Denilson foi jogar no Palmeiras, grande rival do São Paulo, que lhe virou as costas
PalmeirasSão Paulo, Brasil
Pentacampeão do mundo.
E cria do clube, a ponto de ter morado nas arquibancadas do Morumbi quando era menino. Tendo a companhia de várias promessas tricolores, como Rogério Ceni.
16 anos não foram suficientes para desfazer a imensa mágoa que sente pelo São Paulo Futebol Clube.
E o amor que descobriu pelo grande rival Palmeiras.
Em entrevista exclusiva ao canal do Cosme Rímoli, Denilson detalhou com toda a tristeza o que viveu no clube que era dono do seu coração.
"Era lógico que eu voltaria da Europa ao São Paulo, ao clube que me lançou para o mundo. Com quem tinha uma ligação profunda de carinho, vontade de retribuir tudo o que fez por mim.
"Até porque eu acredito ter ajudado o clube, com a minha venda. [Os 32 milhões de dólares em 2007, recebidos pelo São Paulo com a ida do jogador para o Betis, convertidos para 2023, chegam perto de R$ 200 milhões. Foi a negociação mais alta do futebol mundial na época. Com o dinheiro, o São Paulo reformou o Morumbi. E equilibrou suas finanças.] Nunca esperaria o que aconteceu.
"Eu não estava contundido, queria manter a minha forma física no clube. Estava voltando do Al-Nassr, da Arábia, em 2007. Fui ao clube que acreditava ser minha casa. E pedi para treinar, nada mais do que isso.
"No primeiro dia, tudo bem. Fui muito bem recebido pelos jogadores. Encontrei o Muricy [que era o treinador na época]. E ele já me perguntou: 'Veio ajudar a gente aí?'. Estava muito feliz.
"Mas, no segundo dia, de repente chega o (Ricardo) Sassaki, todo sem graça. E me diz que o diretor de futebol na época, João Paulo de Jesus Lopes, queria falar comigo sobre continuar treinando no São Paulo.
"Fui para a sala dele, perguntei se poderia continuar treinando fisicamente no clube e ele me disse 'não'. Eu nem retruquei ou implorei. Apenas virei as costas e fui embora. Mas lógico que aquilo me doeu muito.
"Eu não queria acreditar no que havia acontecido. Estava muito magoado, muito mesmo. Foi quando o advogado Breno Tanuri, que é meu amigo, me ligou. E eu disse o que havia acontecido. Ele desligou me mandando esperar.
"Ele ligou em seguida e disse que o Toninho Cecílio, que na época era coordenador de futebol do Palmeiras, me autorizava a treinar no clube.
"Palmeiras, meu? Os caras do São Paulo vão me matar. Sempre foi o nosso grande rival. E o Breno respondeu: 'Você vai ficar chorando pelo São Paulo, depois do que eles fizeram com você?'. Ele tinha razão.
"Fui para o CT do Palmeiras, no dia seguinte. Cheguei com o coração na mão. Mal cheguei, o Toninho me deu o maior apoio. Falei que treinaria em outro período, não queria atrapalhar ninguém. Ele respondeu 'de jeito nenhum'. E passei a treinar com os jogadores, que me acolheram com muita amizade, carinho.
"O que o Palmeiras fez comigo foi inesquecível. Com um jogador que era do grande rival. E justo o que tinha o meu marcador mais duro, que mais 'chegava junto', o Galeano.
"Fiquei muito orgulhoso de ter terminado a minha carreira no Brasil no Palmeiras.
"Passei anos sem pisar no São Paulo. Hoje, a situação melhorou.
"Mas, eu não tenho dúvida em falar, quando me perguntam se sou palmeirense ou são-paulino.
"Torço pelos dois, de verdade.
"Tenho muito respeito, gratidão pelo clube que nasci, que me lançou para o mundo. Me deu abertura para conquistar tudo o que conquistei. Porém, a tristeza que senti com aquele 'não', nunca vai passar.
"Mas meu coração também é do Palmeiras, clube que me ajudou na hora mais dolorida, mais difícil para mim como jogador. Que eu sempre vi como rival. E me deu todo o respeito e carinho que eu jamais pensei que fosse receber.
"Joguei um ano no Palmeiras, ganhamos o Paulista.
"Parece que foram dez anos. Sou tratado como um grande ídolo.
"Como não posso não gostar desse clube?"
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