Primeiro jogo. Primeira derrota. Críticas duras a Mano. Corinthians tomou 19 chutes a gol do São Paulo. Deu 6
Reprodução / Record TVSão Paulo, Brasil
Vanderlei Luxemburgo teve um sábado à noite muito satisfatório.
Não só pelo assédio de Rivaldo, ex-jogador pentacampeão do mundo, que pretende levá-lo ao Santa Cruz, se comprar mesmo o clube pernambucano, ao lado de Ricardo Rocha.
Luxemburgo, que foi demitido, sem dó, do Corinthians, de acordo com amigos, assistiu ao clássico entre seu ex-clube e o São Paulo.
Viu Mano Menezes, que foi trazido às pressas, para dar um "tratamento de choque" no elenco, antes da semifinal da Copa Sul-Americana, na terça-feira (3), contra o Fortaleza, ser o responsável pela montagem do time contra o São Paulo, ontem no Morumbi.
Depois, reformular o time. Dispensando jogadores mais velhos. Situação que já chegou aos ouvidos dos atletas. O que é péssimo antes de uma decisão.
E da caminhada final no Brasileiro, com risco real de rebaixamento.
Mano, sumariamente demitido do Internacional, por montar equipes defensivas, sem potencial ofensivo, tratou de mesclar titulares e reservas.
Para preservar o curto elenco e ter atletas importantes na decisão do Ceará.
Mas a postura do "seu" Corinthians repetiu o mesmo caminho do de Vanderlei.
O do medo.
Suspenso, por cartões amarelos, Mano não pôde ficar no banco.
Seu auxiliar Sidnei Lobo fez o que o treinador mandou.
Colocou uma equipe empolgada, com a chegada do novo chefe, mas sem ambições ofensivas, jogando por contragolpes.
A única mudança que Mano fez foi compactar o time.
Fazer com que a defesa, o meio-campo e o ataque estivessem mais juntos. Mas no seu próprio campo.
Romero marcar, aos 3 minutos, em um chute forte, e surpreendente, de fora da área, foi a senha.
O Corinthians de Mano imediatamente tratou de recuar, se posicionando como uma equipe de pebolim, com quatro zagueiros, cinco na intermediária e um mais à frente.
Criou um muro com o pobre objetivo de só travar o São Paulo.
A equipe de Dorival aceitou tomar as rédeas.
Calleri fez a festa com o recuou medroso do Corinthians. Dois gols no clássico. E vitória do São Paulo
Paulo Pinto/São PauloE o clássico se tornou, como as últimas partidas do Corinthians, um jogo de ataque contra o time do Parque São Jorge se defendendo, como uma equipe pequena.
O São Paulo não precisou nem do fim do primeiro tempo para virar, com dois gols do iluminado Calleri.
Foram 11 arremates a gol do São Paulo contra 3 do Corinthians.
Números típicos de jogos entre grandes e pequenos.
No segundo tempo, ao perceber que o Corinthians não sairia de sua pouca ambição, que parecia ter ido ao Morumbi para "perder de pouco", o São Paulo, que tanto se desgastou, se aplicou para ser campeão da Copa do Brasil, diminuiu o ritmo. Não era necessário se desdobrar para conseguir os três pontos de que precisava.
Aos 11 minutos do segundo tempo, novo motivo para Luxemburgo sorrir.
Renato Augusto, o principal jogador, a grande esperança para o Corinthians reverter as expectativas, e sobreviver contra o Fortaleza, entrou em campo no lugar de Cantillo.
O jogador de 35 anos e que tem um grande histórico de lesões entrou em um jogo de menor importância neste atual momento corintiano.
Vanderlei sabia que seria execrado, massacrado na coletiva se tomasse tal atitude.
E Dorival foi cruel. Fez com que Pablo Maia seguisse o talentoso Renato Augusto até o fim da partida. O que evidenciou ainda mais a fragilidade dos demais jogadores corintianos.
Renato Augusto apenas se desgastou.
O São Paulo venceu sem sustos, sem forçar, o clássico.
Deu 19 arremates a gol, contra apenas 6 do Corinthians!
E conquistou três pontos importantes para ficar mais aliviado na tabela, em décimo lugar, sem a pressão de outra competição. Já ganhou a Copa do Brasil e está classificado para a Libertadores de 2024, na fase de grupos.
O São Paulo poderia ter goleado. Seu domínio do jogo foi completo. O Corinthians de Mano foi decepcionante
Paulo Pinto/São PauloO Corinthians, pelo contrário, está estagnado na 12ª colocação, com a possibilidade de ser ultrapassado hoje pelo Cruzeiro.
O time de Mano está a cinco pontos da zona do rebaixamento.
Tem o Fortaleza, na terça-feira (3), valendo a vida na Copa Sul-Americana.
E depois dois adversários mais que indigestos no Brasileiro.
Flamengo, em Itaquera, e Fluminense, no Rio de Janeiro.
Assim como Luxa, Mano estava abandonado pelo mercado.
Colecionando demissões desde 2019. Cruzeiro, Palmeiras, Bahia, Al-Nassr e Internacional.
Depois do sucesso nas duas primeiras temporadas em Belo Horizonte, são quatro anos de trabalho muito fraco. Fracassos.
Seus clubes perderam a volúpia pelo ataque.
Tornaram-se meros times "reativos", que exploraram contragolpes em velocidade, especialistas em bolas paradas.
O técnico vibrante, criativo, disposto a ganhar o mundo, depois de fracassar na seleção brasileira, mudou. Não foi treinar um grande clube na Europa, como sonhava com seu empresário Carlos Leite.
Pagou para ir embora do Flamengo, não suportando a pressão.
Não serviu para o chinês Shandong.
Foi dispensado pelo próprio Corinthians.
Fez um ótimo trabalho no Cruzeiro entre 2016 e 2018.
E só.
Não se recuperou mais.
Ficou três meses no Palmeiras, só 20 jogos.
Mais três meses no Bahia.
Durou só 16 partidas no Al-Nassr, da Arábia Saudita.
Ficou entre abril de 2022 e julho de 2023 no Internacional, sem um título, só acumulando frustrações e críticas por montar times acovardados taticamente.
Após jurar que não trabalharia com Mano Menezes, Duilio Monteiro Alves teve de passar pelo constrangimento de pedir desculpas pelo que disse.
E que voltou atrás por "circunstâncias". Ou seja, não havia um treinador experiente, que conhecia bem o Corinthians e estivesse desempregado.
Mano era fácil de contratar.
Mas Duilio comprometeu muito dinheiro do Corinthians.
Mano recebe R$ 800 mil mensais. Tem contrato até 2025. A sua multa foi feita de maneira engenhosa. Nos primeiros 15 meses é preciso pagar todos os salários que teria a receber até dezembro de 2024. A partir de 2025, sua multa passa a ser três salários, ou seja, R$ 2,4 milhões.
Aos 61 anos, Mano Menezes se mostra um homem muito diferente do treinador ambicioso que chegou ao Corinthians oito anos atrás.
Ele se mostra traumatizado, amargurado pelos fracassos.
Sua carreira não foi o que esperava.
Dispensado antes da Copa do Mundo, nunca assumiu uma equipe forte europeia, se tornou um dos treinadores em decadência, principalmente na comparação com a nova geração de técnicos portugueses, que invadiu o futebol brasileiro.
De ideias previsíveis.
Sem soluções novas táticas.
Não muito diferente de Luxemburgo.
Bastou o primeiro jogo e Duilio está sendo duramente criticado por conselheiros.
Se era o tratamento de choque que ele e seu mentor, Andrés Sanchez, esperavam com Mano, erraram.
A perspectiva no Corinthians continua muito preocupante.
Não só na semifinal da Copa do Brasil, com o favoritismo do Fortaleza.
Mas na luta pela sobrevivência no Brasileiro.
Luxemburgo tem mesmo motivo para sorrir nesta manhã de domingo.
Está provado que não era só ele o errado no Parque São Jorge.
O fraco, e curto, elenco precisava de outro tipo de treinador.
Não o desgastado Mano Menezes...
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