluminense teve paciência, deu prazo de um ano e meio para que o trabalho desse resultado.
Vieram os três títulos respeitados: o Carioca 2023, a Libertadores, 2023. A Recopa Sul-Americana, 2024.
Foi para a Seleção e só suportou seis jogos.
Depois, o próprio Fluminense o despachou.
Seu estilo de jogo estava decorado pelos adversários e o clube caminhava para o rebaixamento.
Assumiu o Cruzeiro e tratou de repetir os mesmos erros, impor seu estilo a jogadores que nunca tinham atuado com a movimentação e sincronia que Diniz imagina serem ideais.
Fracasso na Sul-Americana, no Brasileiro.
O bilionário Pedro Lourenço investiu mais de R$ 250 milhões em reforços.
Diniz ganhou sobrevida e pré-temporada para montar o ‘esquadrão’ que a imprensa mineira sonhava.
Os resultados e o desempenho do time estelar têm sido pífios.
E as cobranças se focaram em Cássio.
Sem a equipe conseguir marcar gols, como nos amistosos contra o São Paulo, Atlético Mineiro.
E na derrota para o Athletic, de São João Del Rey, na estreia do Campeonato Estadual.
Vaias, xingamentos dos cruzeirenses que moram em Brasília e foram ao Mané Garrincha foram direcionados.
Cássio foi o escolhido como objeto de toda frustração.
Ele realmente falhou no gol contra de Fabrício Bruno.
Mas e o time milionário que apresentava Dudu, estreando oficialmente, pelo Cruzeiro?
Cássio, William, João Marcelo, Fabrício Bruno e Marlon; Lucas Romero (Tevis), Matheus Henrique e Eduardo (Christian); Dudu (Lucas Silva), Marquinhos (Lautaro Díaz) e Bolasie.
Equipe confusa, tensa, incapaz de escapar da marcação e sequer empatar o Athletic.
A imprensa mineira também seguiu o caminho fácil, apontado pelos torcedores.
E culparam Cássio pela derrota.
Lembraram da eficiência de Fábio.
Se esquecendo que ele saiu do clube pela porta dos fundos, a mando de Ronaldo Fenômeno, que era dono da SAF cruzeirense.
Cássio sentiu a forte cobrança.
Ele tem traumas que carrega desde o Corinthians, quando foi ameaçado de morte, quando o time não estava bem.
Irritado, ele decidiu responder.
E foi a fundo.
Respondeu até um torcedor que o ironizou.
“Eu pago o Uber para você ir embora, eu pago a passagem de avião, eu imploro: VAI EMBORA”, escreveu.
O jogador respondeu.
“Obrigado!! Mas eu tenho dinheiro para isso se precisar. Posta lá para ganhar engajamento, vê se ganha uns seguidores.”
Só que não ficou só nisso.
Usou, de novo, de novo as redes sociais.
Primeiro, um desabafo.
“Cuidado com a opinião de pessoas que sabem tudo, mas não conquistaram nada.”
Depois, mudou a foto do seu perfil.
Com ele abraçado a inúmeras taças que venceu.
Entre elas, o Mundial.
Só provocou mais ira contra ele.
O clima no Cruzeiro é péssimo, já de desilusão.
Tudo muito precipitado, a temporada mal começou.
O time enfrentará amanhã, o fraco Betim Futebol, pelo Mineiro, no Mineirão.
Gabigol fará sua estreia oficial pelo clube.
A equipe de Diniz, ainda tentando se encontrar taticamente, tem todas as condições de vencer.
E até golear.
Tamanha a diferença técnica entre os jogadores.
Mas há algo muito errado no clube.
Os atletas precisam estar mais protegidos, blindados, orientados.
Até porque o Cruzeiro ‘dos sonhos’ com Fernando Diniz, se acontecer, vai demorar.
E as cobranças serão fortes.
Primeiro, pela ilusão das grandes contratações, como Gabigol, Dudu, Fagner, Fabrício Bruno.
Mais o melhor meia do país, Matheus Pereira.
Depois, depois pela força do grande rival, o Atlético.
O executivo Alexandre Mattos precisa proteger os jogadores cruzeirenses.
Não há sentido esse embate de Cássio.
O desgaste público, que só expõe o goleiro.
Antes de tudo, o Cruzeiro deveria conhecer o técnico que contratou.
Resultado imediato jamais foi especialidade de Fernando Diniz...
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