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Cosme Rímoli - Blogs

Corinthians acaba com a paz de Roger no Palmeiras

Conselheiros e organizada questionam a apatia do treinador. O milionário time sucumbe em jogos importantes. Como o de ontem, no Itaquerão

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

A humilhante embaixada de Romero provocou estragos no Palestra Itália
A humilhante embaixada de Romero provocou estragos no Palestra Itália

"Fora, Roger Machado!

Essa é a posição da Torcida Mancha Alvi Verde.

O nome comandante tem o motivo de ser, de comandar e se responsabilizar por acertos e erros!

Números e estatísticas se perdem quando existem derrotadas vexatória.


Números e estatísticas de nada valem se não tiver títulos.

Números e estatísticas não justificam escalações incoerentes e falta de padrão técnico.


Exigimos a imediata dispensa do treinador. Por ser o comandante, a maior responsabilidade é dele.

Para o ano promissor não acabar apenas como promessa, o momento é agora.


Temos a parada da Copa e tempo suficiente para uma mini pré-temporada para qualquer treinador que vier.

Não adianta salário em dia.

Não adianta elenco rico e favorito.

Não adianta estrutura com centro de treinamento.

Entre olhar e deixar o recado prevalecer, preferimos agir e cobrar uma postura radical e aguardar o resultado.

Não ficaremos apenas apoiando enquanto o treinador e seus comandados estão escrevendo uma história indigna do Palmeiras contra o nosso maior rival.

Diretoria Mancha Alviverde"

A principal torcida do Palmeiras não só demonstrou sua insatistação com Roger Machado na sua página oficial, o que seria uma atitude mais do que justa, aceitável. Os torcedores têm todo o direito de se posionarem.

Não. 

Resolveram partir para o velho hábito.

Esperaram o ônibus que trazia os jogadores de Itaquera. O cercaram quando chegou ao CT da Barra Funda. Xingaram, ameaçaram os jogadores. Atiraram pedras, latas de cerveja.

O principal alvo foi Roger Machado.

Ele percebeu todo o rancor que a expectativa provoca. E isso não é algo novo para o treinador. Foi assim no Grêmio e no Atlético Mineiro, quando acabou demitido, por frustrar dirigentes, imprensa e, principalmente, torcedores com os times que montou e fracassaram.

O treinador já antecipou o que aconteceria.

"Por favor, a gente não pode amanhã, nos programas esportivos, jogar o Palmeiras para baixo novamente em função de ter perdido o clássico, que a gente queria muito vencer, nesse reencontro do Paulista. Não tem nada de errado, perdemos para um grande adversário que foi competente em sua forma de jogar", pediu o técnico na coletiva.

Só que é impossível convencer os membros das organizadas e mesmo já para alguns conselheiros influentes, que não há nada de errado perder pela terceira vez para o Corinthians em 2018. O principal rival segue enrolado econômicamente com seu estádio de R$ 2 bilhões. Enquanto o Palmeiras vive seu maior apogeu econômico da história. Nem nos tempos da Parmalat foi assim.

A multinacional, que depois teria vários membros presos por lavagem de dinheiro na Itália, comprava jogadores e os expunha. Não investia na infraestrutura do clube, nem olhava a sério para o obsoleto Parque Antártica.

A angústia de Roger Machado
A angústia de Roger Machado

Agora, não. É dinheiro de todos os lados. Há o maior patrocínio da América Latina, foi montada uma seleção com os atletas que atuam no país, mais Guerra e Borja, os destaques principais da Libertadores de 2016. Lucas Lima, Diogo Barbosa e Marcos Rocha chegaram para preencher lacunas importantes. A folha salarial, também maior do continente, R$ 14 milhões, não atrasa.

Roger já está há cinco meses no comando do Palmeiras. Fez a melhor campanha, mas perdeu o título paulista para o Corinthians. Na Libertadores está a uma vitória da trajetória mais vitoriosa na fase dos grupos. Na Copa do Brasil já venceu o América Mineiro, em Belo Horizonte,precisa apenas de um empate em casa para se classificar para as quartas de final.

No Brasileiro, competição que a diretoria exige o título, por conta do melhor elenco, é o quinto colocado, depois da derrota de ontem. Nos cinco primeiros jogos não houve a sonhada arrancada. Foram só duas vitórias, dois empates e um percalço, justo diante do Corinthians.

Mauricio Galiotte saiu decepcionado ontem do Itaquerão. Depois de toda a luta pessoal que está envolvido para tentar anular a final do Campeonato Paulista, ele esperava uma vitória importante ontem. Para não deixar dúvidas que o Palmeiras é a melhor equipe de São Paulo e que só não foi campeã devido à interferência externa.

Só que acompanhou de perto a superioridade corintiana. A maior vibração dos rivais, mais modestos na teoria. Viu os caríssimos Lucas Lima, Dudu e Borja completamente entregues à marcação adversária. 

E o que mais incomodou aos torcedores e, mesmo aos dirigentes, foi a falta de atitude do time diante do humilhante controle de bola com a cabeça do paraguaio Romero. Ele é vivido. Fez para provocar, para desestabilizar os palmeirenses. Ele não foi sequer cobrado de verdade. Apenas Edu Dracena e Bruno Henrique o xingaram de longe. 

Não foi cobrado de verdade pela humilhação.

"Não vi desrespeito, talvez a bola tenha quicado mais alta e ele tentou controlar na cabeça. Vamos deixar isso de lado", pedia Roger Machado na coletiva. Sua postura foi muito criticada não só por torcedores. Ele é o comandante do Palmeiras, deveria ter uma atitude mais enérgica. E não tentar disfarçar a realidade. O atacante corintiano quis e ironizou o rival com as embaixadinhas.

Romero saiu ovacionado no Itaquerão.

Tirou foto com Edílson, que fez embaixadinhas na final do Paulista de 1999. Elas provocaram uma briga generalizada. A provocação de Romero não teve maiores consequências.

A 'apatia' do time diante da derrota e da humilhação é creditada à postura de Roger Machado. 

Ele se defende. Não tem o sangue quente de Felipão. Não quer saber de briga. E, ao contrário do que Galiotte esperava, o técnico repetiu inúmeras vezes na preparação do time para o clássico, que não queria vingança da perda do Paulisa. Acabou por perturbar psicologicamente seus jogadores, que acabaram travados, sem a vibração que se esperava do Palmeiras.

Roger acredita que calará os críticos e a própria organizada palmeirense com uma vitória na quarta-feira, contra o fraco Junior Barranquilla e a classificação em primeiro lugar geral na fase de grupos da Libertadores. Depois, outras duas vitórias contra os frágeis Bahia, pelo Brasileiro e diante do América Mineiro, na Copa do Brasil.

Romero foi saudado como Edílson em 1999. Só que embaixada acabou em briga
Romero foi saudado como Edílson em 1999. Só que embaixada acabou em briga

Só que para os membros da principal organizada e mesmo para alguns conselheiros importantes, não há perdão. As decepções nos jogos realmente importantes de 2018 estão se repetindo. E tudo o que eles não querem é a repetição de 2017, quando todos os títulos escaparam. 

E como se não bastassem as derrotas, veio a humilhação de Romero.

Muitos acreditam que, se Felipe Melo estivesse em campo, a provocação do paraguaio não passaria sem resposta. Mas pessoas importantes no Palmeiras acreditam que deveria ser o treinador a dar a resposta. Não aceitar o desrespeito.

A Mancha Verde promete.

Os protestos prosseguirão.

Ela quer outro treinador comandando o clube.

Mesmo que o mercado esteja escasso.

Lideranças insistem que, se há dinheiro, que seja contratado alguém empregado.

Roger segue tendo como principal escudo Alexandre Mattos.

O que não é certeza de permanência no cargo.

O executivo também tentou proteger Eduardo Baptista em 2017 e não conseguiu. Cuca acabou voltando.

Embaixadinha em 1999 não acabou bem. Felipão concordou com reação do time
Embaixadinha em 1999 não acabou bem. Felipão concordou com reação do time

Galiotte saiu muito decepcionado do Itaquerão.

Mas promete dar apoio ao técnico, não o demitir agora como quer a organizada.

Só que o crédito, a confiança estão diminuindo.

Não adianta vencer partidas e mais partidas, se nas decisivas, o time fracassa.

Roger está deixando de ser unanimidade.

Não por causa da violenta reação da torcida.

Mas da apatia, da falta de rumo do Palmeiras, em jogos importantes.

Principalmente contra o grande rival histórico.

O Corinthians não só ganhou, desrespeitou.

Mas abalou o Palestra Itália...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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