Condenação por estupro fez Robinho ir para fraco clube turco
Protestos fecharam portas dos times brasileiros
Cosme Rímoli|Cosme Rímoli
O Sivasspor, clube fraco, que nunca foi campeão turco, nos 51 anos de sua história. Pelo contrário, até. Viveu até mais na Segunda Divisão do que na principal divisão do país.
Esta foi a saída para Robinho.
O jogador que, em 2005, deixava o Brasil, jurando que seria o melhor do mundo, tem as portas fechadas até no futebol nacional.
Há três dias de completar 34 anos, ele se viu sem saída. A não ser buscar o Sivasspor, oitavo colocado no atual Campeonato Turco, um dos mais fracos da Europa.
Não bastasse a idade elevada e obsessão por receber, no mínimo, R$ 800 mil livres, o jogador viu a condenação de nove anos de prisão, por estupro, na Itália, trava as diretorias das equipes brasileiras que pensavam contratá-lo.
Dorival Júnior insistia com Raí que o São Paulo seria o lugar perfeito para a redenção de Robinho. O time precisa desesperadamente de um jogador velocista com talento. Para o baixo nível do futebol brasileiro, o veterano atacante ainda seria muito útil. Ricardo Rocha também era favorável à contratação.
Só que conselheiros no Morumbi não concordavam com a vinda do jogador. E mesmo membros do Conselho de Administração, que assessora Leco. O inseguro presidente do São Paulo não queria o clube, que vem lutando nos últimos anos para não ser rebaixado, envolvido em confusão. Além da esportiva, a sombra da condenação por estupro na Itália.
Membros influentes do Departamento Jurídico foram claros. Recomendaram que Leco não fizesse a contratação. E Raí teve de dizer a Dorival que Robinho não jogaria no São Paulo.
No refúgio natural do 'rei das pedadalas', a história não foi diferente. A rejeição foi até mais forte. Até porque a cidade de Santos é muito mais provinciana do que São Paulo. A movimentação das 'Feministas do Galo', que espalharam faixas em Belo Horizonte, protestando contra a presença de um 'condenado por estupro' no Atlético Mineiro, refletiu na Vila Belmiro.
O técnico Jair Ventura havia se animado com a possibilidade de ter o jogador. Só que o novo presidente, José Carlos Peres, se viu diante da mesma situação que Leco. Conselheiros e companheiros de diretoria o alertaram de mais um grave problema. O Santos priorizará a Libertadores em 2018.
A Constituição brasileira não permite a extradição de brasileiro nato. No país, ele ficaria tranquilo. A condenação foi feita na primeira instância na Itália. Ainda cabe recurso. Mas se a sentença for confirmada, o que pode ocorrer este ano, ele não poderia sair do país, com o risco de ser preso e enviado para a Itália.
Peres pensou em uma cláusula que anularia o contrato automaticamente, caso a sentença fosse confirmada. Sem a obrigação de o clube manter os seus salários.
Mesmo assim, Peres seguia pressionado para não trazer o jogador de volta. Sabia que teria as associações feministas paulistas contra a atitude.
Robinho esperava apoio total no Santos. Quando seus representantes o avisaram que não teria, empresários começaram a oferecê-lo a mercados periféricos. E fora do Brasil.
O jogador foi convencido que não será preso. Será considerado inocente no recurso que tentará barrar a condenação de nove anos de prisão na Itália.
E como uma demonstração que não tem medo, acertou com os turcos.
Estará em Sivas, cidade que fica no centro da Turquia, distante 910 quilômetros de Instambul. Caso ele feche o contrato, ele será o jogador mais consagrado a vestir a camisa do Sivasspor. A relação do clube com o futebol brasileiro existe. O ex-lateral do São Paulo, Cicinho, atuou por lá. O clube já foi treinado por Roberto Carlos, ex-lateral da Seleção Brasileira.
A notícia que Robinho se acertou com o futebol turco não provocou tristeza, depressão.
Tanto no Morumbi como na Vila Belmiro.
Pelo contrário.
Trouxe alívio.
Santos e São Paulo já têm problemas demais.
Feministas protestando contra um condenado por estupro era dispensável. E só deixaria a temporada muito mais difícil do que ela já se anuncia.
Magoado, Robinho não quer saber de entrevistas.
Não esperava a rejeição do futebol brasileiro.
Principalmente do Santos Futebol Clube...
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