Com pênalti decisivo do pior em campo, Brasil elimina Paraguai
Gabriel Jesus, o mais fraco jogador na arena gremista, saiu como herói. Depois do 0 a 0, com o Paraguai com dez por 44 minutos, Brasil semifinalista
Cosme Rímoli|Do R7
Porto Alegre, Brasil
Arena do Grêmio
O Brasil ficou 44 minutos com um jogador a mais que o Paraguai. Balbuena foi expulso aos 8 minutos do segundo tempo. Mas houve sete minutos de prorrogação.
E o time não conseguiu marcar um gol sequer no encurralado Paraguai.
O 0 a 0 levou para os pênaltis.
Era vida ou morte para o time de Tite.
O Brasil tinha de conviver com o fantasma de 2011 e 2015, quando foi eliminado pelos paraguaios nas Copas América nas penalidades.
O sofrimento continuou.
Com direito a Roberto Firmino cobrar seu pênalti para fora, o Brasil venceu por 4 a 3.
Tite resgatou ainda Gabriel Jesus, deixou a última cobrança para o jogador que vive uma péssima fase.
Foi o pior jogador da Seleção hoje, aqui, em Porto Alegre.
Está na semifinal da Copa América de forma dramática.
Enfrentará, em Belo Horizonte, o vencedor de Argentina e Venezuela.
O argentino Eduardo Berizzo sabia ter um time mais fraco individualmente que o Brasil. Optou pelo previsível 4-5-1, com duas linhas fechando a armação de jogadas da equipe de Tite.
Mas ele sabia ser suícidio manter o Paraguai sem tentar contragolpear em bloco e em velocidade.
E foi o que tratou de fazer.
Tite demonstrou estar muito preocupado com seu primeiro jogo eliminatório desta Copa América. Embora tivesse dois volantes de boa saída de bola, ele prendeu Allan, o travou na frente de Marquinhos e Thiago Silva.
Deixou apenas para o nervoso Arthur tentar ajudar Phillipe Coutinho na articulação das jogadas. Como em um time de pebolim, Gabriel Jesus foi escalado na ponta direita, Roberto Firmino como centroavante e Éverton Cebolinha na esquerda.
Só que é cada vez mais evidente que Gabriel Jesus não tem cacoete para jogar como ponta direita fixo. Ele gosta de cair pelo setor, saindo do meio, não parado. Talvez desse certo com um tal de Garrincha. Nao com o atacante do Manchester City.
Gabriel Jesus foi complicando lances simples, desperdiçando ataques seguidos. Aos 36 anos, Daniel Alves já não tem o mesmo potencial físico. Não conseguia chegar a tempo de tentar as obrigatórias triangulações.
Pelo lado esquerdo, Filipe Luís mostrava que é marcador e não apoiador. Éverton Cebolinha acabava abafado pela firme defesa paraguaia.
Ou seja, o Brasil chegou a ter 68% de bola nos primeiros 45 minutos, mas faltou penetração, coragem de chutar de fora da área. Também contribuia muito o péssimo estado do gramado da arena gremista.
O Paraguai buscava as bolas longas por trás da zaga brasileira. Lances previsíveis, mas que deu certo uma vez. Arzamendia cruzou a bola passou por cima de Marquinhos e Thiago Silva. Chegou limpa no peito de Derlis González. O chute saiu forte, Alisson faz grande defesa.
O lance, aos 28 minutos, deixou o Brasil ainda mais inseguro.
A tensão dominava a arena gremista.
Tite ainda piorou as coisas.
Inverteu Gabriel Jesus, que nada produzia, com Éverton Cebolinha. O atacante do Manchester City seguiu mal. E piorou o futebol do gremista.
A única chance real foi de Phillipe Coutinho, que, em uma rara falha da marcação paraguaia chutou fraco, em cima de Gatito, aos 39 minutos.
Foi muito pouco.
No segundo tempo, Tite trocou o improdutivo Filipe Luís por Alex Sandro. Não tinha cabimento seguir deixando Éverton Cebolinha contra dois, três paraguaios.
E aos oito minutos, em um momento de desatenção da intermediária paraguaia, Firmino recebia livre na entrada da grande área. Balbuena o derrubou. Foi corretamente expulso.
O Paraguai não tinha outra coisa a não ser recuar suas duas linhas. Sem nenhum atacante sequer. E tentar levar a partida para o pênaltis.
Foi quando o Brasil partiu para de vez para a frente.
Tite fez o que não gosta.
Tirou um volante, Allan, e colocou o um meia-atacante, Willian.
A ordem era pressiorar, encurralar os paraguaios.
Mas o time seguia sem arrematar.
Tite tirou o cansado Daniel Alves, colocou Paquetá.
Quem levava mais perigo era Willian, ele sabia bem atacar pela direita. E estava em uma noite inspirada. Levou vantagem na maioria das jogadas. E ainda acertou a trave de Gatito, depois de tabelar com Firmino, em um chute cruzado de esquerda, aos 45 minutos.
O Paraguai seguiu se defendendo, com todos seus jogadores, o Brasil massacrou, mas não conseguiu marcar.
Viria as temíveis penalidades.
E o fantasma de 2011 e 2015, quando os paraguaios eliminaram os brasileiros nos pênaltis.
Só que desta vez foi diferente.
Gustavo Gómez começou cobrando no canto esquerdo. Alisson defendeu com convicção. Willian bateu muito bem, deslocando Gatito: 1 a 0.
Almirón também desloca Alisson; 1 a 1. Gatito acerta o canto esquerdo, na cobrança de Marquinhos, mas a bola entra. 2 a 1.
Valdez bateu forte sem chance para Alisson, 2 a 2. Phillipe Coutinho bateu no canto direito de Gatito, que esperou até o último segundo, mas não conseguiu espalmar. 3 a 2.
Rodrigo Rojas deu uma bomba no canto direito, no alto. Alisson nada pôde fazer. 3 a 3.
Roberto Firmino cobrou mal, para fora, longe do canto direito, que buscou.
A arena gremista tremeu.
Mas Derlis González perdeu a oportunidade de colocar o Paraguai em vantagem. Bateu também para fora.
E foi aí que o pior jogador em campo saiu festejado.
Gabriel Jesus teve muito sangue frio.
Cobrou o pênalti como gosta.
Com paradinha e deslocou Gatito.
O Brasil exorcizou o fantasma das eliminações por pênaltis para o Paraguai.
Vitória por 4 a 3.
Mas o time precisa melhorar muito se quiser vencer a Copa América.
A emoção da vitória não pode superar a racionalidade.
O time ficou com um a mais por 44 minutos.
E não marcou um gol sequer.
Isso é muito grave...
Veja as melhores imagens da vitória do Brasil sobre o Paraguai nos pênaltis
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