Com medo, mas sem dinheiro, clubes se reúnem pelo Paulista
Propostas. Volta, em maio, com portões fechados. Jogos no Interior, longe da capital. Descanso de 48 horas. Palmeiras só joga com fim de quarentena
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Restam seis rodadas.
Duas da fase de classificação.
Uma para as quartas-de-final.
A semifinal consumirá outra.
E as finais, duas.
Mas desde o dia 16 de março, quando o Campeonato Paulista foi interrompido, por conta da pandemia, a Federação Paulista de Futebol não consegue definir como terminará o torneio de 2020.
A melhor maneira de relatar a situação é explicá-la em tópicos didáticos.
A primeira decisão: os Estaduais continuam.
A ideia mais simples seria anular os Estaduais de 2020, sem declarar nenhum clube campeão. E repetir as classificações de 2019.
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Mas os presidentes das Federações, liderados pelo paulista Reinaldo Carneiro Bastos, e pelo carioca Rubens Lopes, exigiram da CBF a sequência dos Estaduais.
Pelo simples motivo que são as grandes fontes de renda das Federações, que garantem Rogério Caboclo como presidente da CBF.
Ou seja, o Paulista de 2020 vai continuar, antes do início do Brasileiro.
Quando? A princípio, no final deste mês ou no princípio de maio...
Na reunião virtual, por teleconferência, os representantes dos 16 clubes definirão sua postura.
Os jogadores, em férias, deverão voltar, na sua maioria, no dia 20, na próxima semana.
Até lá, a FPF acredita que o Ministério da Saúde liberará os clubes a treinarem, seguindo o protocolo médico determinado pela CBF. Depois que todos os jogadores fizerem exames para verificar e comprovar que não estão infectados pelo coronavírus, poderão treinar em pequenos grupos, correrem, se exercitarem.
Como o Bayern de Munique já fez na semana passada.
Depois de uma semana ou dez dias de treinamentos, começariam os jogos.
Os clubes também querem o mais rápido possível.
Para voltarem a receber da Globo pelo campeonato.
E também cumprir seus acordos com patrocinadores, e mostrarem seus logotipos nos uniformes.
Desde que a Fifa permitir, o que parece quase impossível.
A esperança é o Ministério da Saúde ignorar as determinações da Organização Mundial da Saúde.
Fórmula de disputa.
Maior questionamento...
Dirigentes da FPF e de clubes já estão se articulando para apresentarem fórmulas na reunião de quarta-feira.
São várias que vazaram para a imprensa.
A primeira é manter a sequência de jogos, com seis rodadas, mas com intervalo de 48 horas, como já foi proposto pelo Sindicato Nacional de Atletas Profissionais.
Os treinadores de clubes grandes acreditam ser temerária a ideia.
Exigem as 66 horas tradicionais de descanso.
Com 58 ou 66 horas, a estrutura das seis rodadas não seria alterada.
A segunda é escolher uma região de São Paulo com baixa incidência de coronavírus.
E levar as 16 equipes para lá.
Todas cumpririam seus jogos, com portões fechados.
Até a decisão do título.
Mas há vários inconvenientes nesta 'Copa do Mundo caipira".

O primeiro é o deslocamento e local de treinamento. Principalmente para Palmeiras, São Paulo e Santos, se a Libertadores também voltar.
A ansiedade por dinheiro é tanta que clubes sonham com liberação de parte do público, com as pessoas separadas por um metro, para ter arrecadação.
A terceira sugestão exigiria o suicídio do Corinthians.
Em vez de quatro rodadas até o título, haveria apenas quatro. A das quartas, a semifinal e as duas da final.
As duas rodadas de classificação não existiriam.
Se isso acontecer, o Corinthians estaria eliminado do Paulista, por ser terceiro colocado, atrás de Bragantino e Guarani.
Situação que a cúpula corintiana não aceita.
Obstáculos.
O primeiro é a Fifa. Se a entidade não liberar jogos até que a OMS considere não haver riscos, as partidas não acontecerão.
A entidade se mostra muito reticente quanto à volta do futebol nas próximas semanas.
O segundo, risco de processos.
Se jogadores ou treinadores forem infectados na disputa do restante do Paulista, sem a liberação da OMS, advogados acreditam que cabe ao atleta ou treinador processar quem o obrigou a disputar as partidas.
Até mesmo árbitros poderiam procurar a justiça desportiva, caso fiquem doentes.
Na convocação para a reunião de quarta-feira, a FPF informa que a volta do futebol se "dará no momento adequado, de acordo com todos os prazos e protocolos determinados pelas autoridades de saúde estadual e federal".
Não cita a Organização Mundial de Saúde.
O terceiro, medo. Em quarentena, atletas, treinadores e dirigentes têm mostrado muita preocupação com o coronavírus. São mais de 1,8 milhão de casos no mundo. Com 114 mil mortos.
Querem as partidas, mas a grande maioria se mostra muito tensa nas redes sociais. Deseja a certeza de que a volta aos jogos, mesmo com portões fechados, não é arriscada.

Principal motivação, dinheiro.
Os clubes estão pressionados por seus patrocinadores. Jogadores estão tendo seus salários diminuídos. A Globo parou de pagar sua parcela mensal do Paulista. Parou também de chegar aos cofres a arrecadação. Vale lembrar ainda a premiação da FPF por classificação às quartas, às semis, às finais e ao título.
Mas a emissora, dona do monopólio do futebol no país, quer também a volta das partidas. Para agradar seus patrocinadores.
Clube contrário a retorno imediato: Palmeiras.
A diretoria que esteve rompida com a FPF por mais de um ano, já avisa. Não aceita jogar no Interior. Quer a tabela mantida.
E mais: não deseja jogar enquanto São Paulo estiver vivendo sua quarentena. Só entrará em campo com a liberação de todas as autoridades médicas. Quando houver a certeza que não haverá risco.
O Palmeiras vai contra a maioria dos outros 15 clubes, que sonham com o retorno do futebol o mais rápido possível. Apesar da quarentena.
A reunião às 15 horas será muito tensa.
E a FPF não vai impor a volta do futebol de forma tão fácil durante a pandemia.
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