Cuca no Santos. Aposta de alto risco. Para o clube e para o técnico
Cuca surpreendeu a própria diretoria santista mostrando que estava disposto a trabalhar na Vila Belmiro. O elenco é fraco e o técnico problemático
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Cuca foi para a Copa da Rússia.
Aproveitou o convite do Sportv para comentar o Mundial.
No ano passado, ao reassumir o Palmeiras, tinha um sonho.
Com bases que acreditava concretas.
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O de substituir Tite na Seleção Brasileira.
"Bastava" apenas o treinador vencer a Copa.
E teria à disposição vários gigantes europeus para escolher.
Sem ele no cargo, Cuca seria o candidato natural.
Afinal, era o atual campeão brasileiro, último vencedor da Libertadores da América.
Ele tinha a seu lado inúmeros membros importante da imprensa.
Só que muita coisa aconteceu desde maio de 2017 até julho de 2018.
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O prestígio de Cuca como treinador foi entrou em uma curva descendente.
O retorno ao Palmeiras foi a pior escolha na sua carreira.
Ele saiu como vencedor, campeão do Brasileiro. E recusou inúmeros pedidos dos dirigentes e aumento impressionante para que seguisse no Palmeiras. Só que tinha de cuidar da esposa e do irmão doentes. E se afastou. O clube contratou Eduardo Baptista. A inexperiência pesou para que sua passagem fosse um enorme fracasso.
Cuca foi convidado a voltar, às pressas.
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Recebendo mais um salário 40% maior do que em 2016.
Só que Cuca se perdeu. Tinha a obrigação de conquistar a Libertadores. Obrigação. Não é figura de linguagem. Era isso que repetia à exaustão ao grupo que comandava. Ou que tentava comandar.
Desde sua chegada, Felipe Melo, líder da equipe, não concordava com sua estratégia. Principalmente a obrigação dos volantes voltarem para a marcação seguindo os passos dos meias adversários de forma indivualizada. Obrigava a uma correria enorme. Felipe Melo foi tentar argumentar que seria mais fácil marcar em zona e entrou em conflito com Cuca.
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O desentendimento entre os dois cresceu de forma incontrolável. O volante passou a questionar sua estratégia entre os jogadores. O treinador não aceitou e o afastou do elenco.
Ao mesmo tempo, Cuca se perdeu. Mudava a estrutura tática e as escalações do Palmeiras sem critério. Foi ironizado pelas superstições. A calça vinho, que deveria 'dar sorte'. Eliminado da Libertadores pelo Barcelona de Quayaquil, em plena arena palmeirense.

A derrota por pênaltis fez com que dirigentes e o treinador entendessem o grande erro do retorno. E em outubro, quando ficou claro que o título do Brasileiro não seria conquistado, foi mandado embora.
As brigas com jogadores, com dirigentes se juntaram com as derrotas e fizeram do milionário Palmeiras um clube sem conquistas em 2017. E conselheiros frustrados acabaram por difamar Cuca.
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A temporada passada teve consequências desastrosas para o treinador.
O Brasil de Tite perdeu o Mundial. E o treinador segue na Seleção até o Qatar.
Renato Gaúcho venceu a última Libertadores e o título de Cuca com o Atlético Mineiro deixou de ser referência.
O mercado ao técnico se retraiu.
E só agora, no final de julho de 2018, ele volta a trabalhar, no problemático Santos de José Carlos Perez.
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O presidente queria Juan Carlos Osório. Seu vice Rollo queria Vanderlei Luxemburgo. Zé Ricardo estava à mão. Mas Ricardo Gomes recebeu um recado no seu whatsapp. Cuca estava disposto a voltar a trabalhar no Santos.
O contato foi rápído, fulminante.
E o treinador já tem até o final de 2020 para justificar sua fama ótimo profissional.
O que será difícil.
O elenco é fraco. Não está na zona de rebaixamento por acaso.
O presidente Peres garantiu que virão novos reforços.
Cuca pediu e precisa.

Porém o mais importante é como está encarando a volta ao futebol.
Como um recomeço depois da pior decisão da carreira.
Precisa recuperar o status que jogou fora ao reassumir o Palmeiras.
Pagar o erro de tentar se impor a um grupo de jogadores sem união.
E ressentidos pela demissão de Eduardo Baptista.
O Santos tem R$ 400 milhões em dívidas.
Uma diretoria dividida.
Elenco fraco.
Com reforços estrangeiros duvidosos.
Ocupa a 16ª sexta colocação, brigando para não ser rebaixado.
A perspectiva não é boa.
Cuca teve duas passagens decepcionantes pela Vila Belmiro.
Como jogador, já caminhando para o final da carreira, em 1993.
E como treinador, em 2008, quando suportou apenas 14 partidas.
Até abandonar o cargo.
Ricardo Gomes tentou Abel Braga.
Tinha Zé Ricardo nas mãos.
Sonhava com Juan Carlos Osório.
E procurava fugir de Vanderlei Luxemburgo.
Cuca foi inesperada solução.
Uma incógnita para o Santos.
Pelo gênio forte e muitas vezes incomprensível do treinador.
A escolha de Cuca foi de alto risco.
Impossível prever como será esse casamento.

A confirmação do imprevisível nome dividiu a diretoria.
Conselheiros e organizadas.
A aposta é alta.
A princípio, não vale títulos.
Mas a sobrevivência na Série A...
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Gabriel (Santos) - 18 gols
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