Corinthians perdoou Tite, pelos três ‘não’. E ida ao Flamengo. Negocia sua volta. Dorival recuou. Desconfiança é que ele queria o São Paulo
Augusto Mello ficou irritadíssimo com a postura de Dorival Júnior. Primeiro, ele aceitou treinar o Corinthians. Depois recuou. E pediu tempo para pensar. A desconfiança da direção é que ele deseja o São Paulo. A prioridade passou a ser Tite. Negociação acontece
Cosme Rímoli|Do R7

A ‘leitura’ da situação é da cúpula corintiana.
Na quinta-feira, dia 17, o clube demitiu Ramón Díaz, pela manhã.
No mesmo dia, à tarde, entrou em contato com Dorival Júnior.
O ex-técnico da Seleção se mostrou disposto a aceitar, disse sim aos dirigentes.
Tanto que a negociação foi aberta com seu agente Edson Khodor.
Pelo clube paulista, quem tratou foi o executivo Fabinho Soldado.
O estranhamento foi o recuo de Dorival, ele pediu um tempo para pensar, se queria descansar ‘um pouco mais’, porque o desgaste na Seleção havia sido muito forte.
Só que conselheiros ligados ao presidente Augusto Mello se irritaram.
E desconfiaram que o interesse do treinador estava em voltar para o São Paulo, de onde saiu para a Seleção.
Se o clube perdesse ontem o clássico para o Santos, no Morumbi, Luiz Zubeldía tinha enorme chance de ser demitido.
Mello esperou até o domingo, antes do jogo do rival.
E mandou avisar que havia desistido de Dorival, que seguia sem resposta definitiva.
Daí o nome de Tite renascer.
O treinador tem três passagens pelo clube.
Ganhou a primeira Libertadores, o Mundial de Clubes, dois Brasileiros, um Paulista e uma Recopa.
Foi do Parque São Jorge que partiu para a Seleção Brasileira, em junho de 2015.
Saiu menor do que chegou à CBF.
Fracassou em duas Copas do Mundo.
Escancarou sua dependência de Neymar, dando todos os privilégios possíveis ao jogador.
Inclusive táticos.
Fez a inesquecível Dança do Pombo, em uma vitória diante da fraquíssima Coreia do Sul.
Vídeo que foi usado pela Comissão Técnica da Croácia como motivação, na eliminação do Brasil, nas quartas-de-final.

Tite havia garantido que não trabalharia em qualquer clube brasileiro em 2023.
Ficou constrangedor o que disse ao podcast Flow Sport Club.
“Toda equipe brasileira que pensar no Tite como técnico, esquece, ele não vai treinar.
“Pode escrever onde vocês quiserem, me chamem de mentiroso e sem palavra, que não vai ter”
“É um ano que eu preciso ver meu irmão e minha irmã, meu sogro e minha sogra, preciso dar uma respirada.
“Eu sei o quanto é legal, mas também sei o quanto é pressionante para aceitar um convite que fosse feito.”
Sua palavra foi quebrada.
No dia 9 de outubro de 2023 foi anunciado como novo treinador do Flamengo.
Fez um trabalho pífio e acabou demitido no dia 30 de setembro de 2024.
A direção do Corinthians decidiu engolir o orgulho e ir atrás do treinador gaúcho.
Tite havia recusado voltar ao Parque São Jorge por três vezes.
A primeira, quando anunciou que não seguiria na Seleção, depois da Copa de 2022.
E recomendou Fernando Lázaro, analista de desempenho, como treinador.
Depois, assim que terminou o Mundial.
E a terceira foi pouco antes de aceitar o Flamengo, garantindo que no Brasil não trabalharia em 2023.
Os ex-presidentes Duílio Monteiro Alves e Andrés Sanchez ficaram revoltados com o técnico.
Não por preferir a Gávea, mas por garantir que só voltaria a treinar um clube do Exterior em 2023.
Mas Augusto Mello decidiu esquecer essas negativas.
E investir no treinador que está desempregado.
Aos 63 anos, Tite já se conformou: os fracassos com a Seleção impedem que trabalhe na Europa, como sonhava.
Ele quer não só voltar a comandar uma equipe como deixar o filho Matheus encaminhado na sua profissão.
Por isso, não abre mão dele como seu auxiliar.
Situação delicada.

Porque um dos motivos da demissão de Ramón Díaz era o ‘envolvimento acima do normal’ de seu filho Emiliano.
Tanto na formação da equipe, como nas orientações durante os jogos.
Mello não quer o mesmo envolvimento.
A negociação está em um momento decisivo.
E tudo indica que o acordo será fechado nas próximas horas.
Isso se Tite não repetir Dorival Júnior e recuar.
Mas pelo menos já há uma certeza.
O Corinthians perdoou Tite pelos três ‘não’ consecutivos.
Um, inclusive, para ir trabalhar no Flamengo.
Dirigente de futebol é assim.
Não se dá ao direito de cultivar rancor.
Faz de conta que não tem memória...