Corinthians tem o direito de sonhar com Gabigol. Mágoa com Tite segue enorme. De ídolo, se tornou um problema na Gávea
Atacante de 27 anos está no seu pior momento no Flamengo. Tite deixou bem claro que ele não passa de reserva de Pedro. A mágoa entre o técnico e o maior ídolo da Gávea continua enorme. Saída, em 2024, seria a melhor solução
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Estava tudo mais do que encaminhado.
Apesar do fraco desempenho, a direção do Flamengo havia decidido oferecer uma antecipação de contrato "de luxo" a Gabigol.
Cinco anos de compromisso.
Em vez de o vínculo terminar em dezembro de 2024, passaria para dezembro de 2029.
Seu salário de R$ 1,6 milhão chegaria a R$ 2,2 milhões.
Afinal, ele ainda seguia como o maior ídolo atual da camisa rubro-negra.
Mas chegou Tite.
E tudo travou.
O treinador, que cometeu a maior injustiça da carreira do atacante, deixando-o de fora da Copa do Catar. Levou nove atletas e virou as costas ao maior artilheiro entre o Mundial de 2018 e 2023.
Não o queria pela maneira de atuar, que ocupa espaço de atacantes que atuam pelo lado e por meias que infiltram, de surpresa, atrás dos volantes.
E, principalmente, pelo gênio.
Egocêntrico, provocativo com juízes e adversários.
Tite e Gabigol não combinavam em nada.
E ficou a mágoa do atacante por não ir ao Mundial.
Ele planejava fazer da Copa do Mundo um atalho para a volta à Europa, onde fracassou na Inter de Milão e no Benfica.
Viu Tite levar Pedro, seu concorrente na vaga de atacante mais agudo do Flamengo.
A reação foi infantil. Gabigol disse que seu clube já era uma "seleção".
E regeu o pesado coro "Ô Tite, vá se fo.... o Gabigol não precisa de você".
Com o desprezo do treinador, o jogador assumidamente perdeu a motivação, o foco. A vibração intensa desde 2018 desapareceu. Vieram mais festas, mais participação em shows como Lil Gabi, seu apelido como cantor.
O que já estava muito ruim com Vítor Pereira e Jorge Sampaoli se tornou insuportável com a chegada de Tite.
A direção do Flamengo e os líderes do elenco tentaram aproximar os dois.
Mas o rancor prevaleceu.
A atual situação é evidente.
Gabigol não quer trabalhar com Tite e muito menos o treinador quer o atacante.
O jogador virou um mero reserva. E muitas vezes reserva do reserva.
Na despedida de Filipe Luís e Rodrigo Caio, no domingo, no Maracanã, contra o Cuiabá, Tite fez cinco substituições. E colocou o garoto Victor Hugo no lugar do titular Pedro. Gabigol acompanhou a partida do banco de reservas.
O atacante se mostrava completamente descontrolado emocionalmente.
Chorou muito.
Pela aposentadoria de Filipe Luís e pela não renovação de Rodrigo Caio.
O Flamengo gastou R$ 95 milhões para ter Gabigol.
Não é segredo para dirigentes e empresários brasileiros que o atacante está descontente na Gávea. E não quer passar mais uma temporada no Flamengo com Tite o deixando esquecido no banco de reservas. Pelo contrário.
A solução mais óbvia seria a saída de Gabigol.
Mas a direção do Flamengo não quer abrir mão do seu principal ídolo.
Daí o impasse.
Não foi pura bravata quando o presidente eleito, Augusto Melo, disse ontem à rádio Bandeirantes que Gabigol "tem a cara do Corinthians".
Há um sonho de contratar o atacante.
Mas por empréstimo, com o clube pagando o salário do atacante.
Candidatos à eleição no Santos vão pelo mesmo caminho.
Só que o presidente Rodolfo Landim e o vice de futebol, Marcos Braz, com quem o atacante já teve ásperas discussões, não aceitam o puro empréstimo.
Se for para negociar Gabigol só em definitivo.
Para receber, no mínimo, o que pagou.
R$ 95 milhões.
Dinheiro que só os rivais Palmeiras e Atlético Mineiro teriam para pagar pelo atleta.
E o Flamengo não o cederia para esses dois clubes.
A situação é complexa.
Pior é que Tite não tem se mostrado disposto a ajudar.
Ele não atua taticamente com dois definidores.
E sempre que tiver de optar, ficará com Pedro.
O clube alega que Gabigol fará reforço nos adutores das coxas.
A falta desse fortalecimento explicaria o péssimo rendimento do atacante.
A situação está mais do que complicada.
Há duas soluções possíveis e mais viáveis.
A venda de Pedro.
Ou a mais simples, a negociação de Gabigol, já que o clube seguirá fielmente o que Tite pedir para a próxima temporada.
Ou seja: o sonho de Melo é muito difícil de se concretizar.
Mas é possível.
O maior ídolo atual do Flamengo se tornou um problema.
E entre ele e Tite, a direção fica com Tite.
O contrato de Gabigol termina em dezembro de 2024.
A partir de junho, ele pode assinar com outro clube.
E deixar a Gávea em janeiro de 2025, sem render um centavo...
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