Corinthians vai esperar até a 'última prova' para dispensar Rafael Ramos por racismo. E repetir o que fez com Danilo Avelar
O presidente Duilio Monteiro Alves não tem saída. Se a Polícia Civil gaúcha provar que ele foi racista no jogo contra o Inter, será dispensado. Perito garante que ele chamou Edenilson de 'macaco'
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Duilio Monteiro Alves está encurralado.
Se a Polícia Civil de Porto Alegre confirmar, pela leitura labial, que Rafael Ramos chamou Edenilson de macaco, o presidente do Corinthians, terá de honrar sua palavra.
E agir como fez com Danilo Avelar.
O dirigente foi o principal articulador para que o defensor jamais voltasse a vestir a camisa do Corinthians.
Por racismo.
Danilo Avelar estava se recuperando de contusão, em junho de 2021. Adepto de jogos por computador, ele ofendeu um adversário.
"Fih de uma rapariga preta", escreveu Danilo.
Quando a situação veio à tona, o Corinthians emitiu uma nota oficial. Que foi feita por ordem de Duilio Monteiro Alves.
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"O Sport Club Corinthians Paulista informa que está em contato com o atleta Danilo Avelar e seus representantes a fim de discutir e formalizar as medidas cabíveis para o encerramento do vínculo", estava escrito na notificação do dia 23 de junho de 2021.
Não adiantou o jogador se desculpar. Nem visitar ONGs que lutam contra o racismo. Danilo Avelar jamais voltou a atuar com a camisa branca e preta.
Ficou se recuperando de lesão nos ligamentos cruzados do joelho direito. E na reta final de sua recuperação, saiu do clube.
Foi emprestado para o América Mineiro no mês passado, com contrato até o final do ano.
Em relação a Rafael Ramos, o problema é mais complicado.
Primeiro, que ele tem 27 anos e não 32, como Danilo Avelar, que completa 33 anos no mês que vem.
Depois, que assinou contrato de dois anos com o Corinthians.
Terceiro motivo, foi um pedido explícito do treinador Vítor Pereira.
A quarta razão, Ramos nega.
E ainda não está definido oficialmente, pelas imagens, o que ele falou para Edenilson.
Se o chamou ou não de 'macaco'.
O jogador está na Argentina com o clube, mesmo sem poder jogar, amanhã, contra o Boca Juniors. É também uma maneira de preservá-lo neste momento turbulento.
A situação do lateral português está se tornando muito difícil.
Edenilson não só prestou queixa contra Rafael Ramos por injúria racial, que acabou em prisão do português no estádio Beira-Rio. Ele só foi solto por conta de fiança de R$ 10 mil pagos pelo Corinthians, no sábado.
Se comprometeu com companheiros e com a diretoria do Internacional de levar o caso 'até o fim'.
Um perito em leitura labiais já deu seu parecer para a rádio Gaúcha, de Porto Alegre.
Para ele, não há dúvida que o corintiano usou a palavra 'macaco' para Edenilson.
"Eles estão de frente para a câmera e é possível ler o posicionamento dos lábios do Ramos. Podemos identificar de forma tênue a frase que todo mundo está dizendo, que é a palavra 'macaco'."
"E vem na sequência um palavrão que não fica muito claro na definição dos lábios dele. Temos que tomar esse cuidado, mas me parece que é 'do cara...'."
Para o perito judicial Roberto Nezza Miella, a frase é "macaco do cara...".
Conselheiros ligados a Duilio Monteiro Alves, na madrugada de sábado divulgavam em grupos de whatsapp que o lateral teria dito 'mano do cara...' Depois, no domingo, outra versão circulava. "Malaco do cara..."
E hoje, durante o dia todo, a culpa seria da edição do vídeo.
Que Rafael Ramos teria dito. "O loco, eu não falei macaco do cara...", respondendo a Edenílson, que teria se confundido.
A postura de Duilio Monteiro Alves será a mesma adotada com Robson Bambu.
Esperar até a definição, julgamento, punição de Rafael Ramos, só para então agir.
Robson Bambu foi acusado de estupro de uma mulher, no dia 3 de fevereiro.
Depois de mais de mais de três meses de investigação, o Ministério Público recomendou o arquivamento do caso, não encontrando provas do estupro.
Duilio não agirá como fez com Danilo Avelar.
Pelo contrário.
Esperará até a prova definitiva contra Rafael Ramos, se houver.
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul garante.
A investigação será rápida.
E a leitura labial da discussão entre Rafael Ramos e Edenilson será a prova fundamental.
Se houve ou não injúria racial.
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