Cruzeiro fracassa na decisão da Copa Sul-Americana. Previsível, time de Diniz tomou dois gols em 19 minutos. Racing campeão. Gabigol em risco
O time argentino fez o que quis com a equipe brasileira. Gustavo Costas sabia que Fernando Diniz obrigaria seu time a sair jogando e com a defesa adiantada. Marcou forte e aproveitou as bolas longas. Racing marcou 2 a 0 e recuou. Sofreu o gol, mas matou a partida em 3 a 1
Cosme Rímoli|Do R7
O fracasso do Cruzeiro na final da Sul-Americana foi previsível.
E o motivo é o mesmo que fez Fernando Diniz ser demitido da Seleção e do Fluminense ainda este ano.
O treinador está apegado a uma maneira apenas de montar suas equipes.
Com saída de bola com troca de passes, defesa adiantada, posse de bola exagerada e jogadores concentrados em uma faixa do campo.
Diniz levou um ano e meio no Fluminense para fazer seus atletas entenderem o que tinham de fazer.
Por ser tão difícil realizar essa estrutura tática, que remonta ao Barcelona de 2011, de Pep Guardiola, Diniz seja tão pobre em títulos.
Apenas um Carioca e uma Libertadores, em 15 anos de carreira.
Mesmo passando por clubes gigantes como São Paulo, Santos, Vasco e duas vezes pelo Fluminense.
Diniz estava desempregado quando foi chamado pelo executivo Alexandre Mattos para assumir o Cruzeiro.
Ganhou de presente a semifinal da Copa Sul-Americana, dado pelo ex-treinador Fernando Seabra.
A escolha foi errada, arriscada demais, porque Diniz é o técnico do país que mais tempo leva para montar um time competitivo.
E seus conceitos não mudam.
Com a derrota de hoje, na final da Sul-Americana, diante do Racing, por 3 a 1, ele chega ao seu 11º jogo.
São duas vitórias, quatro empates.
E cinco derrotas!
Agora, o clube precisa desesperadamente conseguir uma vaga no Brasileiro para chegar à Libertadores de 2025.
Para concretizar a contratação de Gabigol e do supertime sonhado pelo bilionário Pedro Lourenço.
O midiático atacante que vai deixar o Flamengo pode rever sua promessa feita.
Se o Cruzeiro disputar apenas torneios menores e não a Libertadores no próximo ano.
Assim como grandes jogadores que Lourenço garante que chegarão para a próxima temporada, poderão mudar de ideia.
O fracasso de hoje tem um grande peso.
O dono da rede de supermercados BH prometia uma premiação milionária à equipe, se fosse campeã da Copa Sul-Americana.
Mas esse dinheiro ele economizará.
Por conta do esquema tático de Diniz, que ainda busca uma equipe confiável com o elenco que herdou perto do fim da temporada.
Tanto que ele ficou o tempo todo em dúvida se escalaria Walace ou Lucas Silva.
Escolheu Walace e errou.
O jogador mais pesado, mais lento, não ofereceu a proteção à zaga como deveria.
As bolas esticadas às costas de Willian não tinham a cobertura em tempo também de João Marcelo.
Foi desesperador ver Adrian Martínez explorar esse setor direito desprotegido do Cruzeiro.
A equipe argentina começou a partida com jeito que iria golear.
Travou a saída previsível de bola do time de Diniz.
E lançou inúmeras bolas nas costas da zaga, preferencialmente pelo setor direito da defesa do time brasileiro.
A pressão já era grande, com gol anulado, por milímetros, de Martirena, aos dois minutos do primeiro tempo.
O Cruzeiro não tinha saída tática e seus atletas travados se mostravam apáticos, sem força para solucionar o labirinto que se encontravam.
Coube a Cássio piorar as coisas.
Aos 14 minutos, Walace erro passe fácil, Tintero tocou para Martirena.
O lateral foi cruzar, mas a bola foi para o gol.
Cássio estava adiantado e não teve como se recuperar.
Tomou um gol infantil.
Racing 1 a 0.
Perdendo, os jogadores do Cruzeiro perderam o pouco de confiança que tinham.
O meia Matheus Pereira estava nervoso por ser anulado pelo volante Nardini.
Os mineiros não tinham talento para tirar sua bola da intermediária com o mínimo de lucidez.
Para piorar tudo de vez, cinco minutos depois, veio segundo gol do Racing.
Salas, às costas de Willian, desceu pela esquerda e cruzou para Martínez fazer 2 a 0.
Outra vez, Cássio estava mal colocado, muito perto do seu gol.
E não pôde esticar a mão para cortar o cruzamento.
Se forçasse, o Racing poderia ter goleado o Cruzeiro no primeiro tempo.
Mas a equipe tratou de recuar suas linhas, para garantir a excepcional vantagem.
Diniz assinou seu erro gravíssimo ao trocar Walace por Lucas Silva aos 30 minutos de jogo.
Na segunda etapa, o Cruzeiro foi para a frente.
E os argentinos trataram de tentar segurar o resultado.
Postura que facilitou os ataques cruzeirenses.
Aos sete minutos Matheus Henrique fez ótima jogada, tabelou com Matheus Pereira e cruzou.
Kaio Jorge cabeceou, Arias conseguiu defender, mas o atacante tocou para as redes, 2 a 1.
A partida ficou emocionante.
Só que ficou claro que o time do Cruzeiro não está pronto.
Faltava sincronia dos atletas, movimentação conjunta.
A equipe mineira apelava para jogadas individuais ou cruzamentos.
Situações que facilitaram a defesa.
Correndo errado, desesperados, os atletas cruzeirenses se cansaram.
E tomaram o justo 3 a 1, em um contragolpe, aos 49 minutos.
Roger Martínez desceu livre e cara a cara com Cássio, não teve piedade.
Chute fortíssimo cruzado.
Copa Sul-Americana acabada.
O Racing foi o justo campeão.
Derrubou no caminho o Athletico Paranaense, Corinthians e Cruzeiro.
Em 2022, o São Paulo perdeu a final da competição para Independiente del Valle.
Em 2023, o Fortaleza caiu para a LDU.
E hoje, na final de 2024, o Racing ganhou do Cruzeiro.
Não há coincidência no futebol.
O time melhor preparado vence decisões.
Mattos e Lourenço arriscaram demais ao escolher Fernando Diniz no final de temporada.
O Cruzeiro pagou por esta escolha.
Vaga pela Libertadores depende dos quatro últimos jogos do Brasileiro.
O clube mineiro pode ter comprometido seu futuro.
A começar pelo festejado Gabigol...
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