Corinthians tenta o 'impossível'. Obrigar a Conmebol a fazer o Boca Juniors jogar sem torcida na Bombonera
Para compensar o fracasso diante do time misto boliviano Always Ready, em Itaquera, a direção do Corinthians quer usar atos racistas da torcida do Boca. E forçar a Conmebol a proibir público na Bombonera pela Libertadores
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Bombonera vazia.
O Boca Juniors sem o apoio alucinante de seus torcedores.
Em plena decisão, valendo a classificação para as quartas de final da Libertadores da América.
Como punição por atos racistas.
Essa é a ideia da diretoria corintiana para tentar remediar a frustrante segunda colocação na fase de classificação, depois de empatar com o time misto boliviano do Always Ready em Itaquera.
Duilio Monteiro Alves tenta a mais alta cartada, reunindo provas contra um torcedor do time argentino no confronto contra o mesmo Boca, no dia 17, no empate em 1 a 1, em Buenos Aires.
O clube portenho já foi multado pela Conmebol em 30 mil dólares (R$ 142 mil) por conta da atitude racista de Leonardo Ponzo em Itaquera. Ele imitou um macaco. Foi retirado pela polícia do estádio antes do confronto da noite de 26 de abril. O consulado argentino pagou a fiança pelo crime de injúria.
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Depois de vários atos racistas contra clubes brasileiros, a Conmebol decidiu aumentar a multa mínima para 100 mil dólares (R$ 475 mil). Além da possibilidade de o clube ter de jogar com o estádio fechado para torcedores. Parcial ou completamente.
O departamento jurídico corintiano já encaminhou à Conmenbol vídeos de um torcedor que imitava um macaco para menosprezar a torcida corintiana e também imagens da polícia argentina "sabotando" o comboio de torcedores brasileiros para acompanhar a partida. Intencionalmente, soldados fizeram os ônibus rodar por Buenos Aires para que os 3.000 torcedores chegassem no meio do jogo.
O presidente do Boca Juniors, Jorge Amor Ameal, sabe dessa ameaça. Mas não imagina seu clube, que vive uma séria crise financeira, jogando com a Bombonera sem público, valendo vaga para as quartas de final da Libertadores.
O Boca Juniors, ao longo da história, já deu inúmeras mostras de que é o clube mais forte nos bastidores da Conmebol. O presidente Alejandro Dominguez tem ótima relação com Ameal.
O vice-presidente do clube argentino é o ex-jogador da seleção Juan Román Riquelme. Ele já fez parte de campanhas contra o racismo quando atuava.
A cúpula do Corinthians quer utilizar a pressão da opinião pública para pressionar a Conmebol. Para que cumpra as medidas que anunciou com estardalhaço há quatro dias.
Mas a chance é mais do que remota.
Só que Duilio promete não recuar.
E até pedir o auxílio da CBF para que a Bombonera não tenha público na partida de volta das oitavas de final.
O que poderá resultar em um duelo.
Já que a AFA historicamente é uma parceira solidária em todas as questões que envolvem equipes argentinas. Principalmente Boca Juniors e River Plate.
O sonho corintiano existe.
Mas é muito difícil.
Improvável imaginar a Bombonera vazia contra o Corinthians.
Mas o mínimo que Duilio conseguiu foi desviar o foco do fracasso contra o Always Ready. Se vencesse, o Corinthians faria a partida decisiva em Itaquera.
E também levar luz à atitude absurda da polícia argentina em relação à torcida corintiana.
Já é uma compensação para o fracasso de quinta-feira...
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