Crise no São Paulo só aumenta. Derrota para o Ceará. A quarta seguida. Pior público no Morumbi desde 2019. Torcida revoltada com a diretoria. Crespo desabafa. ‘Momento crítico.’ Sofre com elenco que Zubeldía não queria. Com veteranos que não rendem
Vaias, palavrões, revolta. Segurança dobrada para dirigentes e jogadores. Proteção da própria torcida. Derrota para o limitado Ceará, em pleno Morumbi, escancara a crise. Time eliminado da Libertadores e fracassando no Brasileiro
Cosme Rímoli|Do R7

Jogadores e dirigentes saíram escoltados.
A segurança foi reforçada, dobrada.
Era como se o São Paulo estivesse atuando em outro país, em mais uma partida da Libertadores, com o ambiente pesado, tenso, que exige cuidado.
Mas a cena aconteceu ontem, no Morumbi.
O motivo: a revolta dos torcedores pela quarta derrota consecutiva. Desta vez para o limitado Ceará, por 1 a 0, gol do ex-corintiano Pedro Henrique.
“É o momento que não dá certo, cada jogo tem sua história. Hoje a gente estava incomodado já com o empate, se você falar se jogou bem, não, pode jogar melhor.
“É um momento crítico em relação a emoções e sentimentos após a eliminação, nunca é fácil. Chutamos, criamos com dificuldades, mas a derrota foi merecida”, reconheceu Crespo.
Ele sabe que comanda um elenco caro e envelhecido. Montado mais pela vontade midiática da direção do clube, do que pelo talento atual.

Veteranos que tiveram o melhor da carreira anos atrás, como Lucas Moura, Luciano e Oscar, nada acrescentaram em mais esta temporada sem título. Por mais que se dedicaram. É uma questão de queda de produtividade com a idade.
“Lucas é muito mais do que uma alternativa, mas é o verdadeiro Lucas nesse momento? Não... Porque teve problemas, está voltando, jogando 10, 15 minutos, meia hora. Não é um super-herói, é um ser humano que não vai encontrar do nada a forma ideal porque parou muito tempo.
“Tentamos com o tempo, nos próximos jogos, não chutar na trave e tentar produzir ainda mais para concretizar em gols. Estamos tentando fazer o máximo e as vezes não alcançamos.
“A realidade é que o Oscar está fora há dois meses e meio, teve uma lesão muito grave e está voltando aos treinamentos, foi uma lesão que o dificulta treinar, respirar, caminhar, e ele voltou agora, estamos indo aos poucos, quero que ele esteja bem.
“Porque aqui não há super-heróis, há seres humanos, que querem ajudar o clube. Jogar Brasileirão, Libertadores, não é só entrar em campo, tem que estar bem.”
É o preço de ter o elenco que Zubeldía queria fazer uma mudança profunda. E acabou perdendo o emprego por isso. Não queria mais tantos veteranos.
Seus times usam muito a força física. Esta mudança acontecerá no Fluminense, clube que assumiu, com a demissão do Morumbi, mesmo tendo classificado a equipe para as oitavas da Libertadores.

O time ontem foi muito irregular, criou chances, mas deu muito mais oportunidades para o Ceará. Perdeu de forma merecida. O gol da partida foi de Pedro Henrique, driblando o desesperado Rafael, aos 10 minutos do segundo tempo.
O São Paulo não teve como reagir.
Luciano foi outra vez o destaque negativo.
Inseguro, improdutivo, afobado.
E terminou alvo, outra vez da torcida são paulina.
O clube segue estagnado na sétima colocação no Brasileiro.
Para piorar a situação de Crespo, jogadores muito promissores da base foram vendidos por preços baixíssimos. De forma precipitada, afirmam empresários.
A torcida entendeu o que acontece.
E mesmo as organizadas, que estavam ao lado de Casares, se cansaram diante dos fracassos em 2024 e 2025.
Por conta da dívida de mais de R$ 1 bilhão, que sufoca o clube. Julio Casares está no seu quinto ano como presidente e nada muda.
O pior público do estádio são paulino, desde 2019, demonstrou toda sua decepção, frustração, raiva, com palavrões, vaias e coro ofensivo contra Casares.
Não bastasse a vexatória eliminação da Libertadores, com duas derrotas para o clube equatoriano LDU, vieram dois fracassos no Brasileiro. Contra o ainda sem rumo, Santos, e diante do limitado time nordestino.
Os três próximos jogos são Fortaleza, no Ceará; Palmeiras, no Morumbi; e Grêmio, em Porto Alegre.
Casares chegou, antes da partida, a pedir desculpas aos são paulinos, nas redes sociais.
Mas pelos palavrões, pelos coros ofensivos, as desculpas não foram aceitas...
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