Tenso, Dorival viu o quanto o Corinthians precisa de reforços. Direção previu o desastre. Não o expôs contra o Flamengo. Ele exigiu contratações
Direção do Corinthians não se esforçou para registrar Dorival. Não queria que estreasse contra o Flamengo. Fez o certo. Sabia: a diferença entre dois times é gritante. Acertou em cheio. 4 a 0 foi muito pouco para o time carioca. Tenso, Dorival assistiu à goleada no Maracanã
Cosme Rímoli|Do R7

Com semblante tenso, Dorival ocupava um dos camarotes no Maracanã.
Sentado ao lado de Fabinho Soldado, o executivo que o convenceu a ir para o Parque São Jorge.
Deve ter dado graças aos céus pelo bom senso de Fabinho.
Ele foi um dos principais artífices da ideia de o treinador estrear apenas contra o Novorizontino, na quarta.
Dorival acabou preservado do confronto contra o Flamengo.
Desde Ramón Díaz, no planejamento do clube, a partida era considerada dificílima.
Dorival foi poupado e assistiu à primeira partida como técnico do Corinthians.
Antes do jogo, ele havia passado no vestiário.
Cumprimentou os atletas.
E apenas conversado superficialmente com Orlando Ribeiro.
Toda a estratégia foi pensada, definida pelo interino.
Dorival teve o choque de realidade.
Depois de toda angústia que passou com a Seleção, sua vida não será fácil.
Orlando Ribeiro deu o tom certo após a partida.
Pediu desculpas aos corintianos, pelo vexame.
“Só pedimos desculpas ao torcedor. Sabemos o quanto é ruim voltarem para casa ou estarem em casa e apresentarmos essa derrota. O Corinthians é muito grande. Temos que seguir agora com o professor Dorival.”

Sonhando em se tornar um dos auxiliares de Dorival, o treinador interino tentou defender o elenco atual.
E buscou desculpas rasa para explicar o fracasso de hoje.
Perguntado se o time precisa de reforços, ele foi direto, firme.
“Não! Para fazer as alterações tem que ter um domínio total sobre o grupo. Quando fomos fazer a alteração, eles estavam prontos para entrar e teve o pênalti. Até aquele momento, eles conseguiram se estabilizar e não tomar gol. Quando fomos fazer as substituições, sai o pênalti e sofremos o gol. Acredito que foi uma situação circunstancial do jogo. Precisávamos esperar mais até para ver como ia se portar a equipe no segundo tempo. Mas, infelizmente, levamos mais um gol, e as substituições ocorreram quando estava 4 a 0.”
Romero foi muito mais sincero do que o técnico interino.
“Eles foram bem superiores no primeiro tempo, acho que o jogo passou por aí. Além da tática, na parte mentalmente, a gente não se comportou bem, a gente não fez o que tinha que fazer em um clássico ou um jogo grande como esse.”
Sim, taticamente e até mentalmente.
O Corinthians foi uma equipe não só perdida, mas encolhida, travada, medrosa.
Os erros com Ramón Díaz só ficaram mais transparentes.
Os jogadores que formam o sistema defensivo corintiano são fracos, com exceção do goleiro Hugo e Angileri.
Quase o tempo todo calado, Dorival assistiu à exibição de gala do Flamengo.
O time de Filipe Luís fez o que quis com o estático Corinthians.
A equipe de Orlando Ribeiro pediu para ser goleada.
Espaçada, apática, com marcação frouxa pelas intermediárias e laterais.
Raniele perdido, Bidon travado pelo nervosismo, transpirando insegurança.
Carrillo muito mal posicionado, nem defendia, nem articulava.
Memphis visivelmente mal fisicamente, irritado com o fraco desempenho dos companheiros, sentiu uma lesão e saiu aos 39 minutos do primeiro tempo.
Já estava 3 a 0.
Romero correndo como um maratonista sem rumo.
Yuri, de nulidade assustadora, já que a bola não chegava aos seus pés.
O placar final, 4 a 0, foi muito modesto.

Matheuzinho e Angileri eram expostos às triangulações que o Flamengo fazia à vontade, pelos lados do campo.
Estavam sozinhos contra dois ou até três rivais, os volantes e meias de Orlando Ribeiro estavam paralisados.
O Corinthians parecia um time de pebolim.
Estático.
O miolo da zaga, com André Ramalho e Gustavo Henrique, desprotegidos, eram um convite ao prazer, para o ataque fulminante do Flamengo.
Hugo, uma pilha de nervos, ainda deu um gol para Pedro, cometendo outro erro bizarro na sua carreira.
Em vez de chutar a bola para a frente, quis passá-la e ela foi direta para o pé do atacante, que só empurrou para as redes.
Além de taticamente mal distribuídos, os corintianos mostravam individualmente que Dorival Júnior estava mais do que certo.
Ele só aceitou o Corinthians quando ouviu a promessa: o time terá reforços importantes no meio do ano.
A busca é por volantes e zagueiro de alto nível.
O Flamengo no primeiro tempo chegou a ter 72% de posse de bola, dar seis chutes a gol, contra nenhum do Corinthians.
Com a derrota, o clube despencou para a 11ª posição.
Dorival Júnior assumirá o time amanhã, quando será anunciado oficialmente.
E inscrito na CBF.

Ele preparará para o jogo pela Copa do Brasil, o Novorizontino, em Novo Horizonte.
Partida contra time da Série B, muito mais fácil do que contra o Flamengo.
Dorival Júnior evitou a imprensa hoje, após o jogo.
Vai pensar melhor no que falar amanhã, quando deve ser sua apresentação.
Tudo que dissesse hoje só poderia comprometer seu próprio trabalho.
O Corinthians teve atuação vergonhosa.
Esse time precisa de treinador com capacidade tática.
E também de reforços.
O elenco já mostrou suas limitações.
A diretoria, mesmo endividada, não tem outra saída.
A não ser contratar.
Se quiser viver o Brasileiro longe da zona do rebaixamento...