Daniel Alves. A melhor contratação do São Paulo. Nos últimos 50 anos
Capitão da Seleção. 40 títulos em uma carreira fabulosa de 19 anos. O clube surpreendeu o mundo e fez um bem ao futebol do país com a contratação
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Raí e o inseguro Leco estão eufóricos.
Conseguiram a melhor contratação do São Paulo nos últimos 50 anos.
Daniel Alves.
Sim, não há exagero.
Os mais antigos vão se lembrar do que significou a ida de Gerson, do Botafogo, de General Severiano, para o Morumbi.
Titular absoluto da Seleção Brasileira, capitão de direito, por sua personalidade fortíssima, ele revolucionou o São Paulo, que acumulava 13 anos sem títulos.
E foi bicampeão paulista, em 70 e 71, quando o título valia tanto ou mais que o próprio Brasileiro. Ou a Libertadores, dentro do provincianismo que dominava o futebol há cinco décadas.
Foram 75 jogos fundamentais de Gerson, entre 1969 e 1972, quando pediu e foi para o Fluminense, seu clube de coração.
Sua missão foi cumprida.
Ele resgatou a autoestima e o espírito vencedor do São Paulo, que voltou a despertar para conquistas, depois de construir, na época, o maior estádio particular do mundo, o Morumbi.
A chegada de Daniel Alves, titular e capitão da Seleção, não faz bem apenas para o São Paulo, mas para o futebol brasileiro.
Tem a representatividade bem parecida com a de Ronaldo no Corinthians, para trazer um exemplo mais próximo.
Daniel Alves é disparada a contratação mais importante do clube no século XXl. Mais do que Kaká, Luís Fabiano, Hernanes, Lugano.
A sofrida torcida do São Paulo, sem títulos desde 2012, está eufórica. E com razão. O baiano de Juazeiro é o recordista mundial de títulos oficiais.
Em 19 anos de carreira, são 40 conquistas oficiais.
Com exceção da Copa, ele conquistou os títulos mais importantes. São três Champions League, três Mundiais, duas Copas América, uma Copa das Confederações, duas Copas da Uefa, seis campeonatos espanhóis, um italiano, dois franceses.
Esteve oito vezes na seleção mundial da Fifa, cinco na seleção da Uefa.
Se não tivesse machucado o joelho direito, seria o capitão da Seleção na Rússia. Se o Brasil vencesse, era o homem que Tite queria levantando a taça, tamanha a sua liderança no selecionado.
É o único jogador a quem Neymar se dobra.
Esse espírito de liderança, essa volúpia de conquistas que o São Paulo ousou contratar.

Valem os detalhes da contratação que abala o futebol deste país.
Daniel Alves foi dispensado do PSG. Pelos 36 anos e por dar guarida a tudo que Neymar aprontava. Ele chegou a tomar a bola de Cavani para que Neymar cobrasse uma falta.
Ele desejava voltar ao Barcelona. Mas sua idade o vetou.
O Manchester City seria a segunda opção, mas a mágoa de Guardiola e da diretoria inglesa pesou. O brasileiro havia acertado contrato em 2017, mas o PSG ofereceu mais e ele aceitou ir para a França, virando as costas para o que já havia fechado.
A partir daí, equipes média, como o Sevilla, surgiram no horizonte. Ou então mercados periféricos como a China, a Árabia.
Daniel Alves já está milionário. Há pelo menos 11 anos, quando foi para o Barcelona, sempre ganhou muito bem.
Sua vida financeira está resolvida.
Ele sentia muita falta dos filhos Vitória e Daniel que moram com a primeira esposa, de quem é separado. Eles moram em Alphaville, condomínio famoso de Barueri, cidade grudada em São Paulo.
Daniel Alves nunca escondeu que o time de seu coração é o São Paulo. E jurou publicamente que, um dia, jogaria com a camisa tricolor.
A princípio, Raí e o inseguro Leco não levaram a sério, não acreditaram que seria possível contratá-lo agora, mesmo estando sem clube.
Sabiam que ele tem mercado na Europa.

Só que, com sem ofertas de clubes grandes, vencedores no Velho Continente, Daniel Alves se mostrou mais afeito à voltar para o Brasil.
Mas deixou claro.
Queria três anos de contrato.
E salário 'europeu', bem perto do que ganhava no PSG.
Como o São Paulo não vai pagar nada a clube algum para ter o lateral, o inseguro Leco e Raí decidiram apostar.
Assumir o contrato até 2022.
O investimento é de 12 milhões de euros, cerca de R$ 50,7 milhões. Ele receberá 4 milhões de euros, R$ 16 milhões por ano, ganhará R$ 1,3 milhão. Mas terá direito a bônus especial em caso de conquistas.
O clube primeiro fechou e depois buscará patrocinadores, empresas dispostas a pagar para ter a imagem do lateral.
Ele usará daqui para a frente a camisa 10 do São Paulo.
O jogador está em Fortaleza.
"Eu poderia ter escolhido qualquer lugar para jogar, mas escolhi voltar para o Brasil, pelo meu país, pelo meu povo, pelo meu clube de coração.
É irreal, mas estou aqui", declarou o lateral.

A apresentação ainda estava sendo estudada. Provavelmente será na próxima semana.
Diretoria, conselheiros, Cuca, jogadores e torcedores estão entusiasmados.
Com razão.
O São Paulo finalmente tem um grande líder.
Vitorioso.

Foi a melhor contratação dos últimos 50 anos.
Só vai entender quem sabe o que Gerson fez.
O inseguro Leco e Raí demoraram.
Mas até que enfim acertaram.
Para o bem do futebol brasileiro...